Reconhecimento

A escritora Conceição Evaristo recebeu o título de Doutora Honoris Causa da UFMG - honraria dada a pessoas que prestaram relevantes contribuições para a ciência, a tecnologia ou a cultura. A ativista da cultura negra é uma das autoras mais influentes do movimento pós-modernista brasileiro. A iniciativa da homenagem partiu da Congregação da Faculdade de Letras (Fale)

“É um momento em que o passado e o presente se confluem, porque eu me vejo menina, eu me vejo jovem, eu me vejo com todos os sonhos que eu tive em Belo Horizonte, de onde eu tive que sair para poder fazer a minha carreira profissional. Agradeço à vida e tenho certeza que a literatura me escolheu, assim como a UFMG está me escolhendo agora para me conferir esse título”, afirma Conceição Evaristo.

Conheça a trajetória de Conceição Evaristo 

Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em 1946, em Belo Horizonte. De origem humilde, foi criada na periferia e teve a mãe como principal incentivadora do hábito da leitura. Mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 1970, onde se graduou em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e trabalhou como professora da rede pública de ensino da capital fluminense. 

A autora é mestra em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ao longo da vida, participou ativamente dos movimentos de valorização da cultura negra no Brasil. A autora estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar contos e poemas na série Cadernos negros. Escritora versátil, se destacou por cultivar a poesia, a ficção e o ensaio, tendo obras publicadas na Alemanha, na Inglaterra e nos Estados Unidos. 

Em 2003, publicou o romance Ponciá Vicêncio pela Editora Mazza. A obra ganhou destaque, sendo selecionada para o vestibular da UFMG em 2008 e em 2009. 

Em 2006, Conceição Evaristo publicou seu segundo romance, Becos da memória, em que trata, com o mesmo realismo poético presente no livro anterior, do drama da comunidade de uma favela em processo de remoção. Dois anos depois, publicou Poemas de recordação e outros movimentos, em que mantém a linha de denúncia das condições sociais.

Em 2011, a escritora lançou o volume de contos Insubmissas lágrimas de mulheres, em que trabalhou o universo das relações de gênero num contexto social marcado pelo racismo e pelo sexismo. Em 2014, publicou Olhos D’água, livro finalista do Prêmio Jabuti na categoria Contos e crônicas. Dois anos depois, lançou mais um volume de ficção, Histórias de leves enganos e parecenças.

Nos últimos anos, três de seus livros, que continuam recebendo novas edições no Brasil, foram traduzidos para o francês e publicados em Paris pela editora Anacaona.