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Por outro lado, o Anel Rodoviário – corredor que figura como o 13º com a pior proporção de acidentes por extensão – ainda é a via em que mais pessoas morreram em metragem mais curta: um óbito a cada 895,4 metros percorridos, em média, com a maior parte das fatalidades no Bairro São Francisco, na Região da Pampulha. Por esse critério, a Nossa Senhora da Carmo é a terceira pior.
Os resultados são fruto de mapeamento da equipe de reportagem do Estado de Minas sobre o comprimento das vias da capital mineira a partir de informações da Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel), com cruzamento de dados das ocorrências de acidentes de 2024 da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). O quadro obtido é um indicativo das vias onde há mais chances de acidentes e mortes, por extensão percorrida (veja infográfico).
Segundo o levantamento, a Avenida Nossa Senhora do Carmo é seguida em maior taxa de acidentes por distância percorrida pelas avenidas Cristiano Machado, com uma ocorrência a cada 2,89 metros, e Antônio Carlos, com um desastre a cada 3,36 metros. Entre as ruas, se destacam a Conceição do Mato Dentro (um acidente a cada 6,17 metros) e a André Cavalcanti (um acidente a cada 6,36 metros).
Dos registros na Avenida Nossa Senhora do Carmo, 757 não tiveram vítimas, enquanto 75 terminaram com pessoas feridas ou mortas. Os automóveis representam 72% dos veículos envolvidos em acidentes, seguidos pelas motocicletas (15,7%), ônibus (5,9%), caminhonetes (4%) e caminhões (2,1%). As duas mortes ocorridas na avenida se deram em acidentes envolvendo motociclistas, uma causada por direção em estado de embriaguez e outra por conduta inadequada no tráfego.
O bairro campeão de ocorrências de trânsito na Nossa Senhora do Carmo, com 359 registros, foi o São Pedro, seguido pelo Sion, com 284. Depois vêm o Santa Lúcia (68) acidentes, Carmo (63), Belvedere (53) e Santa Rita de Cássia (20).
O preço da desatenção
No corredor, a causa mais comum de acidentes, segundo os registros da Sejusp, foi a falta de atenção, concentrando 64,9% dos motivos de ocorrências, seguida pela má visibilidade (9,3%) e outros motivos relacionados ao tráfego (20,2%). Na avenida, o que a reportagem constatou foram muitos episódios de imprudência. Carros e motos invadindo as faixas exclusivas de ônibus e táxis; conversões irregulares e proibidas nos acessos; mudanças de faixas dos ônibus e até manobras dentro dos postos de abastecimento. Marcas de batidas nas árvores, nos postes e nas placas de sinalização são indicativos de acidentes graves.
A violência no corredor de tráfego assusta pessoas que passam por lá no dia a dia, ainda que não façam ideia de que circulam na via mais propícia a acidentes de BH. Uma delas é a médica Júnia Maria Drumond Cajazeiro, que percorre a via para atividades como o trabalho e para chegar ao Belvedere, onde pratica atividades físicas. “Nos horários em que passo por aqui não assusta tanto, porque é mais vazio, mas a gente sabe que nos picos de deslocamento ela fica muito cheia. O trânsito fica intenso e os riscos podem aumentar. Normalmente, a gente vê acidentes. Podem ser por excesso de velocidade, mas saber que é tão perigoso assusta um pouco”, admite.
Quase 4 mil desastres só na Cristiano Machado
Pedestres atravessando cinco faixas correndo, mesmo com uma passarela a 20 metros de distância; motociclistas avançando até dois semáforos vermelhos em sequência, ainda que beneficiados pelos motoboxes (áreas de parada que permitem que motos fiquem à frente dos demais veículos diante dos semáforos). Essas e uma série de outras atitudes expõem pedestres e veículos a acidentes na Avenida Cristiano Machado, que corta a porção Nordeste de Belo Horizonte.
A via aparece em segundo lugar entre as que têm mais chances de ocorrências de trânsito em menor distância percorrida na capital. Segundo as estatísticas da Sejusp. registrou 3.993 acidentes e cinco mortes em 2024, sendo o trecho que corta o Bairro União o que concentra mais desastres, com 412. Na sequência dos piores segmentos com mais de 100 acidentes em 12 meses aparecem o Primeiro de Maio (370), Vila Clóris (318), Minaslândia (267) e Heliópolis (260), Primeiro de Maio (224), Colégio Batista (182), São Bernardo (178), Cidade Nova (171), São Paulo (171), Juliana (167), Silveira (152), Ipiranga (145), São Gabriel (136), Floramar (134) e Sagrada Família (125).
Os automóveis responderam por 62,2% dos acidentes registrados pelas autoridades, enquanto as motocicletas participaram de 16,7%, seguidas de caminhões (9,1%) e ônibus (5,7%), entre os diversos tipos de veículos. A falta de atenção também lidera as razões apuradas como causadoras das ocorrências, com 59,1%. Em seguida vem a não manutenção da distância de segurança (7,4%) e má visibilidade (3,4%).
Cinco casos fatais em apenas uma avenida
Na Avenida Antônio Carlos, a terceira com mais acidentes por metros percorridos na capital, chegando a um total de 2.287 ocorrências e cinco mortes, o maior número de registros aconteceu no Bairro São Francisco, somando 506. O bairro também é o pior em acidentes no Anel Rodoviário de BH e onde mais mortes acontecem na estrada. Na sequência de trechos com mais de uma centena acidentes aparecem São Luiz (419), Cachoeirinha (391), Lagoinha (288), Câmpus da UFMG (200), São Cristóvão (103) e Liberdade (101).
Automóveis (66,8%), motocicletas (7%), ônibus (21,8%) e caminhões (4,4%) foram os veículos mais envolvidos nas ocorrências considerando apenas essas categorias, sendo a maioria atribuída à falta de atenção (55,9%) e à não manutenção da distância de segurança entre veículos (8,6%).
Risco também nas ruas da capital
Entre as ruas em que há mais chances de envolvimento em acidentes, o destaque é a Conceição do Mato Dentro, na Regional da Pampulha, via que apresentou maior registro de acidentes por metros percorridos, sendo o maior volume no Bairro Ouro Preto, com 75 casos. Já no Bairro São Luiz foram 60 ocorrências.
A via é muito estreita e os bairros que liga cresceram demais. Durante o dia, é caminho de trabalhadores, estudantes, muitos ônibus e pouco espaço. Nos fins de semana, das pessoas que vão aos jogos, a passeio na Pampulha, ao Zoológico... A chuva ainda piora tudo, porque há muitos pontos de alagamento. Todos os dias vejo batidas, algumas mais sérias, mas a maioria um carro batendo na traseira do outro, ou na lateral, quando tentam atravessar”, afirma Antônio Pimenta da Silva, de 66 anos, há 13 em um posto de abastecimento na rua.
Todos os 127 acidentes que fizeram da Rua André Cavalcanti a segunda mais violenta se deram no Bairro Gutierrez que contém toda a extensão da via. O mesmo aconteceu na Rua dos Caetés, que é circunscrita ao Centro, onde todos as 136 ocorrências de trânsito foram registradas.
Sobra pressa e falta educação
A pressa para se deslocar, a necessidade de se conectar e uma educação no trânsito deficiente são boa parte do que explica os grandes riscos que se corre nas vias mais perigosas de Belo Horizonte, segundo avaliação do professor Raphael Lúcio Reis dos Santos. do Departamento de Engenharia de Transportes do Cefet-MG.
“Os dados mostram os riscos na utilização das nossas vias de maior fluxo de veículos. São vias arteriais que ligam polos regionais e locais. Têm essa característica de serem vias arteriais de momentos de grande fluxo e também um aspecto técnico que permite elevadas velocidades de operação, de cerca de 60 km/h nas principais. Tudo isso contribui para o número elevado de acidentes”, disse.
A própria movimentação local nessas vias centrais explicaria o número mais elevado de acidentes em menor distância do que no Anel Rodoviário, segundo o professor do Cefet-MG. “O Anel Rodoviário é mais periférico. Já essas vias recebem tráfego de todo tipo, em especial as motocicletas com a ampliação dos serviços de entrega. Há muita pressão para que se chegue em tempo, em vias com cada vez maior volume de veículos”, observa.
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Por outro lado, o Anel Rodoviário – corredor que figura como o 13º com a pior proporção de acidentes por extensão – ainda é a via em que mais pessoas morreram em metragem mais curta: um óbito a cada 895,4 metros percorridos, em média, com a maior parte das fatalidades no Bairro São Francisco, na Região da Pampulha. Por esse critério, a Nossa Senhora da Carmo é a terceira pior.
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O preço da desatenção
No corredor, a causa mais comum de acidentes, segundo os registros da Sejusp, foi a falta de atenção, concentrando 64,9% dos motivos de ocorrências, seguida pela má visibilidade (9,3%) e outros motivos relacionados ao tráfego (20,2%). Na avenida, o que a reportagem constatou foram muitos episódios de imprudência. Carros e motos invadindo as faixas exclusivas de ônibus e táxis; conversões irregulares e proibidas nos acessos; mudanças de faixas dos ônibus e até manobras dentro dos postos de abastecimento. Marcas de batidas nas árvores, nos postes e nas placas de sinalização são indicativos de acidentes graves.
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Quase 4 mil desastres só na Cristiano Machado
Pedestres atravessando cinco faixas correndo, mesmo com uma passarela a 20 metros de distância; motociclistas avançando até dois semáforos vermelhos em sequência, ainda que beneficiados pelos motoboxes (áreas de parada que permitem que motos fiquem à frente dos demais veículos diante dos semáforos). Essas e uma série de outras atitudes expõem pedestres e veículos a acidentes na Avenida Cristiano Machado, que corta a porção Nordeste de Belo Horizonte.
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