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Segundo o irmão, João Victor Pereira, Gabriel embarcou no dia 6 de março de 2025 com destino a Varsóvia, na Polônia, e de lá foi levado até Kiev, capital da Ucrânia. A promessa, diz a família, era de um salário mensal de até US$ 6 mil, incluindo bônus por atuação em linha de frente, seguro de vida e repatriação do corpo em caso de morte. Nada disso se concretizou.
Recrutamento pelas redes e promessas falsas
A família só soube da real missão de Gabriel duas semanas após sua chegada à Europa. "Ele disse que iria para a Legião Estrangeira Francesa. Mas, depois de 15 dias, começou a dar informações desconexas e descobrimos que estava na Ucrânia", conta João Victor.
Rússia afirma ter tomado duas aldeias na Ucrânia, uma delas em Dnipropetrovsk
De acordo com o irmão, perfis no Instagram são usados para aliciar jovens latino-americanos com promessas de contratos com o governo ucraniano. A família conseguiu uma cópia do contrato assinado por Gabriel e afirma que não se trata de mercenário, mas de engajamento formal nas tropas do país. "O contrato é direto com o governo da Ucrânia. Nada de empresa privada. Eles trabalham para o Estado ucraniano", afirma João.
Missão em Izium
A última vez em que Gabriel falou com a família foi no dia 3 de julho. Na mensagem, disse que ficaria incomunicável por cerca de três semanas, por falta de sinal e restrição de uso de celular nas missões. Ele estava em Izium, cidade próxima à fronteira com a Rússia, a cerca de 620km de Kiev.
João relata que o irmão estava com o braço quebrado e, mesmo assim, foi enviado para o front. "Eles não recuaram com ele, nem o levaram para uma área segura. Mandaram ele e mais três soldados para uma posição ainda mais perigosa."
Rússia afirma que tomou dois povoados no centro da Ucrânia
Segundo relatos de colegas de brigada, Gabriel morreu dentro de uma trincheira junto com outro brasileiro. Um colombiano foi morto e um ucraniano, segundo os relatos, foi capturado e queimado vivo pelos russos.
Entenda o conflito
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é um conflito que ocorre no Leste do continente europeu. Após um longo período marcado pelo acirramento das tensões entre os dois países, as tropas russas invadiram o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022, promovendo ataques a cidades situadas próximo da capital da Ucrânia, Kiev, e outros pontos estratégicos do território ucraniano.
Os contra-ataques realizados pela Ucrânia em meados de 2022 e em 2023 fizeram com que a Rússia recuasse em alguns pontos, mas o país ainda mantém domínio sobre grandes áreas no leste e ao sul da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a Ucrânia começou a desferir ataques com drones à capital russa, ampliando as tensões na região.
Corpo abandonado e silêncio do governo
Até o momento, a família não recebeu qualquer notificação oficial da Ucrânia ou do Brasil. O contato sobre a morte veio por meio de um soldado brasileiro, colega de brigada de Gabriel, que servia na mesma missão.
Desde então, os familiares enfrentam uma batalha por informações. Procuraram o Itamaraty, a embaixada do Brasil na Ucrânia e o consulado, mas não obtiveram respostas efetivas. “Eles querem dar o corpo do meu irmão como desaparecido para não arcar com o translado e o seguro. Estão deixando os corpos apodrecerem no campo de batalha”, denuncia João. “A gente está tendo algumas ajudas, mas sempre esbarra no governo ucraniano, que não dá respostas para a família”, afirma.
De acordo com ele, soldados estrangeiros, sobretudo latinos, são enviados sem identificação aos combates para dificultar rastreamentos. “Eles são recrutados, assinando contratos com o governo da Ucrânia, mas na prática são descartáveis. Morrem sem nome e sem direito a nada”, diz.
Mãe em estado de choque: “Está arrasada”
A dor da perda e da incerteza atinge em cheio a mãe de Gabriel, que ainda não teve sequer a chance de se despedir do filho. Segundo João Victor, ela está profundamente abalada. “Minha mãe está arrasada. Acho que essa é a única palavra que define o que ela está sentindo. Ela não come direito, não dorme, só chora”, relata.
A família conseguiu, com ajuda de parentes, o acompanhamento de um psicólogo para oferecer algum suporte emocional. “Estamos fazendo o que podemos, mas é muito difícil. A ausência de respostas só aumenta o sofrimento.”
Trabalhador e sonhador
João descreve Gabriel como um jovem dedicado e generoso. “Meu irmão era um menino bom, trabalhador desde cedo. A gente sempre passou por dificuldades financeiras e ele sempre correu atrás para ajudar a nossa mãe.”
Segundo ele, Gabriel sonhava em construir uma carreira na área militar e em dar uma casa para a mãe. “Ele sempre falava para ela que voltaria da guerra com esse sonho realizado. Era estudioso, querido pelos amigos, responsável. Um menino maravilhoso. É isso que eu tenho para dizer do meu irmão.”
Outro brasileiro diz ter sido enganado
O paranaense Lucas Felype Vieira, de 20 anos, também afirma ter sido enganado ao se alistar como voluntário na guerra. Natural de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, ele embarcou para a Ucrânia em maio deste ano, atraído pela promessa de trabalhar com tecnologia militar, especialmente com drones.
UE anuncia 18º pacote de sanções contra a Rússia, concentrado no petróleo
“Vi um vídeo na internet que mostrava que dava para atuar com drones na guerra. Isso me interessou porque é uma área que gosto. Também queria uma oportunidade de recomeçar”, contou. No Brasil, Lucas trabalhava em turnos da madrugada, em escala 6x1, e enfrentava um período difícil após a morte da mãe, no fim de 2024.
Ao chegar à Ucrânia, porém, a realidade foi outra. Após um período, e sem nenhum tipo de treinamento, ele foi realocado para um batalhão de infantaria em Kharkiv, uma das regiões mais atingidas pelos confrontos com as tropas russas.
Ucrânia busca apoio estrangeiro
Criada em 2022 pelo governo do presidente Volodymyr Zelensky, a Legião Internacional de Defesa da Ucrânia recruta combatentes estrangeiros mediante contrato de seis meses a três anos, com avaliação e documentação oficial. Segundo nota do Comando das Legiões, há voluntários de mais de 75 países, incluindo o Brasil, que recebem uniforme, armamento e a promessa de salário de até R$ 26 mil mensais.
A Legião atua em batalhões subordinados ao comando ucraniano e já participou de centenas de missões.
O Comando das Legiões alerta para fraudes com uso indevido dos seus símbolos em sites e redes sociais, muitas vezes criados por inimigos para coletar dados pessoais. Por isso, recomenda que os interessados usem apenas os canais oficiais.
Reconhecimento e justiça
João afirma que o caso de Gabriel não é isolado. Ao menos 15 soldados relataram situações semelhantes, com promessas descumpridas, abandono dos corpos e falta de respaldo jurídico. “Eles são tratados como lixo. Lutam pelo povo ucraniano e morrem esquecidos.”
Rússia e Ucrânia concordam com troca de 1.200 prisioneiros de cada lado, diz negociador russo
Para a família, o silêncio das autoridades ucranianas é proposital. “Se passarem 45 dias sem resgatar o corpo, o exército não precisa cumprir nenhuma cláusula do contrato. É um plano para se isentarem de qualquer responsabilidade.”
A principal demanda da família agora é por reconhecimento e justiça. “Queremos o corpo do Gabriel, queremos poder enterrá-lo. Queremos que o Brasil e a Ucrânia assumam sua responsabilidade. O que estão fazendo com os soldados estrangeiros é desumano.”
A reportagem procurou o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e o governo de Minas Gerais, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino
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Segundo o irmão, João Victor Pereira, Gabriel embarcou no dia 6 de março de 2025 com destino a Varsóvia, na Polônia, e de lá foi levado até Kiev, capital da Ucrânia. A promessa, diz a família, era de um salário mensal de até US$ 6 mil, incluindo bônus por atuação em linha de frente, seguro de vida e repatriação do corpo em caso de morte. Nada disso se concretizou.
Recrutamento pelas redes e promessas falsas
A família só soube da real missão de Gabriel duas semanas após sua chegada à Europa. "Ele disse que iria para a Legião Estrangeira Francesa. Mas, depois de 15 dias, começou a dar informações desconexas e descobrimos que estava na Ucrânia", conta João Victor.
Rússia afirma ter tomado duas aldeias na Ucrânia, uma delas em Dnipropetrovsk
De acordo com o irmão, perfis no Instagram são usados para aliciar jovens latino-americanos com promessas de contratos com o governo ucraniano. A família conseguiu uma cópia do contrato assinado por Gabriel e afirma que não se trata de mercenário, mas de engajamento formal nas tropas do país. "O contrato é direto com o governo da Ucrânia. Nada de empresa privada. Eles trabalham para o Estado ucraniano", afirma João.
Missão em Izium
A última vez em que Gabriel falou com a família foi no dia 3 de julho. Na mensagem, disse que ficaria incomunicável por cerca de três semanas, por falta de sinal e restrição de uso de celular nas missões. Ele estava em Izium, cidade próxima à fronteira com a Rússia, a cerca de 620km de Kiev.
João relata que o irmão estava com o braço quebrado e, mesmo assim, foi enviado para o front. "Eles não recuaram com ele, nem o levaram para uma área segura. Mandaram ele e mais três soldados para uma posição ainda mais perigosa."
Rússia afirma que tomou dois povoados no centro da Ucrânia
Segundo relatos de colegas de brigada, Gabriel morreu dentro de uma trincheira junto com outro brasileiro. Um colombiano foi morto e um ucraniano, segundo os relatos, foi capturado e queimado vivo pelos russos.
Entenda o conflito
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é um conflito que ocorre no Leste do continente europeu. Após um longo período marcado pelo acirramento das tensões entre os dois países, as tropas russas invadiram o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022, promovendo ataques a cidades situadas próximo da capital da Ucrânia, Kiev, e outros pontos estratégicos do território ucraniano.
Os contra-ataques realizados pela Ucrânia em meados de 2022 e em 2023 fizeram com que a Rússia recuasse em alguns pontos, mas o país ainda mantém domínio sobre grandes áreas no leste e ao sul da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a Ucrânia começou a desferir ataques com drones à capital russa, ampliando as tensões na região.
Corpo abandonado e silêncio do governo
Até o momento, a família não recebeu qualquer notificação oficial da Ucrânia ou do Brasil. O contato sobre a morte veio por meio de um soldado brasileiro, colega de brigada de Gabriel, que servia na mesma missão.
Desde então, os familiares enfrentam uma batalha por informações. Procuraram o Itamaraty, a embaixada do Brasil na Ucrânia e o consulado, mas não obtiveram respostas efetivas. “Eles querem dar o corpo do meu irmão como desaparecido para não arcar com o translado e o seguro. Estão deixando os corpos apodrecerem no campo de batalha”, denuncia João. “A gente está tendo algumas ajudas, mas sempre esbarra no governo ucraniano, que não dá respostas para a família”, afirma.
De acordo com ele, soldados estrangeiros, sobretudo latinos, são enviados sem identificação aos combates para dificultar rastreamentos. “Eles são recrutados, assinando contratos com o governo da Ucrânia, mas na prática são descartáveis. Morrem sem nome e sem direito a nada”, diz.
Mãe em estado de choque: “Está arrasada”
A dor da perda e da incerteza atinge em cheio a mãe de Gabriel, que ainda não teve sequer a chance de se despedir do filho. Segundo João Victor, ela está profundamente abalada. “Minha mãe está arrasada. Acho que essa é a única palavra que define o que ela está sentindo. Ela não come direito, não dorme, só chora”, relata.
A família conseguiu, com ajuda de parentes, o acompanhamento de um psicólogo para oferecer algum suporte emocional. “Estamos fazendo o que podemos, mas é muito difícil. A ausência de respostas só aumenta o sofrimento.”
Trabalhador e sonhador
João descreve Gabriel como um jovem dedicado e generoso. “Meu irmão era um menino bom, trabalhador desde cedo. A gente sempre passou por dificuldades financeiras e ele sempre correu atrás para ajudar a nossa mãe.”
Segundo ele, Gabriel sonhava em construir uma carreira na área militar e em dar uma casa para a mãe. “Ele sempre falava para ela que voltaria da guerra com esse sonho realizado. Era estudioso, querido pelos amigos, responsável. Um menino maravilhoso. É isso que eu tenho para dizer do meu irmão.”
Outro brasileiro diz ter sido enganado
O paranaense Lucas Felype Vieira, de 20 anos, também afirma ter sido enganado ao se alistar como voluntário na guerra. Natural de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, ele embarcou para a Ucrânia em maio deste ano, atraído pela promessa de trabalhar com tecnologia militar, especialmente com drones.
UE anuncia 18º pacote de sanções contra a Rússia, concentrado no petróleo
“Vi um vídeo na internet que mostrava que dava para atuar com drones na guerra. Isso me interessou porque é uma área que gosto. Também queria uma oportunidade de recomeçar”, contou. No Brasil, Lucas trabalhava em turnos da madrugada, em escala 6x1, e enfrentava um período difícil após a morte da mãe, no fim de 2024.
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Ucrânia busca apoio estrangeiro
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Rússia e Ucrânia concordam com troca de 1.200 prisioneiros de cada lado, diz negociador russo
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