Terreno de antigo centro de treinamento da Aeronáutica já está sendo repassado para o projeto; volta de voos interestaduais no terminal tem embargo do TCU
Desde 11 de setembro, quando a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) homologou a pista do aeroporto da Pampulha para receber aeronaves de maior porte, as expectativas sobre a volta dos voos interestaduais decolaram. Tudo depende do Tribunal de Contas da União (TCU) votar a medida cautelar que suspendeu a retomada. O processo entraria na pauta de votação nesta quarta-feira (26), mas foi retirado. Enquanto há travas judiciais, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) faz seu dever de casa e já tem um plano traçado para expansão do terminal, com direito a empreendimentos comerciais e preparação para voos entre capitais.
“A Infraero tem um belo projeto de desenvolvimento para a região ao redor do aeroporto da Pampulha, envolvendo empreendimentos comerciais diversos, com benefícios não só para a região, mas para a sociedade mineira como um todo, além de atender uma demanda reprimida de pontes áreas, a partir da retomada dos voos no aeroporto”, confirma a estatal.
Esse projeto é um desejo antigo da Infraero, mas faltava espaço para implantar o plano diretor que, inclusive, já tem aprovação da Anac. Agora, não faltará mais, pois a Aeronáutica, que ocupava algumas áreas no local para capacitação de oficiais, está de mudança e a devolução já começou. “O Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR) iniciou em setembro o processo de transferência para as novas instalações localizadas em Lagoa Santa (região metropolitana de Belo Horizonte). A mudança se dá pela necessidade de modernização e ampliação das instalações, devido ao aumento de cursos ministrados”, explica a Força Aérea Brasileira (FAB).
A Infraero lembra que qualquer investimento na expansão do terminal depende da liberação do TCU. A estatal ainda não forneceu os detalhes sobre o que será feito no aeroporto, mas adianta que, assim que as áreas antes ocupadas pela Aeronáutica forem liberadas, ela aplicará o plano de desenvolvimento comercial, consoante com as possibilidades mercadológicas. Ainda segundo a Infraero, o espaço antes ocupado pelo Comando da Aeronáutica deve ser liberado totalmente até o fim deste ano.
A medida cautelar do TCU suspendeu a portaria do Ministério dos Transportes que autorizava a retomada de voos de grande porte entre Estados, a partir de Pampulha. As companhias aéreas têm interesse em voltar. A concessionária que administra Confins é contra, pois teme impactos negativos com perda de até 20% dos passageiros.
Para cada R$ 1 que entra, R$ 2,32 saem
Para cada R$ 1 de receita gerado pelo aeroporto da Pampulha no primeiro semestre deste ano, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) teve que gastar R$ 2,32. Entraram R$ 11,1 milhões no caixa, mas saíram R$ 25,8 milhões. Com sucessivos anos de prejuízo, que só de janeiro a junho de 2018 acumula R$ 15,7 milhões, a retomada dos voos de maior porte na Pampulha é a esperança da Infraero para salvar o aeroporto.
Atualmente, Pampulha só opera voos regionais com aviões de pequeno porte e aviação executiva, que preenchem somente 11,7% da capacidade total do aeroporto (234 mil passageiros/ano). Antes da transferência dos voos de Pampulha para Confins, em 2005, esse volume ultrapassou 3 milhões
Até agosto deste ano, 143,9 mil passageiros passaram por lá, quatro vezes menos em relação há cinco anos. No mesmo período de 2014, foram 613,2 mil passageiros.
Saiba mais
Pista do aeroporto da Pampulha: 2.364 m x 45 m
Pista principal de Congonhas (SP): 1.640 m x 45 m
Pista principal do Santos Dumont (RJ): 1.323 m x 42 m
Sítio aeroportuário civil da Pampulha: 1.827 milhão de m²
Área militar (que será devolvida): 258 mil m²
Capacidade de expansão após a devolução: 14%