As provas finais ainda nem terminaram, mas os pais já começaram a saga em busca de descontos no material escolar do ano que vem. No WhatsApp, a cotação de preços e a troca de informações estão frenéticas. O vice-presidente para promoção de negócios da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Marco Antonio Gaspar, que é dono da papelaria Brasilusa, afirma que mais importante do que ver os valores individuais dos livros é considerar o preço total da lista. “O ideal é tentar comprar tudo em um único lugar, o que aumenta a chance de conseguir uma boa redução (dos preços)”, destaca.
A pedagoga Flávia Santana Braga, 41, é mãe de Artur, 11. Normalmente, ela começa a pesquisar os preços em janeiro, mas resolveu antecipar. “Resolvi olhar mais cedo para ter mais tempo e não pegar nenhum reajuste que possa vir com a virada do ano. Como o desconto à vista foi baixo, eu preferi parcelar, afinal, nesta época do ano temos várias outras contas para acertar”, diz Flávia, que já comprou os itens e, para ajudar outras mães, mandou o orçamento para o grupo do WhatsApp. Lá, as estratégias vão desde garimpar livros na internet até montar grupos de compras coletivas para aumentar o desconto.
A comerciante Alessandra Ribeiro de Andrade, 38, é mãe de Zakk, 12. Ela ainda está na fase de pesquisas e tem aproveitado as dicas de orçamento e indicação de papelarias e sites. “Este ano subiu bastante. No ano passado, os livros estavam na faixa de R$ 180, hoje estão custando R$ 200. Eu prefiro aproveitar o desconto à vista e uso o meu 13º salário para isso. Tem algumas mães se organizando para montar um grupo e tentar um desconto maior e estou na torcida para conseguir”, conta.
Em 2019, Alessandra ‘picou’ as compras em vários lugares, mas, para 2020, está preferindo concentrar os gastos em um só lugar. “Na internet você encontra alguns livros bem mais baratos, mas tem a questão do frete, que pode deixar mais caro”, alerta.
No grupo do qual Alessandra participa, uma mãe enviou orçamentos da mesma lista. Na papelaria, os itens custariam R$ 1.381. Em um site, o preço seria de R$ 1.280, sem o frete. Entretanto, com o desconto de 15% à vista pela loja, o valor cairia para R$ 1.173.
O vice-presidente da CDL, que é dono da papelaria Brasilusa, ressalta que é preciso calcular com muita atenção. “Quando você faz pesquisa na internet, é claro que acha um livro mais barato em um site, outro mais barato em outro. Você acaba ‘picando’ a lista e corre o risco de ter que pagar vários fretes. Se conseguir comprar tudo num lugar só, pode ser vantajoso. E tem outra coisa muito importante: às vezes, a pessoa vai gastar muito tempo para garimpar e não vai ter um desconto tão grande. Hoje em dia, tempo é dinheiro”, destaca Gaspar.
Segundo o empresário, atualmente os pais podem contar com um grande aliado: o WhatsApp. “Dá para trocar informação de preços e negociar a compra”, diz.
Mensalidades devem subir de 8% a 12%
O material escolar não é a única despesa extra que os pais de alunos terão na virada do ano. Também não é a única que ficará mais cara. De acordo com pesquisa feita pela reportagem junto a pais e escolas, os reajustes das mensalidades estão variando, em média, entre 8% 12%.
A presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Reis Ávila, explica que, por lei, cada instituição de ensino tem liberdade para calcular o aumento. “O sindicato não aponta nenhum índice, que é feito pelas escolas, a partir da planilha de custos que cada uma faz. Depende do salário pago aos professores, das alterações na carga horária, das melhorias pedagógicas ou de infraestrutura”, explica.
Segundo Zuleica, a inadimplência também é um forte componente no cálculo da correção da mensalidade. “São vários os fatores que influenciam, até mesmo a projeção sobre a capacidade de pagamento, pois nenhuma escola vai dar um aumento acima do que os pais podem pagar, mesmo porque, se o reajuste for abusivo, as escolas correm o risco de perder alunos”, pondera a presidente do Sinep-MG. No último ano, os reajustes ficaram na faixa dos 10%.