Uma perda R$ 7,95 bilhões para a indústria e economia mineira e de R$ 491 milhões na arrecadação do Estado. A siderurgia mineira está abafando os altos fornos e, no setor de laticínios, 80% da produção de leite diária é descartada. Os bancos já estão “travando” o crédito e o nível de inadimplência está nas alturas. Esse é o balanço da greve dos caminhoneiros para o setor produtivo, segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe. A perda leva em conta insumos desperdiçados e a produção paralisadas em várias plantas.
Ontem, após reunião com representantes de 139 sindicatos patronais, a entidade divulgou a carta “Vai faltar pão! Estamos na iminência do caos”, na qual exige a desobstrução das estradas e a normalização do transporte de carga, para o restabelecimento das linhas de produção do setor e o abastecimento da sociedade.
“Entendemos as razões que geraram a mobilização dos caminhoneiros, mas é preciso haver juízo no processo. É preciso saber a hora de sair antes que eles passem de heróis a vilões”, advertiu o dirigente, cinco dias após assumir a presidência da Federação.
Flávio Roscoe disse, ainda, que a interrupção da cadeia produtiva de diversos setores é fato e que há perdas que serão irreversíveis. “Não se restabelece o fluxo da produção de um dia para o outro. Uma ave que morre é o resultado de 40 dias perdidos de produção. Um suíno corresponde a quatro ou cinco meses”, exemplificou. Ele previu, ainda, um cenário de ruptura institucional.
“O governo federal tem que tomar uma posição de força e o Estado tem que ajudar. O que está em jogo não é a arrecadação tributária, mas o tamanho do Estado que, com toda essa carga, já não se sustenta. O que devemos discutir é a redução do tamanho do Estado, o fim dos privilégios e a reforma da Previdência do setor público”, afirmou.
Segundo Roscoe, caso os desafios macroeconômicos do Brasil não sejam enfrentados de fato, corre-se o risco de greves em cascata que apenas transferirão os impostos para outra categoria. “Quem não puder fazer chantagem, vai pagar a conta”, enfatizou o dirigente.
Ele também disse que a política de preços de combustíveis baseada no dólar não é adequada para o país e que os empresários não podem ser considerados culpados pelo governo.
CDL-BH
Em nota, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) reafirmou que o movimento promovido pelos caminhoneiros é resultado da gestão pública inoperante e que a alta constante dos combustíveis e dos impostos penaliza a sociedade.
A Associação de Shoppings em Minas informou que o comércio nos malls do Estado tiveram uma “queda de 70% desde o agravamento da greve, gerando perdas irreparáveis aos lojistas e trabalhadores do segmento”.