Grupos independentes e oposição querem impor derrota ao governo na ALMG

 
 

A proposta de reforma administrativa, do governador Romeu Zema (Novo), deve ser votada hoje no plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e mesmo sendo aprovada pode significar uma derrota para o Executivo. Isso, por causa de mudanças no texto que foram feitas pelos políticos, e, principalmente, em função de uma emenda jabuti que impede a ideia do Estado de acabar com o projeto de escola em tempo integral. Desde ontem, líderes e membros do governo negociam com os políticos a retirada desse tema de pauta, uma vez que a maioria esmagadora no Legislativo é favorável a essa ideia.

A emenda foi apresentada por um dos blocos independentes da Casa, o Liberdade e Progresso, e ganhou apoio do grupo de oposição, que também protocolou uma emenda no sentindo de manter o programa que atende estudantes. O entendimento no Legislativo estadual é que esse ponto, que será apreciado em separado no plenário, vai ser aceito com tranquilidade pelos parlamentares na votação de hoje e vai significar uma derrota ao governo. São necessários os votos de 39 dos 77 deputados estaduais para que essa mudança seja aprovada em plenário. 

Como O TEMPO mostrou, com exclusividade, a administração estadual vai encerrar o atendimento da escola em tempo integral em mais da metade das 1.600 unidades de ensino fundamental da rede pública mineira. A medida impacta cerca de 111 mil alunos e 9.000 professores designados, que são responsáveis pela extensão curricular.

Questionado sobre o motivo de propor a manutenção desse programa na proposta de reforma administrativa, o líder do bloco Liberdade e Progresso, o deputado Cássio Soares (PSD), diz que muito mais do que urgente, é necessária a votação dessa emenda para que os estudantes, as famílias e os professores não tenham prejuízos e sejam atingidos pela atitude do Executivo.

“Como é um projeto que versa sobre questões administrativas governamentais, cabe dentro desse projeto a gente fazer essa sugestão para que o ensino em tempo integral continue e para que também se dê liberdade e condições para que a Secretaria de Educação aprimore esse programa”, afirmou.

A versão é corroborada pelo líder de oposição, o deputado petista André Quintão. “Estamos defendendo esse ponto com veemência. Não podemos fazer ajustes em cima de crianças pobres que dependem do turno e do contraturno da escola de tempo integral em todas as regiões de Minas”, declarou.

De fora

Essa emenda não foi contemplada pelo deputado João Magalhães (MDB) em seu relatório sobre a reforma administrativa que deve ser votado hoje na Assembleia. Isso ocorre, segundo ele, porque o conteúdo não diz respeito ao que está em discussão: “Sou favorável às duas emendas, mas acredito que não tenham pertinência com a reforma administrativa. Deveriam ser projetos separados”.

Ainda de acordo com Magalhães, o governador Romeu Zema parece estar mais sensível sobre a questão da escola em tempo integral, e que ainda hoje é possível que se tenha uma novidade positiva da Secretaria de Educação. “Isso para que, a partir de 1º de agosto, possam reabrir as escolas em tempo integral”, disse o emedebista.