Economizar é a principal motivação de quem consome produtos piratas em Belo Horizonte. O motivo foi apontado como justificativa para 84,3% dos entrevistados em pesquisa divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), Dia Nacional de Combate à Pirataria. Segundo o levantamento, seis em cada dez pessoas admitem comprar artigos falsificados. A facilidade de encontrar a mercadoria é outra razão apontada por quem se rendeu ao mercado paralelo.
Além da “economia” ao adquirir produtos falsificados, que dependendo do caso podem custar até metade do valor do original, a percepção se dá pelas faixas etária e de escolaridade, além das regiões em que vivem as pessoas que mais alimentaram esse tipo de comércio ilegal.
“Venda Nova, Barreiro e região Noroeste possuem maiores taxas de consumidores de produtos piratas, e são justamente as regiões de Belo Horizonte onde o nível de renda é inferior, segundo levantamento do IBGE em 2015”, analisa Guilherme Almeida, economista-chefe da Fecomércio MG e responsável pela pesquisa, que ouviu 288 pessoas durante a primeira semana de outubro.
Os produtos piratas mais comprados são CDs e DVDs (67,4%), seguidos de longe por eletrônicos (23,6%). Curiosamente, quando perguntados sobre que tipos de mercadorias irregulares jamais comprariam, os eletrônicos também estão em segundo lugar (21,9%), só atrás de medicamentos (51,7%).
Guilherme Almeida aponta os efeitos negativos da aquisição de produtos piratas. “Pode afetar a saúde, no caso de bebidas e medicamentos , além de gerar impacto em toda cadeia produtiva, com o comércio vendendo menos, o varejo solicitando menos produtos à indústria e reflexo no número de empregos. É um efeito que se dá de forma generalizada”.
A redução da carga tributária é apontada como solução para 46,9% dos entrevistados. “De fato em alguns itens os impostos são as causas onerosas, mas acho muito difícil que haja redução diante da situação fiscal do país, dos estados e dos municípios”, avalia Almeida. Em seguida, o aumento da fiscalização é apontado por 31,3% dos entrevistados, fiscalização que o economista-chefe da Fecomércio MG julga já ser eficiente, assim como as campanhas de conscientização para os prejuízos decorrentes da pirataria, citada por 10,1%.
Conscientização que ainda é problemática na compreensão de que baixar filmes, músicas e jogos da internet para uso pessoal é crime, afirmação da qual 47,5% dos entrevistados discorda.
Quem compra produtos piratas pode responder por receptação, infração prevista no artigo 180 do Código Penal, com penas que vão de multa a reclusão de um a quatro anos.