Mercado esperava cerca de 90 mil empregos no país em setembro, mas foram 137 mil

A expectativa era ter cerca de 90 mil empregos formais no Brasil em setembro, mas, entre contratações e demissões, foram 137 mil carteiras assinadas em todo o país. O saldo foi o maior para o mês já divulgado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) desde 2013. “Foi uma surpresa, muito melhor do que o esperado. E o setor que puxou esse resultado foi o de serviços, seguido pela indústria”, destaca a economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Daniela Brito. Assim como no país, no Estado os serviços também lideraram a geração de vagas. Com 114,6 mil vagas de janeiro a setembro, Minas também tem o melhor resultado dos últimos cinco anos.

No Estado, o setor de serviços gerou 9.897 vagas em setembro. Depois de aproximadamente seis meses em busca de um emprego, Luís Henrique Rezende, 19, foi contratado como garçom pela cafeteria Mooca. “Foi difícil encontrar um emprego, principalmente porque precisava conciliar com o horário de estudo. Mas, agora, realmente sinto que a economia está melhorando”, conta Rezende, que veio morar em Belo Horizonte para estudar engenharia ambiental. A proprietária da cafeteria, Adriana Martins, também tem sentido essa melhora, tanto que vai abrir uma terceira unidade no mês de janeiro e vai contratar pelo menos mais dez pessoas.



“Eu tenho duas cafeterias em prédios comerciais. Estou contratando porque o movimento melhorou, tem mais salas sendo alugadas, por exemplo. E vou abrir outra unidade porque na crise eu encontrei boas oportunidades de negócio, como, por exemplo, facilidade para negociar o aluguel”, destaca Adriana.

Voltada para intermediação digital, a startup Monetizze, que começou o ano com 70 funcionários, hoje já está com 140 e pretende contratar ainda mais. “Estamos com 30 vagas em aberto”, afirma a diretora de relacionamento estratégico do Grupo Monetizze, Fernanda Campos. A empresa presta serviços para a área de e-commerce e tem um software imobiliário.

Fernanda lembra o crescimento das vendas no ambiente digital e também destaca a mudança de comportamento do consumidor de imóveis. “Ele quer comprar, vender ou alugar de forma prática, ágil e sem burocracia”, ressalta.

Para o professor de economia do Ibmec Felipe Leroy, os números indicam melhora de fato. “O resultado (do Caged) superou nossas expectativas, porque o saldo positivo ficou muito acima em relação aos anos anteriores. Isso deixa a gente mais tranquilo. Parece que o desemprego está cedendo”, comenta. Ele destaca, entretanto, que as estimativas de crescimento para 2018 ainda são tímidas. “Mas pelo menos é crescimento, ao contrário de 2015 e 2016, quando vivemos encolhimento”, lembra Leroy.

Avanço. Depois de serviços, a indústria foi a que mais gerou vagas. Em setembro, foram 37,4 mil em todo o país. Os destaques foram os setores automotivo, de alimentos e farmacêutico.

Destaque. Em setembro, o Brasil gerou 60,9 mil vagas no setor. No acumulado do ano, já são mais de 436 mil novos postos. Em Minas Gerais, foram quase 10 mil vagas no mês e 52 mil no ano.

Comércio ainda está no negativo

De todos os setores da economia de Minas Gerais, o comércio é o único que ainda está com saldo negativo. Entre demissões e contratações em setembro, os cortes superam as admissões em 5.357. Ainda assim, o quadro geral melhorou, pois em agosto eram 8.135 demissões a mais do que as contratações. De acordo com o professor de economia do Ibmec Felipe Leroy, o comércio demora um pouco mais para responder às melhorias da economia. “Isso pode ser explicado pelo grande número de famílias com nome negativado. A maioria precisa de crediário, o que não é possível com o nome sujo. Como não podem parcelar, ficam impedidas de comprar”, justifica.