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Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, lidera o ranking de incêndios em vegetação no estado. De janeiro a agosto deste ano, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMMG) atendeu 886 ocorrências, número 19% maior do que no mesmo período do ano passado, quando houve 744.
A cidade, que tem cerca de 240 mil habitantes e é um polo regional, aparece no topo da lista desde 2019. O pico de ocorrências foi registrado em 2021, com 1.066 casos de incêndios em vegetação nos primeiros oito meses do ano. Em 2022, o número caiu para 894.
Divinópolis figura à frente de Varginha, no Sul de Minas, onde, entre janeiro e agosto deste ano, houve 643 ocorrências da mesma natureza, ou seja, cerca de 37% a menos que a cidade do Centro-Oeste. Em seguida, aparecem Sete Lagoas (616), Contagem (503) e Patos de Minas (497).
Focos de incêndio
Conforme o balanço divulgado pelo 10° Batalhão de Bombeiros Militar, a maior parte dos incêndios em vegetação ocorreu na área rural, representando 36%, seguida pela região urbana não protegida (35%). Outros 29% dos casos foram registrados em lotes vagos.
Historicamente, os meses de junho a setembro representam quase 80% das ocorrências, segundo o Corpo de Bombeiros.
Ao divulgar os dados, o Corpo de Bombeiros afirmou que essa estatística alarmante, que coloca Divinópolis na liderança em incêndios, reflete um problema ambiental que exige medidas urgentes e uma mudança significativa na cultura local.
Causas
O tempo seco é um dos fatores que contribuem para o aumento dos focos de incêndio. Contudo, apenas uma parte ínfima dos incêndios que se proliferam pelo país é iniciada por causas naturais. Um levantamento realizado pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro aponta que 1% dos incêndios é originado por raios e 99% pela ação humana.
"A maioria das causas tem origem criminosa ou intencional, por exemplo: para desmatamento, geralmente utiliza-se o fogo na limpeza e abertura de áreas para agricultura e pastagem; na renovação de áreas de pastagem consolidada; queima de lixo em áreas limítrofes entre urbanas e rurais; incêndios em beiras de rodovias e estradas; e fogueiras durante momentos de lazer (acampamentos, pescarias, entre outros)", explica o comandante do 7º Pelotão de Policiamento de Meio Ambiente de Bom Despacho, 1º Tenente Daniel Bernardes.
Esses incêndios geram prejuízos, principalmente, à flora e à fauna. "Com a morte de florestas e demais formas de vegetação, e de animais silvestres nativos, entre outros", explica. Além disso, contribuem para eventos climáticos muito mais frequentes. "Ondas de seca, enchentes e calor que atingem não somente o meio ambiente, mas, por consequência, a saúde humana", completa.
Confira alimentos que podem subir de preço por causa das queimadas
Prevenção
Com a estiagem e um ambiente propício para a propagação mais rápida do fogo, a recomendação para prevenção, conforme o comandante, é fazer e manter aceiros, ou seja, faixas onde a continuidade da vegetação é interrompida ou modificada com a finalidade de dificultar a propagação do fogo e facilitar o combate. A largura dessas faixas varia de acordo com o tipo de material combustível, a localização em relação à configuração do terreno e as condições meteorológicas esperadas na época de ocorrência de incêndios.
"Evitar atear fogo em restos de podas de árvores, não queimar resíduos sólidos, principalmente em áreas próximas à vegetação seca, não colocar fogo em lotes/terrenos urbanos, não lançar bitucas de cigarro em beiras de rodovias e estradas, entre outros", orienta.
Mais de 90% das cidades de MG enfrentam tempo seco
Planejamento ambiental
A árvore centenária foi cortada no início desta semana, segundo a prefeitura, por estar doente e apresentar risco aos frequentadores
A posição ocupada por Divinópolis no ranking de incêndios em vegetação somou-se a outra polêmica esta semana: o corte de uma árvore centenária na Praça da Catedral, no centro da cidade. A justificativa, conforme a vice-prefeita Janete Aparecida (Avante), é de que a árvore estava doente, apresentando risco aos frequentadores do espaço.
Embora tenha justificativa, a medida foi criticada, principalmente por lideranças políticas. A principal reclamação é quanto à ausência de planejamento ambiental. Uma das críticas partiu da deputada estadual Lohanna França (PV). Em 2022, quando ainda era vereadora, ela chegou a sugerir a elaboração de um plano de arborização. Mais de dois anos depois, ela critica a baixa efetividade em ações ambientais.
"A própria estrutura da secretaria deixa isso claro. A secretaria é uma secretaria de aprovação de projetos da construção civil. O meio ambiente é um puxadinho", afirma.
Ao propor o plano de arborização, ela destacou os benefícios relacionados à estabilidade climática, conforto ambiental, melhoria da qualidade do ar, entre outros.
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Além de um planejamento ambiental mais amplo, que passe pelo cumprimento do Marco do Saneamento Básico e pelo Plano de Arborização, para a deputada, falta fiscalização que previna, por exemplo, os focos de incêndio. "Não age de forma suficiente, como os resultados provam. A fiscalização desses lotes segue ineficaz, e as consequências são óbvias: o fogo se espalha".
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Divinópolis, porém não obteve retorno até a publicação desta matéria.
*Amanda Quintiliano especial para o EM
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Divinópolis figura à frente de Varginha, no Sul de Minas, onde, entre janeiro e agosto deste ano, houve 643 ocorrências da mesma natureza, ou seja, cerca de 37% a menos que a cidade do Centro-Oeste. Em seguida, aparecem Sete Lagoas (616), Contagem (503) e Patos de Minas (497).
Focos de incêndio
Conforme o balanço divulgado pelo 10° Batalhão de Bombeiros Militar, a maior parte dos incêndios em vegetação ocorreu na área rural, representando 36%, seguida pela região urbana não protegida (35%). Outros 29% dos casos foram registrados em lotes vagos.
Historicamente, os meses de junho a setembro representam quase 80% das ocorrências, segundo o Corpo de Bombeiros.
Ao divulgar os dados, o Corpo de Bombeiros afirmou que essa estatística alarmante, que coloca Divinópolis na liderança em incêndios, reflete um problema ambiental que exige medidas urgentes e uma mudança significativa na cultura local.
Causas
O tempo seco é um dos fatores que contribuem para o aumento dos focos de incêndio. Contudo, apenas uma parte ínfima dos incêndios que se proliferam pelo país é iniciada por causas naturais. Um levantamento realizado pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro aponta que 1% dos incêndios é originado por raios e 99% pela ação humana.
"A maioria das causas tem origem criminosa ou intencional, por exemplo: para desmatamento, geralmente utiliza-se o fogo na limpeza e abertura de áreas para agricultura e pastagem; na renovação de áreas de pastagem consolidada; queima de lixo em áreas limítrofes entre urbanas e rurais; incêndios em beiras de rodovias e estradas; e fogueiras durante momentos de lazer (acampamentos, pescarias, entre outros)", explica o comandante do 7º Pelotão de Policiamento de Meio Ambiente de Bom Despacho, 1º Tenente Daniel Bernardes.
Esses incêndios geram prejuízos, principalmente, à flora e à fauna. "Com a morte de florestas e demais formas de vegetação, e de animais silvestres nativos, entre outros", explica. Além disso, contribuem para eventos climáticos muito mais frequentes. "Ondas de seca, enchentes e calor que atingem não somente o meio ambiente, mas, por consequência, a saúde humana", completa.
Confira alimentos que podem subir de preço por causa das queimadas
Prevenção
Com a estiagem e um ambiente propício para a propagação mais rápida do fogo, a recomendação para prevenção, conforme o comandante, é fazer e manter aceiros, ou seja, faixas onde a continuidade da vegetação é interrompida ou modificada com a finalidade de dificultar a propagação do fogo e facilitar o combate. A largura dessas faixas varia de acordo com o tipo de material combustível, a localização em relação à configuração do terreno e as condições meteorológicas esperadas na época de ocorrência de incêndios.
"Evitar atear fogo em restos de podas de árvores, não queimar resíduos sólidos, principalmente em áreas próximas à vegetação seca, não colocar fogo em lotes/terrenos urbanos, não lançar bitucas de cigarro em beiras de rodovias e estradas, entre outros", orienta.
Mais de 90% das cidades de MG enfrentam tempo seco
Planejamento ambiental
A árvore centenária foi cortada no início desta semana, segundo a prefeitura, por estar doente e apresentar risco aos frequentadores
A posição ocupada por Divinópolis no ranking de incêndios em vegetação somou-se a outra polêmica esta semana: o corte de uma árvore centenária na Praça da Catedral, no centro da cidade. A justificativa, conforme a vice-prefeita Janete Aparecida (Avante), é de que a árvore estava doente, apresentando risco aos frequentadores do espaço.
Embora tenha justificativa, a medida foi criticada, principalmente por lideranças políticas. A principal reclamação é quanto à ausência de planejamento ambiental. Uma das críticas partiu da deputada estadual Lohanna França (PV). Em 2022, quando ainda era vereadora, ela chegou a sugerir a elaboração de um plano de arborização. Mais de dois anos depois, ela critica a baixa efetividade em ações ambientais.
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Ao propor o plano de arborização, ela destacou os benefícios relacionados à estabilidade climática, conforto ambiental, melhoria da qualidade do ar, entre outros.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
Além de um planejamento ambiental mais amplo, que passe pelo cumprimento do Marco do Saneamento Básico e pelo Plano de Arborização, para a deputada, falta fiscalização que previna, por exemplo, os focos de incêndio. "Não age de forma suficiente, como os resultados provam. A fiscalização desses lotes segue ineficaz, e as consequências são óbvias: o fogo se espalha".
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Divinópolis, porém não obteve retorno até a publicação desta matéria.
*Amanda Quintiliano especial para o EM