O mineiro Iago Queiroz Costa, de 32 anos, que estava desaparecido desde que retornou deportado dos Estados Unidos e desembarcou no Aeroporto Internacional de Confins, na última quarta-feira (22/10), foi encontrado em um terminal de ônibus do bairro Itapoã, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), na manhã deste domingo (26).
Em conversa com o Estado de Minas, a tia de Iago, Virgínia Queiroz, contou que o sobrinho foi encontrado pela família. “Ele se lembrou de um número de telefone, pediu um telefone emprestado e entrou em contato com o irmão. O meu sobrinho, Fernando Lucas, irmão dele, ficou com ele no telefone e ele pediu pra ser buscado”, contou.
Segundo Virgínia, a mãe deles, Valéria Queiroz, passou a localização do filho para a Polícia Civil, que o buscou e o levou a um hospital. Ele estava a 20 quilômetros da UPA de onde sumiu.
A família, que é natural de Montes Claros (MG), no Norte do estado, está a caminho da capital para o encontro de Iago. Segundo Valéria, ele já está na companhia de pessoas de confiança. Até o momento, não há novas informações sobre o estado de saúde dele.
Desaparecimento
Iago, morava em EatonTown, no estado de New Jersey, há 7 anos. Segundo a tia, ele era um jovem centrado, formado em TI e desejava viver uma experiência fora do Brasil.
Em agosto deste ano, a tia relatou que Iago foi preso e transferido para o ICE - Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos - onde passou por cinco centros de detenção até ser deportado. Virgínia relatou que o sobrinho tem transtornos psiquiátricos há cerca de dois anos, e já se internou três vezes.
A família acompanhava o paradeiro de Iago por meio do site do ICE. No entanto, a tia afirmou que na última quarta-feira (22/10), o nome dele sumiu do sistema, o que demonstrava que ele havia sido deportado.
Posteriormente, os familiares conseguiram confirmar que Iago foi levado junto com o grupo de deportados ao Hotel Ibis Style de Confins, com o apoio do programa de acolhimento do Governo Federal. "Mas disseram que todo mundo já havia saído de lá na sexta (24/10). Começamos uma busca para saber onde ele está, já que não chegou em Montes Claros. Foi uma angústia terrível, de madrugada para tentar achá-lo e conseguir alguma informação. Acionamos bombeiros e IML para tentar encontrar", alegou Virgínia.
Em nota oficial, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) informou que Iago passou por uma avaliação da Força de Proteção do Sistema Único de Assistência Social (Forsuas) e de um psicólogo da equipe de Proteção da Organização Internacional para as Migrações (OIM/ONU Migração) na recepção do voo de repatriados.
Na ocasião, as equipes identificaram que o mineiro apresentava sinais de surto psicótico e delírios, sem risco imediato para si mesmo ou terceiros. Na manhã seguinte, uma nova avaliação indicou necessidade de intervenção médica. “A Superintendência do Ministério da Saúde em Minas Gerais orientou a chamada do SAMU e a consequente internação. Um assistente social do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) acompanhou o processo”, informou a instituição.
De acordo com o Ministério, foi feito um contato com a UPA de Vespasiano na manhã de sábado (25) e a assistente social de plantão informou que Iago havia sido procurado para atendimento, mas fugiu da unidade durante a madrugada.
“O MDHC oficiou a Polícia Civil de Minas Gerais para priorização das buscas e comunicou o Ministério Público, a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, reforçando a articulação interinstitucional e o acompanhamento contínuo do caso”, informou a nota.
Contato com a família
Ainda na nota, foi informado que a Polícia Civil de Minas Gerais foi acionada pelo Hospital de Vespasiano para busca ativa de familiares na região de Montes Claros, a fim de verificar possíveis vínculos familiares ou comunitários que possam auxiliar na referência pós-alta.
À reportagem, Valéria Queiroz contou que a família não recebeu contato de nenhum órgão público e tenta respostas desde a quarta-feira. Ela, que é jornalista há 40 anos formada pela UFMG, teve a mesma resposta dos órgãos de imprensa. “Me apresentei como jornalista e recebi a mesma nota que a imprensa recebeu, depois que um portal já tinha publicado. Mesmo eu sendo família, não entraram em contato… nem com ninguém da família", lamentou.
A família também questionou a falta de assistência com um paciente no estado em que Iago estava. “O pessoal da UPA avisou que ele não podia ficar sem supervisão. Desembarcou em surto!”, alegou.
A Polícia Civil e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania foram questionados sobre os contatos com a família e a reportagem aguarda retorno.







