Minas1
qua, 09 de out de 2024
Horário: 09:20 Hs
Dolar: R$
Euro: R$

Número de eleitores em Minas com idade entre 16 e 17 anos caiu 57% desde 2016

02/08/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h36 por Admin


97436_116_image__8_.jpg

Rafaela Matias
primeiroplano@hojeemdia.com.br

Com os escândalos de corrupção levantados pela Operação “Lava Jato” e o enfraquecimento dos dois grandes polos políticos brasileiros, representados por PT e PSDB, um quadro de insegurança se instalou entre o eleitorado e acaba de gerar um novo fenômeno: a evasão dos jovens das urnas.

Dados divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) mostram que o número de eleitores entre 16 e 17 anos caiu 57% desde as últimas eleições, em 2016, e é o menor nos últimos 29 anos.

Atualmente, o Estado conta com 112.868 jovens que vão às urnas, uma queda de 74% em relação a 1989, quando havia 420 mil votantes nesta faixa-etária.

Os números de eleitores por faixa etária foram levantados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e consideram a idade do eleitor no dia do primeiro turno das eleições 2018.

Para o cientista político Rudá Ricci, o motivo da queda é demográfico, causado pelo envelhecimento da população, mas também moral.

Longe das urnas: número de eleitores em Minas com idade entre 16 e 17 anos caiu 57% desde 2016

“Há uma tendência de redução no cadastramento dos jovens, porque eles estão menos politizados e mais frustrados com o sistema de representação. A juventude já colocou muita energia nas ruas, mas viu pouco resultado dos seus esforços”, afirma.

Para reverter a situação, ele comenta, é preciso de mais do que políticas de incentivo. “A história criou desgaste, incompreensão, ressentimento. Para haver engajamento entre os jovens como houve no passado, é preciso que ocorram mudanças efetivas, os novos representantes têm de se organizar, entrar e alterar a estrutura política do país. Não é só se filiar a partidos, é trazer um pensamento novo, fazer diferente”, acredita.

Aos 16 anos, o estudante João Antônio Cunha Queiroz é um exemplo da nova geração. Ele até pensou em tirar o título de eleitor neste ano, mas desistiu ao ver que nenhum pré-candidato representava os seus interesses.

“Não vi nenhuma proposta bacana, nada que pudesse me levar às urnas. Se eu fosse votar, anularia ou deixaria em branco”, afirma.

Envelhecimento

Se o número de eleitores jovens teve queda, o de pessoas com mais de 70 anos aumentou. São 1.523.084 el[/TEXTO]eitores (9,7% do total) que pretendem votar em 2018. Em 2016 eram quase 1,4 milhão.

O dado vai ao encontro da projeção do IBGE, divulgada em 25 de julho, que coloca Minas entre os estados com maior índice de envelhecimento da população. Com a menor taxa de fecundidade do país, a média de filhos por mulher em idade reprodutiva é inferior a duas crianças. Até 2060, segundo a pesquisa, um quarto da população do Brasil (25,5%) deverá ter mais de 65 anos.

Biometria e nome social estão entre as novidades deste ano

O cadastramento biométrico, que pretende tornar mais seguro o processo eleitoral, já está em vigor neste ano em algumas cidades mineiras. Entre fevereiro de 2017 e o mesmo mês deste ano, Betim, Contagem, Uberaba e Uberlândia passaram por revisão biométrica do eleitorado, o que resultou no cancelamento de cerca de 340 mil títulos de eleitores, que não poderão votar em outubro.

Nas eleições de 2018, serão 4,7 milhões de pessoas com o cadastramento (30,17% do total). O restante do Estado passará pelo processo até as próximas eleições.

Mudança

Outra novidade deste ano é a adoção do nome social. Entre abril e maio deste ano, os eleitores puderam alterar o nome no cadastro eleitoral para serem identificados por meio do nome social, utilizado principalmente entre pessoas transgênero. As estatísticas apontam que 647 eleitores fizeram a alteração.

Nas eleições deste ano, Minas Gerais terá 15,7 milhões de eleitores aptos a votar. O número coloca o Estado como o segundo maior colégio eleitoral do país, atrás apenas de São Paulo, com uma concentração de 10,65% do eleitorado brasileiro. No país, 147 milhões de eleitores poderão ir às urnas neste ano.

Apesar da quantidade expressiva, o eleitorado mineiro cresceu pouco em relação às últimas eleições, em 2016, quando 15,6 milhões de pessoas estavam aptas a votar.

A divisão entre homens e mulheres continua no mesmo percentual de 2016 e 2014: 51,9% do sexo feminino e 48% do sexo masculino. Os eleitores que não informaram o sexo representam 0,064% do total.

Confira depoimentos:

pesquisa

“Eu tirei o título de eleitor, mas penso em não votar por não ter candidatos que me representem. Até tenho acompanhado os candidatos, vi entrevistas na TV, e até posso mudar de ideia depois, mas, até agora, ninguém me convenceu”.

Lucas Estillac,estudante, 16 anos

ppp

“O cenário político está muito conturbado, vejo muita perseguição. Mas, mesmo sem muitos candidatos confiáveis, é importante votar. Eu tenho muita vontade de votar nas próximas eleições. Não tirei o título neste ano porque não pude ir ao TRE”.

Luisa Reis,estudante, 16 anos

pppp

"Está tudo muito complicado na política, até para a gente entender o que está acontecendo. A escola também não incentiva a gente a votar, a escolher um representante para o país. Sem falar que não há ninguém com quem eu me identifique, que vejo que possa fazer alguma diferença”

Laura Fonseca,estudante, 16 anos