Os investimentos nas obras de requalificação de um dos mais famosos cartões-postais de Belo Horizonte serão de R$ 5,2 milhões
Em entrevista coletiva para a imprensa, realizada no Memorial Minas Vale, na tarde desta sexta-feira (29/6), a presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), Michele Arroyo, o vice-prefeiro de Belo Horizonte, Paulo Lamac, e o gerente excutivo da Vale, Rodrigo Dutra Amaral, anunciaram a grande reforma da Praça da Liberdade. Uma ampla revitalização, que já começou a ser feita, deverá estar finalizada em novembro. "O esforço foi conjunto entre o Iepha-MG, a PBH e a Vale", disse Michele.
"Precisávamos de uma intervenção rigorosa e temos um desafio pela frente, que é a obra e, depois, a manutenção e a conservação da praça", afirmou ela. O vice-prefeito de BH reforçou a necessidade de uma utilização mais sustentável e racional da praça pela população. "Vamos entregar uma praça nova e um espaço mais seguro", disse Lamac. A partir deste domingo, toda a área da praça estará fechada para preservar segurança dos usuários durante a reforma. O valor total das obras é de R$ 5,2 milhões.
Michele Arroyo salientou que a Praça da Liberdade é um conjunto urbano protegido pelo Governo do Estado de Minas Gerais e pelo município.
"Ela é simbólica e emblemática porque foi um dos primeiros tombamentos feitos pelo Iepha-MG e, coincidentemente, pela Prefeitura de Belo Horizonte. Tem tanta importância para a história do nosso estado quanto para história da capital", afirmou. "É um lugar de fruição, contemplação e encontro, mas é também um espaço de manifestação e de eventos culturais. E a necessidade de conservação e preservação dessa referência como patrimônio cultural é que nos levou a debater quais seriam as alternativas para viabilizar sua a manutenção".
Nova iluminação
A reformulação do sistema de iluminação está sendo feita pela Prefeitura que seguirá mapeamento, diretrizes e layout definidos pela BHIP, concessionária responsável pela iluminação pública da capital. Os postes republicanos, atualmente situados na parte externa da praça, serão realocados e reposicionados na parte interna. O interior da praça passará a abrigar 60 postes republicanos, instalados respeitando a simetria da praça e postes já existentes.
Além dessa realocação, todas as peças, algumas danificadas pela ação do tempo ou mesmo por vandalismo, passarão por um minucioso processo de restauração, com acompanhamento do Iepha-MG.
O entorno da Praça da Liberdade e as ruas ao redor receberão novos postes decorativos em aço galvanizado na cor cinza chumbo. Esses postes farão a iluminação da via pública e da pista de caminhada da praça e serão instalados na avenida Bias Fortes, avenida Brasil, avenida Cristóvão Colombo, rua da Praça Mendes Júnior, rua Gonçalves Dias e rua Sergipe.
O Coreto terá iluminação de destaque pontual, com iluminação interna, externa da fachada e cúpula. Além disso, as três fontes receberão luminárias de LED - duas delas com luminárias de luz “branco neutro” e a outra com luminária LED RGB, que possibilita a mudança de cores. As palmeiras receberão projetores LED para destaque do tronco das palmeiras e folhas.
Reabilitação paisagística
A parceria entre o Iepha-MG e a Vale irá viabilizar a restauração do Coreto e da estátua Ninfa, a restauração e implantação do piso de caminhamento na pista de caminhada e a reinstalação das placas de monumentos. O mobiliário da Praça da Liberdade também será reformulado e substituído por padrões arrojados de design com a renovação de bancos e lixeiras.
Também será feita a requalificação dos jardins e melhorias do sistema de irrigação, que será substituído por um novo. Esta iniciativa conta a parceria da Cemig. Está previsto ainda o replantio de mudas conforme plano de manejo e a requalificação do sistema de bombeamento e estrutura civil das fontes.
Todos os chamados "indivíduos arbóreos" foram classificados e quantificados de acordo com a espécie e porte. O Projeto de Reabilitação Paisagística traz a lista e o quantitativo de plantas que farão parte dos jardins nesta revitalização, somando quase 30 mil unidades e 6.154,05 m² de grama.
Um manual, que contém um inventário dos estratos arbóreo e arbustivo da Praça da Liberdade, foi criado para conduzir as podas. Esta é quarta vez que a vegetação da Praça da Liberdade passa por esse tipo de tratamento. Em 1920, na primeira reforma, em 1969, com novas intervenções consideradas importantes, e na grande restauração realizada pela Vale, então MBR, no ano de 1991, que contou com a participação do arquiteto Ricardo Lana, responsável pelo projeto a ser executado em 2018.
Desde a reforma de 1991, a Vale mantém o convênio com a Prefeitura de Belo Horizonte para a manutenção da Praça da Liberdade. O pioneirismo na adoção virou referência, levando a PBH a criar o Programa Adote Verde. A iniciativa permite que empresas, instituições e indivíduos possam adotar e revitalizar espaços públicos da cidade.
Trânsito
O trânsito na região não será alterado em função das obras, para a segurança dos pedestres tapumes serão instalados ao redor de toda a praça. A pista de caminhada será interditada e passará por melhoria. O pedestre continua podendo utilizar o passeio do lado da praça na rua Gonçalves
Dias.
Cartão postal da capital mineira
A Praça da Liberdade emerge como ponto emblemático da cidade de Belo Horizonte desde o período da sua construção, de 1895 a 1897, época também da inauguração da capital mineira, projetada pelo engenheiro Aarão Reis. Construída inicialmente sob a influência do paisagismo inglês naturalista, a praça passa por sua primeira grande reforma no ano de 1920, quando adota o estilo francês, inspirado nos jardins de Versailles, por ocasião da importante visita dos reis da Bélgica à Belo Horizonte.
Pela sua localização, situada na convergência das avenidas Cristóvão Colombo, João Pinheiro - antiga Avenida Liberdade -, Brasil e Bias Fortes, a Praça da Liberdade se torna o local favorito dos mineiros e dos turistas que passam pela cidade. Disposta simbolicamente no centro de uma arquitetura marcante que reúne construções ecléticas, modernistas e pós-modernistas, a Praça da Liberdade foi tombada em 1977 pelo Iepha-MG, como Conjunto Monumental do Centro Cívico do Governo do Estado de Minas Gerais.
Desde o final do século XIX, quando Belo Horizonte foi planejada para ser a nova capital do estado, a Praça da Liberdade foi projetada para abrigar o centro administrativo do Governo de Minas Gerais, com a construção das secretarias de estado e do Palácio da Liberdade.