Crédito subsidiado é para diversificar economia de Mariana
O Fundo Diversifica Mariana, com aporte de R$ 55 milhões, será lançado nesta quarta-feira (2) e tem o objetivo de atrair empresas de outros setores, além da mineração, para fomentar a diversidade econômica em Mariana, região Central do Estado, e gerar empregos. A cidade fechou 2017 com um uma taxa de desemprego de 22,7%, praticamente o dobro da média nacional no último trimestre de ano passado, 11,8%. Entre 66 mil habitantes, 15 mil estão sem trabalhar.
A situação foi causada pelo rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em novembro de 2015 e suas consequências. “A cidade sempre foi muito dependente da atividade minerária, por isso, a ideia do fundo é fomentar a chegada de empresas de todos os setores, menos mineração”, explica Paulo Rocha, líder do programa de Economia e Inovação da Fundação Renova. Segundo ele, 89% da arrecadação do município vinha da mineração. “Hoje é difícil dizer se essa situação foi causada só pelo rompimento da barragem, pela paralisação das atividades da Samarco ou pela crise que o setor passou nos últimos anos”, afirma.
O dinheiro virá da Fundação Renova e servirá para abater juros de financiamentos para a abertura de empresas na cidade. O objetivo é levar empresas de grande porte com investimentos a partir de R$ 100 milhões cada. “São possíveis diferentes configurações, desde várias empresas, até uma grande Multinacional que vai necessitar de uma rede de fomentos ao seu redor”, diz Rocha. O fundo tem potencial de gerar investimentos de R$ 800 milhões a 1 bilhão, segundo a Renova.
Ele será gerido pela Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e a captação das empresas ficou a cargo da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior (Indi), do governo de Minas Gerais.
Para Rocha, a presença do governo mineiro vai ajudar na criação de outros fomentos complementares junto ao poder público. “Além desses recursos, o Estado estará disponibilizando outros instrumentos de apoio e incentivo às empresas e aos investidores que desejem ter suas atividades em Mariana. É um compromisso do governo com a recuperação da economia de Mariana e dos municípios atingidos pelo acidente”, salientou o vice-presidente e diretor de Desenvolvimento de Negócios do Indi, Ricardo Machado Ruiz. Financiamentos vindos de outras instituições financeiras, além do BDMG, incluindo entidades internacionais, poderão receber o subsídio.
Sem empresa
Abertas. Não há negociação com empresas em andamento, mesmo após o início de conversas com uma indústria do setor de alimentos que não vingou. As interessadas devem procurar o Indi.
Estudo aponta vocações
Além de indústrias, o Fundo Diversifica Mariana poderá atrair empresas do comércio e de serviço desde que tenham um plano de geração de emprego em Mariana, diz Paulo Rocha, da Fundação Renova.
Já o presidente do BDMG, Marco Crocco, conta que o banco realizou um estudo para identificar as vocações existentes em Mariana para as áreas da universidade, além de atividades que priorizem a mão de obra local, relacionadas com tecnologia. “Esta nova frente de atuação faz a ponte entre as oportunidades locais e o setor produtivo”, afirma Crocco.
Entenda a Fundação Renova
O que é. Entidade sem fins lucrativos criada para fomentar ações de reparação e compensação socioeconômica e socioambiental para recuperar, remediar e reparar os impactos gerados a partir do rompimento da barragem de Fundão.
Quem faz parte. Além da Samarco, e suas acionistas Vale e BHP, os governos federal e dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de entidades como Ibama.
Criação. Março de 2016, por meio de um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC),