A Prefeitura de Nova Lima, por meio da Defesa Civil, e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) elevou para o nível 3, o último antes do rompimento, a situação da Barragem B3/B4, na Mina de Mar Azul, da Vale. Segundo o Executivo municipal, uma reunião com a presença do coordenador-adjunto de Defesa Civil, tenente-coronel Flávio Godinho, aconteceu na noite desta quarta-feira (27), após o recebimento de laudos técnicos sobre a represa. A estrutura está situada no distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Conforme o tenente-coronel explicou em coletiva nesta noite, a empresa contratada pela Vale para fazer auditoria na barragem informou que o nível de segurança da estrutura diminuiu, ficando abaixo de 1. Dessa forma, a Defesa Civil teve que elevar o nível de alerta dabarragem. Godinho também esclareceu que todos os laudos de certificação das barragens têm validade até 31 de março e que a auditoria optou por não renovar o documento que certifica a estabilidade da barragem B3/B4.
A Vale também confirmou a elevação e informou que acionará as sirenes na zona de autossalvamento. De acordo com a mineradora, não há necessidade de novas evacuações, uma vez que a população que mora perto da estrutura já foi retirada de suas casas em fevereiro. "A população deve manter rotina normal, permanecendo atenta aos chamados de emergência", divulgou.
Desde então, a Justiça mineira bloqueou R$ 1 bilhão da Vale para "garantir eventual ressarcimento de prejuízos decorrentes da evacuação ocorrida na comunidade de São Sebastião das Águas Claras - Macacos."
Também pela decisão, a Vale deve arcar com os custos "de acolhimento, abrigamento, manutenção e alimentação da população evacuada, além da adoção de outras medidas visando garantir assistência à coletividade afetada." A companhia disse, à época, que "adotaria "as medidas cabíveis no prazo legal."
Nova Lima é a segunda cidade a abrigar uma barragem em situação iminente de rompimento. Na última sexta-feira (22), a Barragem Sul Superior, em Barão de Cocais, na Região Central do estado, teve seu status de estabilidade modificado.
Ministério Público
Em ação movida, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) alerta que o estado tem 12 represas, todas da Vale, em risco iminente. Dessas, metade está em Nova Lima: Vargem Grande, Capitão do Mato, Dique B, B3, B4 e Taquaras.
Diante de tudo isso, o MPMG pede na ação que sejam bloqueados R$ 120 milhões da Vale, R$ 10 milhões para cada barragem sob risco. Além do bloqueio, a ação solicita uma tutela de urgência, que ressalta diversas medidas a serem tomadas pela Vale.
Entre elas está a apresentação de um relatório a ser elaborado sobre a estabilidade das barragens listadas. O MP também pede um plano de ações emergenciais e a comunicação entre a Vale e os moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS) dessas represas.
Além disso, caso seja aceita pela Justiça, a ação obrigará a Vale a se abster de “lançar rejeitos ou praticar atividades que possam incrementar o risco das barragens e quaisquer outras estruturas que estejam em zona de riscou ou atenção”.