Candidatura de ex-prefeito pelo PSB ainda deve ser discutida na Justiça
Conforme o acordo, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Adalclever Lopes (MDB), será o vice na chapa de Lacerda. O deputado Jaime Martins (PROS) disputaria uma das vagas ao Senado Federal.
A definição foi tida como uma reviravolta, já que o esperado era que o MDB fechasse apoio ao governador Fernando Pimentel (PT) para eleger o maior número possível de deputados para as bancadas estadual e federal.
Para o acordo ser enfim referendado, um ponto foi essencial: a garantia do Lacerda de que ele vai ser candidato. O ex-prefeito teria dado a certeza de que sua candidatura vai ser homologada na Justiça Eleitoral. Além disso, ocorreram acordos envolvendo a chapa proporcional. Essa, inclusive, é a parte mais delicada do processo para os deputados socialistas. A avaliação deles é de que fechar com o MDB significa sacrificar cadeiras nos Legislativos estadual e federal.
Pouco antes do anúncio do acordo, o clima ficou ainda mais tenso quando o deputado federal Leonardo Quintão (MDB) ameaçou chamar a Polícia Federal. Ele denunciou que a ata que havia sido aprovada pela comissão provisória foi “fraudada” para, depois, aparecer com o apoio a outra chapa. “A maioria decidiu com a coligação que está na ata (PT, PCdoB, PP). Agora, sumiram as nossas assinaturas e eu quero saber onde está a ata com a minha assinatura. Temos que discutir novamente a modificação dentro da coletividade, porque a lei determina que qualquer modificação só vale até meia-noite. Parte da comissão está em uma reunião secreta, o que não foi combinado com todos, e isso eu não vou aceitar. Estou denunciando uma ilegalidade”, reclamou durante entrevista à imprensa ontem à noite.
Os responsáveis por fecharem o acordo com Lacerda disseram nos bastidores que estão tranquilos com relação a ata. O entendimento é que se a maioria da comissão provisória, formada por sete deputados (três federais e quatro estaduais), decidir por apoiar Lacerda, isso pode ser referendado com “tranquilidade”, uma vez que a maioria é quem tem poder de decisão. No colegiado, hoje, cinco parlamentares apoiam o socialista, em especial os estaduais.
“Onde está escrito que aquela ata não pode ser mudada? Se a maioria quiser, é isso que vai ser feito. Tem gente querendo deliberar sozinho”, disse a fonte.
Além de MDB e PSB, compõem o arco de alianças o Podemos, o PROS, o PV e o PRB. O PDT não foi confirmado na reunião de ontem como integrante do grupo de apoio a Marcio Lacerda.
Resistência
O vice-presidente da Câmara do Deputados, Fábio Ramalho, disse ontem que o MDB está entrando em uma “canoa judicializada” ao fechar com o PSB. Ele afirmou ainda que vai tentar reverter o quadro.
“O TSE já deu o entendimento de que o estatuto do partido tem direito. O que eu penso é que, na hora que for para o pleno (a questão da candidatura do Marcio Lacerda), tanto no TRE quanto no TSE não vai passar. Eu penso que não cabe a gente, nessa altura do campeonato, entrar nessa situação de judicialização. É um excelente candidato, mas você tem o estatuto do partido (no caso do PSB), que está acima”, declarou ele, que apoia uma aliança com os petistas e não faz parte da comissão. Advogados de Lacerda já garantiram que o socialista vai vencer na Justiça Eleitoral.