Um grupo de credores da Samarco acusa a Vale e a BHP, donas da empresa, de criar manobras usando a Fundação Renova, que paga as indenizações socioambientais devidas pela mineradora responsável pela barragem que se rompeu em Mariana (MG), em 2015. 

Segundo o Observatório da Mineração, os credores, em uma petição de 15 de junho, na 2ª Vara Empresarial de Belo Horizonte (MG), acusam a Vale e a BHP de terem feito aportes na fundação para que as reparações fossem pagas. Agora, cobram o dinheiro de volta. 

As manobras levariam a Samarco a pagar R$ 24 bilhões às duas empresas.


"Vale e BHP se utilizam da Samarco para fazer os aportes devidos à Renova, pelas quais são objetiva e solidariamente responsáveis, como se assumir tal responsabilidade fosse uma prerrogativa e não decorrência legal e constitucional", diz o texto dos credores. 

Eles destacam que as duas empresas têm o direito de cobrar da Samarco um terço dos valores que pedem. 


A Samarco está em recuperação judicial desde abril. Nos documentos legais, a Vale e a BHP aparecem como credores privilegiados, com o direito de receber antes. 

A Vale disse que tem o direito de receber os recursos. "Como acionista, [a Vale] reforça seu compromisso com a sustentabilidade da Samarco para manter a continuidade de suas operações, gerando emprego e renda. Somente dessa forma, a Samarco poderá manter seus compromissos com a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, conforme acordado no TTAC —compromisso celebrado com as autoridades competentes".

A Samarco alega que os empréstimos são legais e utilizados por diversas empresas em processo de recuperação judicial.

O grupo de credores que está questionando as manobras de Vale e BHP reúne fundos de investimentos e instituições como York, Ashmore, Canyon, Bank of America, Maple Rock, Solus, HSBC, BNY Mellon, Citigroup, Fundos CVC e Fundos BR. Juntos, eles representam 80% da dívida da Samarco.