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A interdição dos 22 elevadores sociais do prédio Minas na Cidade Administrativa, desde 21 de novembro do ano passado, tem uma causa constatada em laudo: riscos em função de “colapso dos pilares metálicos decorrentes de vícios construtivos”. Problemas também identificados nos elevadores do prédio Gerais, que continuam em pleno funcionamento. A conclusão e o conselho de realização de obras corretivas estão em documento técnico de engenharia sigiloso, contratado pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), que O TEMPO teve acesso.  

A situação causa tensão entre os servidores que atuam nos edifícios criados para compor o centro de poder do Estado de Minas Gerais. Parte dos trabalhadores que trabalham no prédio Minas foram alocados para outros prédios e alguns tiveram liberação para trabalhar em casa durante alguns dias da semana. A medida, no entanto, não inclui todo o quadro. “Aqui têm vários servidores que assumem funções que não dão para trabalhar de casa. Estamos usando elevadores privativos que, segundo eles foram vistoriados em novembro do ano passado. Mas não sabemos se dá para confiar”, afirma uma servidora, que pediu anonimato.No prédio Minas estão alocados funcionários que atuam, por exemplo, nas secretarias de Desenvolvimento Social, de Justiça e Segurança Pública e a de Meio Ambiente.  

Nas mais de 500 páginas do documento, de 11 de março, assinado por três engenheiros civis, são registradas as avarias dos elevadores no prédio Minas em textos e imagens. “Foi constatado o colapso dos pilares metálicos dos contrapesos do elevador “E” do prédio Minas. O contrapeso é um componente crucial do elevador, consistindo em uma estrutura metálica onde são fixados pesos, de tal forma que o conjunto tenha peso total igual ao da cabine acrescido ao da capacidade dimensionada”, detalha o laudo. 

Os engenheiros encontraram indícios do que eles chamam de “deslocamentos e deformações excessivas”, além de indicativos de fragilidades em elementos estruturais dos elevados da Cidade Administrativa, como manchas, sinais de corrosão, desgastes e falta de uniformidade. O laudo traz fotos de trincas próximas a pilares metálicos do contrapeso do elevador. O contrapeso é uma estrutura de segurança que segue na direção contrária à seguida pela cabine com os usuários.  

Outra falha técnica encontrada nos elevadores da Cidade Administrativa é referente às barras de fixação que estão flexionadas, ou seja, tortas e com parafusos rompidos. Isso ocorre, conforme o laudo, em função de um erro na execução do projeto. Foi criado um espaço vazio, não previsto em projeto, entre a chapa metálica de fixação dos pilares e a viga de concreto. Os engenheiros civis garantem, conforme a análise feita, que o problema nos elevadores “não afeta a integridade, nem estabilidade nem a solidez da estrutura do Prédio Minas”, porém aconselham que o governo faça obras nos elevadores para eliminar os “erros construtivos” e garantir a segurança dos usuários.  

O que chama a atenção ainda no laudo é a citação do prédio Gerais, onde ficam, por exemplo, a Secretaria da Fazenda, a de Planejamento e a Polícia Civil. O local, de nove andares, está com os elevadores em pleno funcionamento, mas, conforme a análise entregue pelos especialistas ao governo do Estado, não tem segurança totalmente garantida. “Apesar de não ter ocorrido ainda o colapso estrutural, é fundamental a execução do reforço estrutural apontado no Laudo de Engenharia afim de se evitar a ruptura dos pilares dos contrapesos dos elevadores do Prédio Gerais, pois o método construtivo foi idêntico ao executado no Prédio Minas”, alerta o documento. 

Enquanto isso, nos grupos em redes sociais, os servidores questionam a falta de informações e de segurança. "No nosso email institucional tem a seguinte logo: 'Trabalhando para transformar Minas no melhor lugar para viver e investir'. Como, se não cuidam nem de quem está aqui? Lembrando que o prédio onde o governador fica não tem problema no elevador", critica uma servidora.   

O governo do Estado foi procurado e, até a publicação desta reportagem, não havia se pronunciado. A empresa de engenharia responsável pelo documento também foi procurada e não se manifestou. 

 

Fonte:otempo.com.br