'FAMOSINHAS'

Nas redes sociais, viagens internacionais, fotos felizes com a família, textos sobre empreendedorismo e dicas para vencer nos negócios. Na vida real, suspeita de sequestro e seis horas de tortura contra uma corretora de imóveis, que chegou a ter os cabelos raspados em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. Isso é o que motivou operação da Polícia Civil, que, na última segunda-feira (6 de maio), prendeu oito pessoas pelos crimes, entre elas duas empresárias "famosinhas" nas redes. A prisão das mulheres foi confirmada a O TEMPO por uma pessoa ligada à investigação.

Com 100 mil seguidores em sua rede pessoal e outros 230 mil nas páginas de suas empresas, a primeira das mulheres se apresenta como "empresária do entretenimento". Ela também diz ser a proprietária de seis bares, um deles bem famoso e com unidades nos bairros Santa Amélia, Pampulha, Sion, além da cidade de Lagoa Santa, também na Grande BH.

Já a outra empresária presa se apresenta no Instagram como "especialista em realização de sonhos", se declarando proprietária de quatro empresas, todas no setor imobiliário e com sede em Vespasiano. Ao todo, a mulher e as empresas totalizam mais de 110 mil seguidores, o que eleva para quase meio milhão o alcance das duas empresárias, que, inclusive, aparecem juntas em diversas publicações nas redes. 

Para além das fotos em viagens luxuosas, que passam por praias de água cristalina nas Maldivas, estações de esqui na Cordilheira dos Andes e, até mesmo, Dubai, as duas também têm em comum diversas postagens sobre o sucesso empresarial e o empreendedorismo delas. 

De acordo com a Polícia Civil, a tortura que levou à prisão de cinco mulheres e três homens aconteceu em abril deste ano, tendo como motivação questões financeiras. A origem do dinheiro que levou ao crime ainda é investigada pela instituição. 

A reportagem tentou contato com a defesa das duas mulheres, mas ninguém foi localizado para comentar a prisão. O espaço segue aberto para o posicionamento. 

Uma audiência de custódia dos presos está agendada para a tarde desta terça-feira (7 de maio) e determinará se eles seguem presos e serão encaminhados ao sistema prisional ou se poderão responder em liberdade.

Vítima foi alvo de emboscada 

Ainda segundo a Polícia Civil, o inquérito foi instaurado após a mulher agredida procurar uma delegacia. Ela contou que trabalha como corretora e que, um dia, foi atraída até uma casa onde, supostamente, atuaria em uma venda. 

Ao chegar no endereço, ela acabou surpreendida por um grupo de pessoas que deram início à sessão de tortura que se arrastou por mais de seis horas. Além das prisões, os policiais também cumpriram oito mandados de busca e apreensão, que recolheu diversos materiais que auxiliarão na investigação. 

Ainda conforme a Polícia Civil, dentre os oito presos, alguns possuem passagem pela polícia. Um deles possui ligação com o tráfico de drogas em uma comunidade de Belo Horizonte.

Por outro lado, os suspeitos alegam que foram vítimas de golpes financeiros, cometidos pela mulher que foi agredida. Eles afirmam que ela cobrava caução antes de assinar os contratos, mas não devolvia os valores. 

A Polícia Civil segue investigando o caso. 

 

Fonte:otempo.com.br