'MUSEU DAS MORDOMIAS'

 

Utilização do local por antecessores foi muito criticada pelo governador Romeu Zema

Depois de cinco meses à frente do Executivo do Estado, tudo indica que o governador Romeu Zema (Novo) vai conseguir uma função para o Palácio das Mangabeiras. A residência oficial do chefe de governo de Minas Gerais deve ser transformada em espaço para eventos culturais nos próximos meses. E um dos cotados para inaugurar a nova função do espaço é a CASACOR, mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo, que completa, na capital mineira, 25 anos em 2019.

Durante todo o período eleitoral, Zema declarou, por diversas vezes, que não usaria o local para morar e que tornaria a residência oficial do governador no “museu das mordomias”. O objetivo de tal iniciativa, segundo o governador, seria mostrar para os mineiros benefícios a que seus antecessores tinham direito utilizando-se de recurso público, mesmo o Estado não tendo dinheiro para pagar os servidores em dia.

Segundo interlocutores ligados tanto à organização do evento quanto ao Executivo, existe a vontade dos dois lados, mas a burocracia pode acabar impedindo que a mostra seja realizada no Palácio. “A nossa vontade era fazer a CASACOR lá. Achamos o local muito apropriado para o conceito da mostra. Acredito que seria uma forma de fazer uma homenagem ao Palácio, fazer com que as pessoas tenham acesso a ele. Nós só damos valor àquilo que conhecemos, e essa seria uma oportunidade de a população conhecer uma de suas riquezas”, disse uma fonte da mostra que preferiu não se identificar.

No entanto, ele explicou que, por causa das burocracias exigidas pelo governo para a conclusão do acordo, pode ser que o projeto tenha que mudar de lugar. “Temos que inaugurar a CASACOR em agosto e, para isso, precisamos dar início logo à montagem da mostra. Isso leva tempo, não podemos esperar mais. Caso as tratativas não sejam concluídas até o final da próxima semana, fica inviável para nós”, afirmou. 

Aluguel

Os interlocutores das duas partes disseram que, caso a CASACOR seja no Palácio das Mangabeiras, o pagamento do aluguel para o Executivo será destinado a benfeitorias na estrutura do local. “A ideia é reformar o Palácio e deixá-lo pronto para receber outros eventos”, explicou a fonte ligada ao governo. O interlocutor do Executivo afirmou que o órgão responsável pelo Palácio é o Gabinete Militar do Governador (GMG), e essa é a parte mais difícil.

De acordo com ele, o gabinete não está convencido de que essa seja uma boa ideia. “Ao contrário da Secretaria de Estado de Cultura, que é a maior incentivadora desse projeto, o Gabinete Militar entende que é melhor não receber o evento no Palácio das Mangabeiras”, contou.

Para a reportagem de O TEMPO, o Gabinete Militar confirmou que está em tratativas com a produção da CASACOR e que, se porventura, o acordo não for concluído, outros eventos podem vir a ser realizados no local. Quanto ao preço da locação do Palácio e a forma de pagamento, o Gabinete Militar declarou que o local “ainda não foi locado e que sua destinação ainda está em fase de tratativas”. 

O órgão afirmou que não há nenhuma legislação que impeça a utilização do local para os fins pretendidos pelo Executivo e explicou que o Decreto 46.983/2016 classifica o local como área de segurança por ser residência oficial, mas, caso a finalidade seja alterada, a área será desafetada. Sobre a liberação do Corpo de Bombeiros para a utilização do Palácio como área de eventos, o Gabinete ainda afirmou que atualmente a classificação do Mangabeiras é para uso residencial e, por isso, dispensa o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).