Caso apresentou diferentes versões: segundo o relato das denunciantes, houve ao menos três tentativas de estupro nas dependências da escola; Secretaria de Estado de Educação (SEE), por meio da diretoria do colégio, nega que situação se deu dentro da estrutura
Um homem de 26 anos foi detido sob suspeita de tentar estuprar uma adolescente de 15 anos dentro da Escola Estadual Governador Milton Campos, o Colégio Estadual Central, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Militar, pelo menos outras duas meninas disseram ter sido agredidas sexualmente pelo homem em outras ocasiões. O caso ganhou as redes sociais e gerou protestos dos estudantes, que se mobilizaram na manhã de ontem, por meio de uma assembleia, e no fim da tarde do mesmo dia, em manifestação organizada pelo Grêmio Estudantil Livre Abre Alas, vinculado à escola. O suspeito é um ex-aluno da instituição, que foi ouvido na Delegacia de Plantão de Atendimento à Mulher e liberado por falta de indícios que justificassem a prisão, segundo a Polícia Civil. Um inquérito será aberto sobre o caso.
A Polícia Militar foi chamada por volta das 16h15 de quinta-feira para atender a ocorrência. Segundo a corporação, a primeira aluna contou que, por volta das 15h30, estava dentro da escola com um grupo de colegas quando o suspeito se aproximou e começou a tocar violão. Ele disse que queria ficar com ela, mas ela recusou a abordagem. A adolescente afirmou que, após a negativa, ele tentou tocar em seus seios e beijá-la à força.Com a presença da PM na escola, outras alunas se aproximaram e disseram que o homem havia tentado beijá-las em datas anteriores. Segundo a corporação, uma das meninas disse que foi abordada em 1º de agosto. Segundo ela, o suspeito estava tocando violão na escola, se aproximou para conversar com ela e, algum tempo depois, também tentou beijá-la à força. Ele ainda teria tocado as nádegas dela. O caso teria sido presenciado por outra estudante. A última denúncia partiu de uma terceira aluna. Ela disse que chegou a se relacionar com o suspeito no dia 2, do lado de fora da instituição. De acordo com a denunciante, o suspeito a acompanhou no ônibus na volta da escola e, quando desembarcaram, ele tentou beijá-la e tocar em seus seios, sem seu consentimento.
A denúncia das alunas que foi registrada no boletim de ocorrência difere da versão apresentada pela diretoria da escola em relato dado à Secretaria de Estado de Educação (SEE), por meio Superintendência Regional de Ensino (SRE) Metropolitana A, responsável pela coordenação do Estadual Central. Segundo nota da pasta, a diretoria afirmou que “a tentativa de abuso teria ocorrido na semana passada, fora das dependências da escola”. Ainda de acordo com a SEE, a escola não citou outros crimes por parte do suspeito.
Conforme a PM, todas as vítimas disseram que o suspeito não é aluno do Estadual Central e sempre pula o muro da escola para tocar violão no intervalo. A diretoria da instituição disse à polícia que em momento algum autorizou a entrada e permanência do jovem no interior da instituição.
De acordo com a Polícia Militar, o suspeito assumiu que queria ficar com a aluna, mas nega as acusações de tentativa de estupro. Na versão apresentada, ele ainda diz que se já ficou com alguma estudante, foi com consentimento. Uma das adolescentes também foi ouvida na Delegacia de Plantão de Atendimento à Mulher. Segundo a Polícia Civil, as outras meninas não foram intimadas a comparecer à delegacia até a tarde de ontem. Caso seja interesse delas, o órgão afirma que está disposto a ouvi-las. O caso revoltou os estudantes, que ligaram para a PM na tarde de quinta-feira e foram aos corredores da escola pedir providências. Um vídeo divulgado na internet mostra o momento em que o suspeito é colocado na viatura.
OUTRA VERSÃO
Responsável por organizar a mobilização dos alunos, o Grêmio Estudantil Livre Abre Alas, vinculado aos estudantes da escola, informou que as três tentativas de estupro ocorreram na tarde de quinta-feira. Durante os atos, o suspeito estaria vestido com o uniforme da escola, segundo o coletivo. O grupo confirmou que o suspeito é ex-aluno da escola e que estava na instituição sem permissão da diretoria.
Após o episódio envolvendo as colegas, os estudantes fizeram uma manifestação na manhã de ontem. Com cartazes, eles se posicionaram no pátio e organizaram uma assembleia. “Hoje fizemos um ato do Grêmio com a escola toda. A gente se manifestou em três horários, das 7h50 às 9h30. Fizemos um processo democrático de votação e o diretor também se posicionou”, explicou o grêmio. Para compensar o horário das aulas, em um acordo com a diretoria, os estudantes fizeram apenas metade do intervalo.
De acordo com o grêmio, o número de alunos dobrou no ano passado e há poucos funcionários para atender a demanda. A entidade estudantil afirma que vários pedidos de melhorias foram feitos pela diretoria à Superintendência Regional de Ensino Metropolitana A, mas nenhum deles foi atendido. Além disso, o imóvel também está em obras e o muro instalado provisoriamente, segundo os alunos, é muito baixo.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação informou que já solicitou a contratação de mais servidores para reforçar o controle de acesso e circulação de pessoas dentro da escola, para garantir a segurança dos alunos. Segundo o texto, representantes da pasta se reuniram na manhã de ontem com professores e a direção do Estadual Central para monitorar o acompanhamento dado às estudantes envolvidas no caso. A SEE destacou que está à disposição dos pais para maiores esclarecimentos.