Moradores enfrentaram momentos de pânico para fugir de casas em chamas no bairro Nova Suíça, na Região Oeste de Belo Horizonte (MG), na manhã desta sexta-feira (10/10). O fogo, que começou em um ferro-velho, chegou às residências - até o momento, quatro atingidas.

Moradores fizeram mais de 30 ligações telefônicas pedindo socorro. É o que contou Laura Bernardes, estudante de direito de 21 anos, à reportagem. “Eu mesma liguei para os bombeiros 12 vezes, liguei até pra polícia, pra todo mundo possível, desesperada. Chegou num ponto que liguei pro meu pai pra me despedir achando que eu iria morrer”, contou, tremendo. 

“Liguei para meu pai e falei: ‘Papai, tá pegando fogo aqui na escada de casa, eu não consigo sair, tá todo mundo ilhado’”, relatou. “Estávamos eu e umas pessoas mais velhas. A gente desceu uma escada, passou por cima de um carro, bem cena de filme. Eu chorando desesperada, vendo a casa de todo mundo pegando fogo e vendo a vida sendo destruída”.

Segundo ela, os bombeiros demoraram 20 minutos para chegar. Quem chegou primeiro foi o batalhão da Rotam. “Não faz sentido, o batalhão dos bombeiros tá aqui do lado. A gente achou que ia morrer. Os bombeiros disseram que tinha outro chamado na frente. Se não fosse a Rotam chegando, todo mundo teria morrido”, contou. O 1° tenente Júlio Brandt, do Corpo de Bombeiros, argumentou que as equipes foram mobilizadas para a ocorrência assim que foram acionadas. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a evacuação foi iniciada por militares da Polícia. Momentos depois, os bombeiros chegaram e seguiram na remoção de pessoas e animais. O combate foi iniciado em duas frentes, na Rua Ana Carolina e na Avenida Teresa Cristina. O fogo esteve confinado em um conglomerado de casas. A informação inicial é que o fogo atingiu quatro casas, mas o lote abriga sete.

Outra moradora, que preferiu não se identificar, contou que mora no lote com o marido. Ela estava dormindo quando as chamas começaram. “Acordei com o cheiro de fumaça e muita gente gritando. Liguei pro meu marido que está no trabalho e ele falou pra eu sair porque estou grávida. Peguei meu cachorro e vim correndo aqui pra fora”, contou. Até conseguir sair, o fogo não havia atingido a casa dela. 

Nenhuma pessoa ou animal se feriu no incêndio. 

Funcionamento do ferro-velho

À reportagem, Laura também contou que fez diversas denúncias à prefeitura sobre o ferro-velho. Segundo ela, o espaço estava sucateado, sem vigilância, e já trazia preocupações aos moradores, mesmo antes do incêndio. "Não é porque a gente mora em uma favela e não paga IPTU que não tem direito a isso."

Questionada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que o ferro-velho não tem alvará de localização e funcionamento. Na última semana, equipes da prefeitura, Guarda Municipal e polícias Militar e Civil apreenderam alguns materiais. 

“A equipe de Fiscais de Controle Urbanístico e Ambiental lavrou o Auto de Apreensão referente ao material encontrado no local e aguarda novas informações, por meio do Registro de Evento de Defesa Social (Reds), para dar continuidade à ação fiscal, lavrando outros documentos com base nas informações apuradas pelas forças de segurança”, diz trecho de comunicado.

O dono do ferro-velho não foi encontrado pela reportagem para prestar esclarecimentos. 

A Cemig foi procurada para esclarecimentos sobre fornecimento de energia e vistorias e disse que não foi acionada para ocorrências até o momento. 

A Defesa Civil vistoriou as casas incendiadas e o ferro-velho no início da tarde. O resultado do trabalho ainda será divulgado.