Em crise com petistas, presidente da Casa envia mensagem a Pimentel com exonerações
Se havia qualquer expectativa de retomada nas relações entre o PT e o MDB mineiro após o ensaio de derrubada do processo de impeachment do governador Fernando Pimentel (PT), ela pode ter sido enterrada de vez neste sábado (5). Principal nome da nova crise com o governo estadual, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Adalclever Lopes (MDB), exonerou todos os servidores comissionados que estavam lotados no gabinete da liderança do governo na Casa.
"Foi um recado claro e chamamento para guerra, já que o PT não quis recuar nas negociações. O MDB mostrou a essência de golpista", atacou um outro parlamentar do PT.
Líder do governo na ALMG, o deputado Durval Ângelo (PT) não foi encontrado para se manifestar. Segundo assessores, ele está em viagem para o interior do Estado.
As exonerações pegaram servidores de surpresa. Por outro lado, emedebistas que ainda estão lotados em cargos do governo de Minas temem por uma demissão já na próxima segunda-feira.
Com o indicativo agora de que o impeachment irá avançar, Pimentel e líderes do governo passaram a manhã fazendo ligações deputados e tentando minimizar o caso, e, claro, reforçando o pedido de apoio.
O MDB tem 13 deputados na ALMG, enquanto a relação do governo com outros parlamentares da base não está anda nada boa, já que emendas estão atrasadas e eles têm sido diariamente cobrados por prefeitos e servidores por conta de ações do governo.
"Adalclever perdeu espaço no MDB e endoidou. Ele não tem mais como negociar com o PT, por causa da rasteira interna que levou, e agora resolveu abrir ofensiva contra Pimentel. Ele que tanto queria derrubar a Dilma da vaga de senadora agora vai ficar sem espaço. Ele abriu guerra contra o PT e vai ter que aguentar agora", disse um cacique petista.
A conversa entre petistas é de que os deputados emedebistas que defendiam a manutenção da aliança com o governador Fernando Pimentel (PT) "dormiram no ponto" e, com isso, levaram rasteira do presidente do MDB no Estado e vice-governador, Antônio Andrade. Por isso, o PT já tinha dado as conversas com o MDB praticamente como encerradas.
Conforme a apuração, Andrade somente teria registrado as comissões provisórias do Estado dele. Esse ato reflete diretamente nas convenções do MDB. "Eles (da ala petista) dormiram no ponto e estão desesperados. Ele não registraram as comissões deles e assim os que vão votar nas convenções são delegados do Toninho, que vão fazer o que ele mandar, e vai ser se unir ao PSDB", disse um interlocutor.
No dia 1° de maio, MDB realizou prévias e definiu que vai ter candidato próprio ao governo de Minas neste ano. A tese era defendida ferrenhamente por Andrade, que está rompido com Pimentel desde 2016. O vice-governador lançou sua pré-candidatura ao Estado, mas nos bastidores é dito que no fim ele deve compor com o PSDB, que tem como nome para corrida ao Palácio da Liberdade o senador Antonio Anastasia, ou com o DEM, que tem como pré-candidato o deputado federal Rodrigo Pacheco. Esse último é mais próximo de Andrade.