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Assentados no passeio que divide os canteiros da praça, a faxineira Lucilene Fernandes Meireles, 48, moradora da zona rural de Conselheiro Lafaiete, na região Central, e o filho dela, José Augusto Fernandes Meireles, 13, esperam ansiosos pelo retorno para casa, previsto para as 15h. “A consulta foi às 7h30. Agora é esperar”, disse.
O adolescente se recupera de uma cirurgia no coração, e a mãe o acompanha às frequentes idas ao médico. “O ruim é não ter banheiro nem comida direito. A gente fica só na má alimentação. Às vezes, a pressão dele cai e ele passa mal”, contou.
A rotina da família é a mesma da maioria dos mineiros que utilizam os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na capital. Segundo a Secretária Municipal de Saúde (SMSA), os pacientes do interior representam cerca de 65% da demanda dos serviços fornecidos, tais como internações de urgência, consultas e procedimentos ambulatoriais, vacinação, Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), Serviço Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), farmácia etc.
Descaso
A filha caçula da dona de casa Cristiane Alves do Carmo, 37, adormeceu nos braços da mãe logo após a consulta com o imunologista, agendada para as 9h. A moradora de Carmo do Cajuru, no Centro-Oeste de Minas Gerais, mesmo sentindo o peso da criança no colo, ainda não tinha ideia da hora de que voltaria para casa “só uma vez que a gente voltou cedo, quase sempre é por volta das 18h”, conta. Ao lado do marido e da outra filha, Cristiane contou que precisou deixar parte da família para trás. “Não tínhamos com quem deixar nossa filha de 4 anos. Mas o meu de 9 e o de 16 estão lá”, disse.
Sensação de abandono
O passar dos anos tem feito com que o aposentado Saulo Teles de Toledo, 70, frequente cada vez mais os hospitais de Belo Horizonte. “Já operei de catarata e coloquei uma prótese no joelho, tenho que voltar sempre para fazer a revisão”, contou.
Sem um assento confortável para aguardar o retorno para casa, ele conta que, às vezes, estende folhas de jornais no chão e dorme enquanto o tempo passa. “Até trago uma cobertinha. Mas é ruim, as pessoas passam e me olham como se eu fosse um coitado. Eu me sinto diminuído, me sinto humilhado”, desabafou.
Falta de verba afeta casas de apoio
Sem dinheiro para fornecer melhorias no acolhimento da população que vem a Belo Horizonte para tratamentos médicos, muitos municípios não conseguem manter moradia de apoio fixa na capital.
Foi esse o motivo que o secretário municipal de Saúde de Buenópolis, Valdick Calixto, deu para explicar a situação dos moradores encontrados na praça Hugo Werneck pela reportagem. Segundo Calixto, além do transporte para a população, em alguns casos específicos, são oferecidas moradia e alimentação em uma casa de acolhida com que a prefeitura tem parceria. De acordo com o secretário, a falta de repasses do governo estadual inviabiliza a criação de uma moradia de apoio em Belo Horizonte.
A reportagem não conseguiu contato com as prefeituras de Carmo do Cajuru e Conselheiro Lafaiete.
Referência
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Belo Horizonte é referência para cerca de 766 municípios de Minas Gerais para a realização de procedimentos de média e alta complexidade (como neurocirurgia, oncologia e cirurgia cardiovascular e ortopedia, consultas e exames especializados).
Abrigos na capital buscam dar acolhimento para pacientes
Para tirar seus moradores da “praça das ambulâncias”, a Prefeitura de Lagoa da Prata, no Centro-Oeste do Estado, criou, em 2015, uma casa para acolher os pacientes em tratamento na capital.
O abrigo é um dos vários espalhados pela cidade, mantidos pelos municípios de origem, que oferecem aos pacientes e seus acompanhantes alimentação e banheiro, além de dormitórios para os que precisam de hospedagem.
Recentemente, a Prefeitura de Mariana, na região Central do Estado, também inaugurou um abrigo na capital para receber os moradores em tratamento médico. São 70 vagas no lar.
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Assentados no passeio que divide os canteiros da praça, a faxineira Lucilene Fernandes Meireles, 48, moradora da zona rural de Conselheiro Lafaiete, na região Central, e o filho dela, José Augusto Fernandes Meireles, 13, esperam ansiosos pelo retorno para casa, previsto para as 15h. “A consulta foi às 7h30. Agora é esperar”, disse.
O adolescente se recupera de uma cirurgia no coração, e a mãe o acompanha às frequentes idas ao médico. “O ruim é não ter banheiro nem comida direito. A gente fica só na má alimentação. Às vezes, a pressão dele cai e ele passa mal”, contou.
A rotina da família é a mesma da maioria dos mineiros que utilizam os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na capital. Segundo a Secretária Municipal de Saúde (SMSA), os pacientes do interior representam cerca de 65% da demanda dos serviços fornecidos, tais como internações de urgência, consultas e procedimentos ambulatoriais, vacinação, Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), Serviço Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), farmácia etc.
Descaso
A filha caçula da dona de casa Cristiane Alves do Carmo, 37, adormeceu nos braços da mãe logo após a consulta com o imunologista, agendada para as 9h. A moradora de Carmo do Cajuru, no Centro-Oeste de Minas Gerais, mesmo sentindo o peso da criança no colo, ainda não tinha ideia da hora de que voltaria para casa “só uma vez que a gente voltou cedo, quase sempre é por volta das 18h”, conta. Ao lado do marido e da outra filha, Cristiane contou que precisou deixar parte da família para trás. “Não tínhamos com quem deixar nossa filha de 4 anos. Mas o meu de 9 e o de 16 estão lá”, disse.
Sensação de abandono
O passar dos anos tem feito com que o aposentado Saulo Teles de Toledo, 70, frequente cada vez mais os hospitais de Belo Horizonte. “Já operei de catarata e coloquei uma prótese no joelho, tenho que voltar sempre para fazer a revisão”, contou.
Sem um assento confortável para aguardar o retorno para casa, ele conta que, às vezes, estende folhas de jornais no chão e dorme enquanto o tempo passa. “Até trago uma cobertinha. Mas é ruim, as pessoas passam e me olham como se eu fosse um coitado. Eu me sinto diminuído, me sinto humilhado”, desabafou.
Falta de verba afeta casas de apoio
Sem dinheiro para fornecer melhorias no acolhimento da população que vem a Belo Horizonte para tratamentos médicos, muitos municípios não conseguem manter moradia de apoio fixa na capital.
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A reportagem não conseguiu contato com as prefeituras de Carmo do Cajuru e Conselheiro Lafaiete.
Referência
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Belo Horizonte é referência para cerca de 766 municípios de Minas Gerais para a realização de procedimentos de média e alta complexidade (como neurocirurgia, oncologia e cirurgia cardiovascular e ortopedia, consultas e exames especializados).
Abrigos na capital buscam dar acolhimento para pacientes
Para tirar seus moradores da “praça das ambulâncias”, a Prefeitura de Lagoa da Prata, no Centro-Oeste do Estado, criou, em 2015, uma casa para acolher os pacientes em tratamento na capital.
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Recentemente, a Prefeitura de Mariana, na região Central do Estado, também inaugurou um abrigo na capital para receber os moradores em tratamento médico. São 70 vagas no lar.