Empresa dona do veículo afirma que se sentiu lesada por problemas no motor e turbina do veículo, cujo conserto começou ainda na garantia
Um carro foi içado na manhã desta quinta-feira por um guindaste e permaneceu pendurado por algumas horas em frente à concessionária Carbel Japão, na Avenida Antônio Carlos, região da Pampulha.
Na parte de baixo do veículo, havia uma faixa anexada com a frase "Não compre Nissan! Fomos enganados!". Trata-se de um protesto ordenado pelos donos da locadora de automóveis Locamix, que se sentiram lesados por defeitos não resolvidos no carro, cujo conserto começou ainda dentro do prazo de garantia.
De acordo com a Locamix, o Nissan Frontier, modelo SL 2.5 4x4, ano 2015, foi comprado por mais de R$ 98 mil e o orçamento para o conserto ficou em mais de R$ 82 mil.
Fernanda Santos, coordenadora administrativa da locadora, afirma que o veículo foi comprado 0km em fevereiro de 2017 e submetido a “todas as revisões e ao calendário apontado pela Carbel”, mas teve problemas no motor duas vezes.
Há duas semanas, de acordo com a Locamix, o veículo, que agora marca 40 mil Km rodados, apresentou o mesmo problema e a concessionária negou a garantia alegando “uso severo”. Um orçamento de valor superior a R$82 mil foi apresentado ao cliente, que não autorizou o serviço.
Às 9h da manhã, a polícia militar foi acionada pela BHTrans e o veículo foi retirado, de acordo com a Locamix, para “não prejudicar ninguém, nem o trânsito”.
A representante da locadora afirma que um processo contra a concessionária já está em andamento e que o carro em questão era utilizado pelos donos da Locamix, não integrava a frota de locação.
Procurada, a Carbel Japão ainda não se pronunciou. Assim que isso acontecer, a reportagem será atualizada.
Legislação
A advogada Eliane Figueiredo, que atuou por 30 anos com defesa do consumidor, explica que a alegação de “uso severo” é imprecisa. “Analisando a situação, parece que está acontecendo o que o código de defesa do consumidor chama de ‘vício’. Isso quer dizer que o mesmo defeito volta a acontecer, seja rapidamente ou um tempo depois”, aponta.
De acordo com a especialista, nessa situação é responsabilidade da empresa arcar com o conserto, ou até mesmo com a substituição do veículo. “A concessionária tem que provar o uso severo, até lá o cliente está com a razão. Se o defeito apresentado é o mesmo que já foi diagnosticado anteriormente, não há uso severo”.
Eliane explica, ainda, que o “uso severo” é categorizado como “forçar o limite” do veículo. Ela cita situações como utilizar um carro construído para o asfalto em estradas de terra exaustivamente, ou o utilizar para rachas.
*Estagiário sob supervisão do editor Benny Cohen