Sob pedidos de fim do trabalho escravo, preservação dos direitos trabalhistas e garantias sociais, centenas de fiéis acompanharam a Missa do Trabalhador na manhã desta quarta-feira (1°).

A celebração, organizada pela arquidiocese de Belo Horizonte e paróquias da região episcopal Nossa Senhora Aparecida, foi precedida por discursos de lideranças sindicais e representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens. 

Foram cobradas providências do poder público em relação ao desemprego, além de responsabilização da Vale a possíveis culpados pela tragédia com a barragem da mineradora, que já deixou 233 mortos e 37 pessoas ainda desaparecidas.

O bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte, dom Otacílio Ferreira de Lacerda, iniciou a liturgia pedindo aos fiéis que não perdessem a esperança. "São mais de 13 milhões de desempregados. A solução é a esperança, para a juventude, para o fim do trabalho escravo e da exploração infantil. Que todos tenham mais trabalho, e esperança por mais garantias e pela superação do desemprego".

O bispo auxiliar afirmou ainda, que a Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) está preocupada com a proposta da reforma da previdência. "Como igreja, temos que garantir os direitos já alcançados e preservar garantias constitucionais", afirmou. Ainda de acordo com o religioso, "a sociedade tem que discutir e tomar novos rumos. É preciso buscar e valorizar espaços, sindicatos, partidos, convenções, discutir a realidade social e política que estamos vivendo, que é desafiadora", apontou.

Fiéis em busca de trabalho

Segundo a bíblia, São José Operário, padroeiro dos trabalhadores, foi o homem que ensinou a Jesus o ofícios de carpinteiro. Ele foi reconhecido pela igreja católica como santo padroeiro, por meio do Papa Pio XII, em 1955.

Segurando nas mãos o currículo do filho de 40 anos, a aposentada Margarida Franco, 63, acredita que a fé poderá ajudar o auxiliar administrativo a retornar ao mercado de trabalho. "Ele está nessa luta há dois anos. Manda currículo, corre atrás, mas nada aparece. Sou muito devota de São José e Nossa Senhora Aparecida, meus intercessores. Desta vez vai dar certo", espera.

Enquanto parte dos fiéis comparece ao local na esperança de um novo emprego, outros devotos aproveitam a celebração para pagarem promessas de graças alcançadas. 

A auxiliar de produção Marta Teixeira da Silva, 39, afirma ter motivos para agradecer. "Fiquei parada por seis anos. Só meu marido trabalhando e com duas filhas, estava bem difícil. Eu sempre vinha e pedia. Há quase dois anos arrumei emprego. Prometi vir sete anos agradecer", revelou.

Estrutura desagradou participantes

Devoto de São José Operário e espectador da Missa do Trabalhador desde a primeira edição, em 1976, o aposentado Adilson Moraes Pessoa, 71, demonstrou estar decepcionado com a organização da edição deste ano. "Até ano passado isso aqui lotava muito mais e eles disponibilizam cadeiras para quem quisesse. Tenho problema no joelho, dificuldade para andar. Não consigo ficar de pé e precisei assistir daqui de trás. Nem estou ouvindo direito a pregação", lamentou.

Mil pessoas compareceram ao evento, segundo estimativa de público da Polícia Militar (PM). Segundo a região episcopal Nossa Senhora Aparecida, da Arquidiocese de Belo Horizonte, as cadeiras disponibilizadas eram fruto de doação, o que não ocorreu neste ano. A entidade informou ainda que não dispunha de recursos para arcar com o aluguel dos móveis.