Dois jovens mineiros foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de promoverem o grupo Estado Islâmico (EI) no Brasil. Entre os 11 brasileiros denunciados após a realização da Operação Átila, estão moradores das cidades de Monjolos, no Vale do Jequitinhonha, e de Ubá, na Zona da Mata. Ambos respondem às acusações em liberdade.
Segundo a denúncia, entre 2016 e 2017, os denunciados foram responsáveis pela promoção da organização terrorista Estado Islâmico no Brasil, por meio de publicações em redes sociais e compartilhamento de materiais via aplicativo Whatsapp e páginas do Facebook. Eles estariam ainda recrutando menores de idade para participarem de atos terroristas no país.
Com ajuda da Guarda Civil da Espanha no Brasil, foram identificados três grupos do Whatsapp intitulados “Uma bala na cabeça de todo apóstata”, “Estado do Califado Islâmico” e “Na via de Alá, vamos”. Nesses grupos, havia compartilhamento de material que mostrava atos praticados por terroristas do EI.
Monjolos
O morador de Monjolo, que usava os codinomes Youssef Adam Mohammed e Omar Abu Qassem, não poderá responder sozinho ao processo. Ele foi diagnosticado com "esquizofrenia paranoide" e, na denúncia, está determinado que a citação deverá ser feita em nome de seu “curador”.
No depoimento que deu em Brasília, com a presença da mãe, o jovem de 20 anos disse que havia conhecido o Islã em discussões na internet e em grupos do aplicativo de mensagens WhatsApp, especialmente através de um homem de 23 anos que estava preso no Complexo Penitenciário de Bangu, na região metropolitana do Rio, e se comunicava com um celular. De dentro do presídio, ele enviava vídeos de execuções e material de propaganda do EI.
O rapaz de Monjolo foi apontado como o responsável pela criação e alimentação de um blog chamado “jihadologyweb”, no qual foram encontradas diversas publicações com discursos de ódio e vingança contra órgãos do governo brasileiro. No computador e celular dele foram encontradas diversas imagens de extrema violência, como decapitações e execuções por fuzilamento, bem como vídeos de propaganda jihadista.
Já o jovem de Ubá usava o nome de Salahuddin Al Jihad nas redes sociais.
Operação Átila
As investigações começaram em novembro de 2016, após a divisão antiterrorismo da PF receber um comunicado da Guarda Civil da Espanha que informava que números de telefones brasileiros estavam em grupos do aplicativo WhatsApp suspeitos de "promover, organizar ou integrar" o EI. Alguns tinham mais de 200 participantes.
Em depoimentos à polícia, alguns investigados afirmaram que se comunicavam com simpatizantes e membros de organizações terroristas em países como Síria, Turquia, Líbia, Afeganistão e EUA. Outros envolvidos relataram conversas a respeito da organização da célula e treinamento de facções paramilitares no país, o que também consta em diálogos obtidos pela PF após a apreensão de celulares.
* Com Estadão Conteúdo