ASSASSINATO

 O delegado Rafael de Souza Horácio foi condenado, pelo Tribunal do Juri, a 21 anos de prisão pela morte do motorista Anderson Cândido de Melo, de 48 anos. A sentença condenatória por homicídio qualificado foi conhecida nesta quarta-feira (28 de agosto) após três dias de julgamento.

O réu também foi condenado a perda do cargo. O crime ocorreu em julho de 2022, no Viaduto Oeste, no Complexo da Lagoinha, na região central de Belo Horizonte, após uma briga de trânsito.

A decisão cabe recurso, contudo a Justiça determinou que Horácio permaneça detido na Casa de Custódia de Polícia Civil, no bairro Horto, região Leste de Belo Horizonte. Uma eventual transferência para um presídio comum só poderá ocorrer caso se confirme a perda do cargo. 

Delegado justifica o crime

Durante o interrogatório nesta quarta, Horácio justificou o crime por um suposto clima de tensão entre policiais. Ele disse que havia uma informação de que traficantes da capital planejavam um ataque geral contra instituições do Estado, o que o deixou em alerta. Estariam na mira dos criminosos, segundo ele, investigadores, promotores e juízes.  

Essa possível conspiração armada em função de uma investigação especial que estaria ocorrendo teria sido a razão para o delegado descer da viatura descaracterizada e atirar no pescoço da vítima.

O momento anterior havia sido marcado por um fechamento no trânsito e uma discussão, no Viaduto Oeste, no Complexo da Lagoinha, na região central de Belo Horizonte. Conforme o Ministério Público de Minas Gerais, a vítima estava sentada na cabine e o veículo se encontrava parado quando ela foi atingida.  

Quem é a vítima

Vizinhos de Anderson ouvidos pela reportagem contam que o reboqueiro era um trabalhador que se dedicava à família e à igreja. “Nunca teve nada errado com ele, ele era um homem evangélico que só vivia de luta”, contou uma amiga, que preferiu o anonimato.

Pai de quatro filhos (um menino e três meninas) e amoroso com todos eles, Melo era querido na vizinhança e também na comunidade da igreja. “Foi um choque (a morte) para todos. Todos os filhos moravam com ele, a mulher dele está inconsolável”, revelou uma vizinha. Um amigo dele, que também pediu anonimato, desabafou que nunca havia visto tamanha “covardia”.

“Saracura (como era conhecido Anderson) era um ótimo mecânico, um excelente profissional no ramo de reboque e um amigo sem igual. Ninguém nunca viu Saracura numa mesa de jogo, ou numa mesa de bar. Era serviço e igreja”, detalhou.

 

Fonte: otempo.com.br