Vice-governador Antônio Andrade afirma que quem não aceitar pode ser expulso do partido
O MDB de Minas Gerais definiu, na manhã desta terça-feira (1º), que vai ter candidato próprio ao comando do Estado nas eleições deste ano. Assim, a sigla não vai mais caminhar com o governador Fernando Pimentel (PT), que foi fortemente criticado no ato político. A decisão foi tomada por delegados da legenda durante as prévias da agremiação. Foram 353 votos favoráveis a tese de nome próprio, 12 contrários e um voto em branco. O evento partidário foi realizado em um hotel na região Nordeste de Belo Horizonte.
A agremiação tem hoje três pré-candidatos a cadeira do Palácio da Liberdade. São eles: o presidente do MDB estadual e vice-governador, Antônio Andrade; o deputado federal Leonardo Quintão; e o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Adalclever Lopes. Esse último não marcou presença no ato político. Segundo a assessoria dele, Lopes está em viagem.
O quórum de deputados estaduais e federais também foi baixo no evento. Dos 13 representantes da sigla na ALMG, somente Cabo Júlio e Iran Barbosa apareceram. Já dos cinco membros da bancada na Câmara dos Deputados, marcaram presença: Leonardo Quintão e Saraiva Felipe.
Rompido com o governador desde 2016, Antônio Andrade aproveitou seu discurso para criticar a gestão do petista. E como a reportagem adiantou, ele foi lançado oficialmente como pré-candidato ao governo de Minas. O emedebista foi ovacionado por correligionários, que usavam adesivos: "Minas no rumo certo com Antônio Andrade".
O vice-governador declarou que no governo emedebista os prefeitos não terão recursos de ICMS e IPVA retidos, como tem sido praticado pela a atual administração. "O MDB não comunga com o parcelamento, com essa política de atrasos, os prefeitos do MDB pagam em dia os funcionários. Eu falava isso no governo e me expulsaram. Prometraram mil e uma coisas para a educação e não cumpriram nada", afirmou.
Andrade também declarou que não quer nenhum tipo de aliança com o PT, nem como vice, e que o apoio dado a Pimentel nas eleições de 2014 foi um erro. Uma moção de repúdio a gestão do atual governador foi lida no encontro partidário por emedebistas.
Em entrevista coletiva ele disse ainda que quem insistir em não aceitar a candidatura própria, aprovada hoje, pode ser punido. "Quem não aceitar a definição do partido vai ser punido. A executiva que vai determinar. O estatuto prevê até a expulsão. Mas todos vão ser favoráveis a candidatura própria", garante.
Ainda segundo ele, a partir da definição de candidatura própria referendada hoje, o MDB tem que se distanciar do Executivo. "Eu acho que o partido deve se afastar definitivamente do governo, deve entregar os cargos, as secretarias, deve se afastar politicamente do governo", disse. Questionado se também renunciaria, o vice-governador explicou que não porque foi eleito constitucionalmente pelo povo para o cargo.
O prefeito licenciado de Juiz de Fora, Bruno Siqueira, e o prefeito licenciado de Ipatinga, Sebastião Quintão, lançaram-se como pré-candidatos ao Senado. Esse último, inclusive, fez uma oração durante o discurso no evento. Já Leonardo Quintão, durante a sua fala, colocou o nome à disposição para concorrer ao Estado.
Divisão interna
No Estado, a legenda ficou dividida em dois grupos nos último anos. São eles: o que está rompido com o atual governador e é encabeçado pelo presidente estadual da sigla e vice-governador, Antônio Andrade, e o que até então defendia a manutenção da aliança com os petistas. Essa última ala é formada, em sua maioria, por deputados estaduais e tem como uma das lideranças Adalclever Lopes.
Mas a relação entre “ala petista” do MDB e Pimentel azedou bastante no último mês e acabou resultando na abertura de um processo de impeachment contra o governador na Assembleia. A ação somente foi recebida na Casa por causa do aval de Lopes, que até então era visto como braço direito do chefe do Executivo. Andrade não quis comentar sobre a ação.
Um dos motivos para esse estopim, conforme interlocutores, foi a reportagem de O TEMPO. A apuração mostrou que os integrantes de uma das alas do PT de Minas Gerais, em tom de ultimato, disseram que o MDB tem que se acostumar com a ideia de que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ser candidata ao Senado. Essa negociação foi costurada a nível nacional sem ao menos ouvir emedebistas, que se sentiram traídos com o gesto.
O presidente da ALMG, que era cotado para postular a cadeira de senador em uma coligação com petistas, foi o principal prejudicado com a chegada de Dilma. Isso porque, além das vagas de governador e de vice, a chapa é formada por duas cadeiras ao Senado. E, como dificilmente dois nomes do mesmo espectro conseguem se eleger para o Legislativo, mesmo que Adalclever Lopes ocupasse um dos dois postos disponíveis, ele teria muito mais trabalho com Dilma na corrida eleitoral. Além disso, o MDB perdeu a vaga de vice, que era ofertada antes.
Mas ainda há emedebistas, em especial deputados estaduais preocupados com a reeleição, que defendem caminhar com o PT. Contudo, o jurídico do MDB informou que a instância que deliberou as prévias hoje é a máxima do partido. Dessa forma, o MDB somente não terá candidatura própria se os pré-candidatos desistirem. Na convenção, que vai ser realizada entre junho e julho, os delegados vão decidir somente quem vai ser o nome para a corrida eleitoral e qual vai ser a coligação para o pleito.