Crianças e adolescentes que ofereciam serviço de limpeza dos túmulos foram impedidas de trabalhar por guardas municipais. Houve agressão e uso de spray de pimenta


Uma confusão entre guardas municipais e um grupo de crianças e adolescentes marcou o início da visitação no Dia de Finados no Cemitério do Bonfim, na Região Noroeste de Belo Horizonte. A reportagem do Estado de Minas flagrou o momento em que guardas agrediram com chutes e usaram gás de pimenta contra meninos e meninas que estavam no local para oferecer serviço de limpeza de túmulos.

De acordo com a Fundação de Parques Municipais, que administra os cemitérios públicos de BH, o serviço oferecido pelo grupo é irregular, já que o cemitério tem zeladores que executam a função. Os guardas envolvidos negaram as agressões, enquanto as crianças e adolescentes protestaram contra a violência e por serem impedidos de trabalhar.

David Ferreira Silva, de 19 anos, que afirma ter recebido um jato de spray de pimenta no rosto, disse que estava no local para trabalhar quando foi repreendido por fiscais da PBH e por guardas. "A gente faz trabalho honesto ajudando as pessoas. Mas os guardas e fiscais ficam maltratando a gente, tratando como se a gente fosse bandido. Jogoram spray de pimenta na minha cara e me deram um chute na perna". Outras crianças tanmbém relataram agressões e disseram que ano passado também foram tratados com truculência. Apesar de ser proibido pela PBH, os envolvidos disseram que é a oportunidade de eles ganharem dinheiro extra.

Segundo Wellington Geraldo da Silva Correa, da Diretoria de Necrópoles da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, afirmou que o grupo que oferece a limpeza dos túmulos prestam, na verdade, um desserviço. "Eles tumultuam, quebram túmulos e aprontam correria e algazarra. No ano passado, foi o cúmulo do absurdo a confusão que eles aprontaram aqui dentro", relatou.

Ainda de acordo com Wellington Geraldo, o cemitério do Bonfim e outras unidades municipais contam com zeladores credenciados. "Zeladores que prestam serviço o ano inteiro, eles pagam a outorga, estão licenciados e qualificados licenciados e qualificados. Então não pode deixar um dia este grupo que está aqui fazendo algazarra atrapalhar quem está trabalhando o ano inteiro". Ainda segundo o responsável pelos cemitérios, os próprios visitantes reclamaram da ação do grupo.

No local, os guardas municipais negaram as agressões e o uso do spray de pimenta, ação que foi presenciada pela reportagem.

A assessoria de imprensa da coorporação se posicionou por meio de nota. "O Comando da Guarda Municipal de Belo Horizonte (GMBH) informa que a corporação dispõe de corregedoria e ouvidoria para receber denuncias e apuração dos fatos, como o fato narrado pela reportagem", disse. A Guarda ainda destaca "que todo o efetivo da corporação é instruído a agir pautado pelo respeito ao cidadão, sendo o uso progressivo da força uma medida adotada em situações em que esta seja necessária para garantir a segurança da população e a manutenção da ordem pública."


Visitação

Cerca de 100 mil pessoas são esperadas até às 17h30 desta sexta-feira, horário em que os cemitérios são fechados. Durante o dia haverá missas nos cemitérios da Saudade, da Consolação, da Paz e do Bonfim. Ainda no Bonfim, será realizada uma celebração em homenagem ao escoteiro Caio Vianna Martins, tido como um símbolo do escotismo no Brasil. A Polícia Militar reforça a segurança no entorno das necróples e a BHTrans realiza operaçoes de trânsito nas proximidades dos locais de visitação