CONSTRANGIMENTO

Um jovem negro, de 25 anos, afirma ter sofrido racismo ao tentar alugar um veículo em uma agência filial da Localiza, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais. Crystian Balbino, mais conhecido como DJ Crys, conta que fez a reserva do carro no aplicativo da empresa, e, após aprovação do cadastro, foi marcada a retirada no veículo para essa sexta-feira (6/10). 

Chegando ao local, a atendente solicitou como continuidade do cadastro que tirasse uma fotografia do jovem para enviar para a central da empresa; logo após, a retirada do veículo foi recusada. O caso foi denunciado na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), e a empresa nega que houve racismo no processo.

Nas redes sociais, o jovem conta que não gosta de criar polêmica, mas acredita que foi explícito o racismo e “hoje foi demais”. Ele relata que fez a reserva do veículo no valor de R$ 200 na segunda-feira (2/10), e o cadastro foi aprovado pela empresa com a emissão de um código de retirada do veículo marcada para essa sexta.
 
“Precisei alugar o carro porque o meu estragou e estava no concerto, precisava de um veículo para cumprir minha agenda de trabalho e optei por um modelo mais simples. Quando cheguei lá, pediram para tirar uma foto do meu rosto e incluir no sistema. Mas, depois que tiraram minha foto e colocaram no sistema, não fui mais autorizado a retirar o carro da Localiza. Nenhum funcionário soube explicar o que houve. Entrei em contato pelo suporte ao cliente e também não tive respostas. Isso só pode ser racismo!”, disse o homem. 

Em entrevista ao Estado de Minas, o jovem afirma que seus dados financeiros são compatíveis com o aluguel do veículo e que tinha um limite de crédito no cartão acima da soma do aluguel, de R$ 200, mais o caução de garantia, no valor de R$ 4 mil.
 
“Então não era por falta de limite no meu cartão, não foi por falta de documentação nem restrição do meu CPF, porque tudo tinha sido aprovado anteriormente. Foi só a minha foto entrar no sistema que ocorreu a restrição, sem nenhuma explicação”.
 
Crystian Balbino procurou um advogado, e a Polícia Militar foi acionada para o registro de Boletim de Ocorrência (BO). O caso agora segue em investigação. 

“Penso que se uma empresa divulga que defende a diversidade, ela tem que praticar isso, espero que esse caso não ocorra mais e que o responsável pela empresa possa me explicar o que aconteceu”.
 
O que a Localiza diz
 
Em nota, a locadora de veículos afirma que "o processo de locação de carros segue critérios pré-estabelecidos, aplicados de forma imparcial para todos os seus clientes. Pelo fato da locação envolver um bem de alto valor, é feita uma análise de crédito do locatário antes da retirada do automóvel, incluindo a necessidade de limite disponível para a pré-aprovação no cartão de crédito. Nesse processo, não há distinção de qualquer característica individual do consumidor, além dos itens especificados nos Termos e Condições do aluguel". 
 
A empresa ressalta, ainda, que "a transparência e a ética são pilares de seu negócio e não tolera qualquer tipo de discriminação, seja de gênero, orientação sexual, raça, religião ou qualquer outro preconceito".

E completa: "Para confirmação da documentação e CNH junto aos órgãos de trânsito, todos os clientes têm uma foto registrada no primeiro aluguel presencialmente na agência."