Termômetros em alta nos últimos dias devem dar lugar a queda brusca de temperaturas a partir de hoje no estado, jogando água gelada nos planos de quem esperava tempo quente

Depois de um princípio de semana com temperaturas em elevação, a gangorra em que se transformou o clima neste mês traz uma previsão que joga um balde de água fria sobre quem contava com um feriado para aproveitar o calor. A passagem de uma frente fria e a chegada de uma massa de ar polar devem trazer a reboque o frio intenso para o território mineiro. Geadas e temperaturas próximas de zero, com a sensação térmica ainda mais acentuada devido aos ventos fortes, serão registradas até domingo. Nem mesmo a chuvaestá descartada. Moradores de Belo Horizonte devem preparar agasalhos e cobertores para o dia de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira da capital, e a celebração daAssunção de Nossa Senhora: a Defesa Civil emitiu alerta prevendo que os termômetros tendem a despencar. A mínima na cidade deve permanecer em torno de 11°C, caindo a 9°C até domingo. Um contraste e tanto para uma cidade que ontem bateu recorde de calor no inverno.


A frente fria chega a Minas Gerais hoje, já trazendo previsão de queda na temperatura. Mas o frio deve ser ainda mais intenso a partir de amanhã, quando uma massa de ar polar avança pelo estado. “A frente fria vai fazer aumentar a nebulosidade no Centro-Sul e no Leste do estado. A temperatura vai cair bastante. Teremos um declínio acentuado da máxima amanhã (hoje)”, afirmou o meteorologista Cleber Souza, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo o especialista, algumas cidades, inclusive na Região Metropolitana de BH, podem ter chuva.


No Sul de Minas, cidades podem experimentar inclusive geadas. “A frente fria passa rápido e amanhã chega uma massa de ar polar. Com isso, a mínima despenca. Teremos um fim de semana com bastante frio, inclusive, algumas cidades podem ter temperaturas próximas a 0°C e geadas. Em BH, a mínima deve chegar a 9°C até sábado”, disse. A Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu um alerta para temperaturas abaixo dos 11°C no amanhecer, advertindo que a cidade ainda pode ser castigada por ventos fortes.

Antes da chegada do frio, a capital mineira viveu até ontem dias mais apropriados ao verão, incluindo o de ontem, o mais quente do inverno 2019, com os termômetros indicando 30,6°C na estação meteorológica da Região da Pampulha, segundo o Inmet. Na estação localizada no Bairro Santo Agostinho, Centro-Sul de Belo Horizonte, a temperatura chegou a 30,4°C. A cidade também sofreu com o tempo seco. A umidade relativa do ar ficou em 23%, o que é considerado estado de atenção pela Organização Mundial de Saúde (OMS). BH não registra chuva significativa há 69 dias.


Variação intensa


Desde o último fim de semana, Belo Horizonte tem registrado grandes variações entre as temperaturas máximas e mínimas. Essa característica deve permanecer durante o feriado de quinta, quando, segundo o Instituto ClimaTempo, a temperatura deve variar entre 11°C e 23°C – ou seja, a máxima é superior ao dobro da mínima, o que caracteriza uma amplitude térmica de 13°C.
Na sexta-feira e no fim de semana, a tendência de  variações intensas continua. O último dia útil da semana tem mínima prevista de 9°C e máxima de 22°C – uma diferença de 13°C. No sábado, a marca deve variar entre 11°C e 24°C e, no domingo, entre 13°C e 27°C (veja gráfico).


Setembro

Enquanto o feriado será de tempo seco e friozinho, ótima pedida para quem gosta de curtir a série preferida debaixo das cobertas, o belo-horizontino pode começar a pensar em sombrinhas e guarda-chuvas para se proteger das chuvas do mês de setembro. No mês que vem, a projeção é de recordes de temperaturas, que podem atingir até 36°C.


E, como o brasileiro já conhece, o calor vem acompanhado de temporais. A tendência é de que as primeiras chuvas, esperadas para o fim do mês que vem, venham na forma de tempestades, isto é, precipitações de grande intensidade, mas curta duração. O meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto ClimaTempo, destacou que o fenômeno climático El Niño, que aumenta a temperatura das águas do Oceano Pacífico e influencia na temperatura de diversas regiões do mundo, vai continuar atuando em setembro, o que eleva as marcas dos termômetros.


Até o retorno das chuvas, o alerta permanece ligado para as queimadas. Isso porque, historicamente, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Minas Gerais registra a maior média de focos ativos de incêndios em setembro – 3.268. No ano passado, foram 1.860 focos somente nesse mês.


Saúde

Enquanto a chuva não chega e os termômetros seguem em uma montanha-russa de mínimas e máximas, o corpo sofre com tantas variações, especialmente quando associadas ao tempo seco. As maiores vítimas são crianças e idosos, que merecem cuidados especiais. Segundo especialistas,  doenças como alergias, pneumonia e infecções respiratórias e virais podem ter relação com mudanças de temperatura e umidade relativa do ar. Em situações de tempo muito seco e quente, aumenta a quantidade de alérgenos no ar e as vias aéreas ficam mais suscetíveis. A prevenção passa por vacinas (como a imunização contra a gripe) e cuidados básicos. Manter-se hidratado no tempo seco, ficar em ambientes mais ventilados, higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são providências que ajudam a proteger a saúde.