Na manhã deste sábado (11), muitos funcionários estavam de folga e retornaram à empresa para apanhar os pertences que deixaram para trás na hora da correria, como celulares e documentos

"O susto foi grande. Um pânico danado. A explosão foi tão grande que eu estava sentado e a minha prancheta chegou a pular da mesa. Isso aí já foi um grande susto, praticamente um terromoto".

O depoimento de um funcionário da Usiminas, que se identificou como Alex, retrata um pouco o desespero dos funcionários da Usiminas durante a explosão de um gasômetro na sexta-feira (10) , que é como se fosse um botijão de gás do tamanho de um prédio de 15 andares indo pelos ares.

Na manhã deste sábado (11), muitos funcionários estavam de folga e retornaram à empresa para apanhar os pertences que deixaram para trás na hora da correria, como celulares e documentos.

Outros trabalhadores assumiram o plantão noturno depois da explosão e a madrugada de ontem, para eles, foi de apreensão e medo. "Vida que segue, né? Temos que pegar com Deus", comentou um deles, que se identificou como Carlos, ao deixar a empresa de manhã. "O risco faz parte da nossa rotina", acrescentou.

Quem mora ou trabalha nas imediações da Usiminas também está com os nervos à flor da pele e nem dormiu direito à noite. Várias casas tiveram os vidros das janelas quebrados por causa do deslocamento de ar provocado pela explosão. Algo ensurdecedor, segundo eles.

A dona de casa Cristina Oliveira, de 60 anos, conta que o estrondo parecia com o de um trovão, "desses grandes", segundo ela. "No primeiro barulho que ouvi, as janelas tremeram. Depois teve um estouro parecendo um trovão", comparou."Olhei pela janela e vi a fumaça subindo. Falei: 'Nossa, aconteceu alguma coisa na Usiminas!'. Fiquei com muito medo, com as pernas tremendo, com receio de ter morrido muita gente ", relatou Cristina. "Parecia uma catástrofe ", completou.

O aposentado Hélio Oliveira, de 65 anos, conta que muitos vizinhos saíram correndo de casa com medo de haver gás tóxico.

O funcionário da Usiminas que se identificou como Alex, o mesmo que se assustou com a prancheta que "pulou" da mesa quando tudo tremeu, conta que também subiu uma fumaça na hora da explosão, mas ela logo se dispersou pois ventava muito na hora. Ele também retornou à Usiminas neste sábado para apanhar os pertences.

"Todos saíram às pressas, atendendo ao alerta de evacuar o local. A empresa colocou ônibus para levar a gente em casa", disse.
O líder de grupo Wilson Martins, de 26 anos, também deixou tudo para trás na hora da correria. "Graças a Deus a gente estava no horário de almoço e não havia muita gente na área operacional. Estavam todos em um local de descanso. Foi muita correria com os procedimentos de segurança. Era muita gente correndo para os pontos de encontro. De lá, a gente foi instruído a evacuar as áreas internas da Usiminas", disse Wilson. "O pessoal da segurança agiu corretamente. Cada área tem o seu procedimento de segurança em uma situação de emergência. Todo mundo agiu conforme foi treinado ", acrescentou.

Agora, segundo o funcionário, "é hora de arregaçar as mangas, consertar o que está estragado e o que deu errado, para continuar a vida". Mesmo porque, segundo ele, todos os funcionários dependem da empresa para garantir o sustento. "Se a empresa ficar parada, não é bom para a gente, não! Graças a Deus, não teve óbito. Vida que segue", desabafou Wilson, emocionado.