Empresa prevê que operações, paradas desde março, sejam retomadas até o fim deste ano
Desde os dois vazamentos que aconteceram no mineroduto da Anglo American em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata mineira, há sete meses, a produção está parada e o empreendimento está passando por uma inspeção aos longo dos 529 km de Conceição do Mato Dentro, na região Central de Minas, até o porto do Açu, no Rio de Janeiro. A previsão é retomar as operações, paradas desde março, ainda neste ano. Os resultados, que vão orientar a reativação, devem ficar prontos no fim deste mês, mas a empresa já adianta que está colocando em prática um plano preventivo. “Decidimos trocar 4 km de tubos na mesma região onde aconteceram os vazamentos”, destaca o diretor de assuntos corporativos da Anglo, Ivan Simões Filho.
Os vazamentos dos dias 12 e 29 de março deste ano aconteceram perto da estação de bombeamento, uma zona onde normalmente a pressão é maior. “A pressão de operação é muito abaixo do limite permitido, mas, como já sabemos que a probabilidade é mais alta, independentemente do resultado do relatório, já vamos trocar preventivamente. Não é questão operacional, é por segurança mesmo”, afirma.
A mineradora já conseguiu a licença para instalar os novos dutos junto ao Ibama. Os trabalhos estão avançados e devem ficar prontos junto com o relatório, segundo o diretor da empresa. Ele diz que, ao que tudo indica, o problema foi de fabricação dos tubos. Entretanto, até que as causas sejam esclarecidas, prefere não falar sobre fornecedores. Técnicos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo estão investigando.
O prejuízo da Anglo com a paralisação das operações é estimado entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões, ou seja, entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. Na vistoria, foram usados PIGs (sigla em inglês para ferramenta de investigação de dutos) fabricados sob medida. Os equipamentos, que vieram da Alemanha, têm sensores capazes de indicar indícios de amassamentos, corrosão ou fissuras na tubulação.
A estimativa do prejuízo inclui gastos como a manutenção do mineroduto, perdas na produção e plano de suspensão dos contratos de trabalho por cinco meses. Dos 3.300 empregados, cerca de 600 estão em layoff, mecanismo pelo qual o governo federal subsidia parte do salário, limitada ao teto de R$ 1.667,74, desde que façam treinamentos. Os recursos são do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A Anglo está complementando os valores para garantir que todos recebam 100% do salários. “Também implantamos o programa Lótus, com atividades de gestão financeira, esportiva e de voluntariado, para ajudar a preencher o tempo desses funcionários”, explica Filho.
Licença para mina deve sair em 2018
O acidente com o mineroduto parou a produção de minério de ferro, mas não interrompeu o projeto de expansão da mina, localizada em Conceição do Mato Dentro, na região Central. “Nossa expectativa é receber a Licença de Operação (LO) até o fim deste ano”, afirma o diretor de assuntos corporativos da mineradora, Ivan Simões Filho. A operação deve começar em 2019.
A ampliação da mina vai aumentar a capacidade anual de produção de 16,8 milhões de toneladas para 26,5 milhões de toneladas. Os investimentos são da ordem de R$ 1 bilhão, quase o mesmo que a empresa está gastando com os impactos dos vazamentos. Por causa do acidente, que paralisou as operações, a Anglo, que exporta toda a produção, deixará de produzir cerca de 13 milhões de toneladas em 2018.