Nomes de mais de 120 mulheres, dentre elas menores de idade, tem sido divulgados em redes sociais com atribuições pejorativas
Listas rotulando as mulheres “mais putas” e os homens “mais gays” de Muzambinho, Monte Belo e Guaxupé, todas cidades do Sul de Minas Gerais, viralizaram nas redes sociais, causando revolta e constrangimento às vítimas citadas nas listagens.
Sem motivo aparente para a divulgação dos nomes com atribuições preconceituosas, os atos podem estar ligados com a fofoca e a exposição que informações destas dimensões podem gerar aos envolvidos. Especificamente na lista das mulheres “mais putas”, cerca de 100 nomes foram atribuídos.
Até o momento, apenas cinco mulheres de 20, 23, 25 e 31 anos e uma adolescente de 14 registraram boletins de ocorrência na Polícia Militar denunciando o crime. Porém, o em.com.br apurou que grupos de mulheres que foram mencionadas se organizam para registrar os fatos em conjunto.
O delegado da Polícia Civil, Silvio Sérgio Domingues, diz que já tem conhecimento das listas e suspeita de que elas tenham surgido em colégios da cidade.
"Estão circulando esses tipos de lista nas cidades próximas. Começou com 'os mais chatos' de Guaxupé. Depois disso, criaram os 'mais gays enrustidos' e, agora 'as mais putas'. Eu suponho que a lista tenha começado em algum colégio da cidade. Mas, a partir do momento que passa a circular no WhatsApp, perde-se o controle. Provável que se iniciou com uma lista bem menor, mas que as pessoas foram acrescentando. Após o conhecimento das meninas, as mães ficaram incomodadas e passaram a procurar a polícia," explicou Domingues.
As investigações para chegarem aos autores e colaboradores das listas, no entanto, ainda não foram iniciadas, pois, conforme o delegado, “é preciso que, além do registro do boletim de ocorrência, as vítimas precisam ir à delegacia para assinar um termo de responsabilidade para a abertura do inquérito,” explicou.
Responsável por atender um grupo de mulheres citadas na lista das “mais putas”, a advogada Taysa Crystina Justmiano contou ao em.com.br que o sentimento entre as vítimas é o mesmo: “estão revoltadas, incomodadas e muito constrangidas,” disse Taysa.
Após as conversas que teve com as clientes, a advogada explicou que as mulheres acreditam que a lista é fruto de fofocas e foi feita para causar exposição e constrangimento a elas perante aos mais de 20 mil habitantes de Muzambinho.
“Meninas que são menores de idade, de famílias mais rígidas e tradicionais estão com os nomes nessas listas e como é uma cidade pequena, causa muita exposição. Eu tenho orientado bastante as meninas a registrarem os boletins de ocorrência porque isso se configura como injúria e difamação,” explicou.
Sobre as listas dos “mais gays”, os nomes são de homens moradores de Guaxupé. A reportagem teve acesso ao material que vem sendo compartilhado, mas não há, ainda, nenhum registro de ocorrência denunciando o crime.
* Sob supervisão da subeditora Jociane Morais
* Sob supervisão da subeditora Jociane Morais