O número de novos doadores de medula óssea é o pior dos últimos oito anos em Minas. A média mensal de cadastros – que chegou a 2,7 mil antes do surgimento da Covid – está em 1,2 mil atualmente. A queda nos registros é reflexo principalmente dos transtornos gerados pela pandemia. Mas até mesmo mudanças nas regras para se tornar um voluntário podem ter contribuído, afirmam especialistas.

Incentivar a boa ação que pode salvar a vida de 55 pacientes que aguardam por um transplante no Estado volta ganhar a força neste sábado, quando se celebra o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea. A fila é pequena, mas o desafio de encontrar uma pessoa compatível, enorme. Segundo a Fundação Hemominas, a chance entre irmãos é estimada em 25% a 30%. Mas entre os não aparentados, a compatibilidade cai para uma em 100 mil.

Para a assessora de captação e cadastro da Hemominas, Viviane Guerra, a pandemia do coronavírus tem sido responsável pela queda nos cadastros dos últimos três anos. “Acreditamos que o isolamento social, decorrente das regras sanitárias durante a fase mais crítica da pandemia, impactou fortemente no comparecimento dos candidatos”, afirma Viviane.

As normas para novas doações também favorecem o cenário. Em julho de 2021, o Ministério da Saúde publicou duas portarias que reduziram o limite de idade, de 55 anos para 35.

Segundo a pasta federal, a mudança levou em consideração critérios técnicos e estudos científicos que indicam que doadores mais jovens estão diretamente relacionados a melhores resultados nos transplantes sem parentesco. A medida, justifica o ministério, promove o aumento na sobrevida, menores taxas de complicações e óbitos.

“Técnicos do Registro e do Sistema Nacional de Transplantes identificaram que, nos últimos cinco anos, cerca de 80% dos doadores que realizaram a coleta de material para transplante de medula óssea estavam abaixo de 40 anos. Nos últimos três anos, 67% tinham entre 18 e 35 anos”, afirma Danielli Oliveira, coordenadora técnica do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Doação
Para ser um doador de medula é necessário ter entre 18 e 35 anos, boa saúde e não apresentar doenças infecciosas ou hematológicas.

A partir daí, o sangue é analisado por exame de histocompatibilidade (HLA), teste de laboratório que identifica características genéticas a serem cruzadas com os dados de pacientes. Para seguir com o processo, são necessários outros exames, além de uma avaliação clínica. Somente ao final dessas etapas a pessoa poderá ser considerado é apta.

A doação de medula óssea se faz em centro cirúrgico, sob anestesia. O procedimento dura cerca de 90 minutos e requer internação de 24 horas. Nos primeiros três dias, pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos. Normalmente, os doadores retornam às atividades habituais depois da primeira semana após a doação.

Há riscos?
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), relatos médicos de problemas graves ocorridos a doadores durante e após o procedimento são raros e limitados a intercorrências controláveis. Por isso, o estado físico de saúde do doador é checado.