A população que usa o transporte de passageiros por aplicativos ganha mais uma opção na Grande BH. A partir de 22 de março, a Up Trip chega com a promessa de acirrar ainda mais a concorrência no setor, oferecendo preços baixos para passageiros e remuneração atrativa para motoristas. 

A chegada da nova plataforma, contudo, é vista com desconfiança por tais profissionais, que têm se queixado de dificuldades em manter-se no ramo em razão do aumentos dos custos, especialmente dos combustíveis. Atualmente, existem cinco aplicativos em operação na capital e região, envolvendo 90 mil motoristas ativos. 


Para atrair a atenção dos usuários e bater a concorrência, obtendo a adesão de condutores veteranos e novatos, a Up Trip aposta em clubes de descontos e serviços exclusivos para mulheres, por exemplo. No caso dos motoristas, o novo APP quer trazer benefícios extras como uma taxa de administração de modestos 15% – as duas principais concorrentes cobram, hoje, 18% e 23%. “Buscamos valorizar os motoristas parceiros. Desenvolvemos um APP voltado para melhorias significativas em segurança, na parte financeira e na qualidade do suporte técnico”, destaca Renan Tavares CEO da plataforma.

Conta não fecha


Para o presidente do Clube dos Motoristas por Aplicativos em Minas, Warley Leite, o aumento da concorrência pode até ser benéfico para usuários, mas não deve agregar vantagens para quem presta o serviço. “Infelizmente, oferecer melhor custo benefício para os passageiros e mais rentabilidade para o motorista é uma conta que não fecha”, destaca.

No dia a dia, a rentabilidade dos profissionais dos aplicativos tem caído de maneira crescente. Com os sucessivos aumentos do etanol e da gasolina – a subida da última já se aproximam de 20% nas bombas, neste ano –, custos de outros insumos de manutenção dos veículos es obrigatórios, como o os seguros, os motoristas veem, em média, 50% dos ganhos consumidos. 

João Batista Soares, de 47 anos, voltou a rodar pelas ruas de BH há uma semana, depois de viver experiência na função em 2017. De lá para cá, viu que as vantagens diminuíram consideravelmente. “Para o motorista, não tem vantagem alguma. A gente está pagando para trabalhar. Estou prestes a deixar o carro na garagem e buscar outra fonte de renda”, afirma. 


Já Cleiton Camargos, de 31, tem aplicado estratégias para alcançar a meta diária de faturar R$ 200 líquidos: ele prioriza corridas mais longas e se empenha, ao menos, por dez horas diárias ao volante. “Hoje, o maior desafio é conseguir mais economia de combustível e isso somente é possível nas corridas mais longas. Está a cada dia mais difícil garantir lucro, mas não tenho alternativa”, explica.