O Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção de Minas Gerais – Iceicon-MG – atingiu 52 pontos em maio, 2,1 pontos a mais do que o verificado em abril (49,9 pontos). O resultado volta a apontar empresários mais otimistas, com indicador acima dos 50 pontos – limite entre confiança e falta de confiança. O índice chegou a atingir 62,9 pontos em fevereiro, a maior pontuação desde agosto de 2011, mas sofreu duas quedas consecutivas em seguida, acumulando recuo de 13 pontos em março e abril. O indicador foi 6 pontos superior ao de maio de 2018 e o mais elevado para o mês em sete anos. Esses dados fazem parte do Censo do Mercado Imobiliário, realizado mensalmente pela Brain Consultoria para o Sinduscon-MG.

Por outro lado, os preços de apartamentos novos na capital mineira e em Nova Lima aumentaram 4,5% nos quatro primeiros meses do ano, índice superior à inflação do período medida pelo IPCA/IBGE. A elevação no preço é justificada pelas vendas superiores aos lançamentos, reduzindo sistematicamente a oferta de unidades novas disponíveis para comercialização. De janeiro a abril, Belo Horizonte e Nova Lima comercializaram juntas 866 unidades, enquanto os lançamentos totalizaram apenas 331 unidades. A consequência desse cenário é a sistemática redução do estoque de apartamentos novos para comercialização, que, em abril, atingiu 3.225 unidades, o menor patamar da série histórica iniciada em 2016. 

De acordo com o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG, Renato Michel, as vendas nos dois municípios têm superado os lançamentos sistematicamente. O resultado é o aumento dos preços. Entretanto, o diretor admite que a situação é ainda preocupante, considerando a “aprovação do novo Plano Diretor pela Câmara Municipal. Estudos técnicos demonstram que ocorrerá aumento médio de 30% a 40% nos preços dos imóveis, dificultando a realização do sonho da casa própria para os cidadãos que querem morar em BH”. Segundo ele, a cidade, que já está perdendo empreendimentos para os municípios vizinhos, ficará mais degradada, deixando de gerar renda e emprego. “Em vez de incentivar novos lançamentos, para incrementar a oferta e, consequentemente, a redução dos preços, o que se assiste é uma tendência de movimento contrário, ou seja, desestímulo total de lançamentos imobiliários e aumento de preços. Com isso, Belo Horizonte tende a deixar de gerar riqueza para a sua população.” 

De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados divulgados pelo Ministério da Economia/Secretaria de Trabalho, de janeiro a abril, a construção civil, na capital mineira, gerou 6.771 vagas com carteira assinada, o melhor resultado entre os setores de atividade. “Num cenário de incertezas econômicas, com dificuldades de acelerar o seu processo de crescimento, como o que o país está vivendo, o ideal é incentivar cada vez mais a geração de vagas e não o contrário, como o que pode acontecer com BH. Isso é lamentável”, ressalta o vice-presidente do Sinduscon-MG. 

Em abril, foram vendidos 210 apartamentos novos nas cidades de Belo Horizonte e Nova Lima, o segundo melhor resultado observado no primeiro quadrimestre do ano. Em relação a março, quando foram comercializadas 369 unidades, a queda atingiu patamar de 43,1%. O vice-presidente do Sinduscon-MG ainda pondera: “A redução das vendas também está diretamente relacionada ao baixo patamar de lançamentos. Em abril, apenas 67 unidades foram lançadas. O excesso de burocracia e a demora para aprovação de projetos junto à Prefeitura de Belo Horizonte há muito desestimulam os novos lançamentos na cidade”. 

As regiões de Venda Nova (49 unidades), Pampulha (48 unidades) e Oeste (40 unidades) se destacaram na comercialização de imóveis em abril. Observou-se, naquele mês, que 53,8% dos apartamentos vendidos eram de padrão econômico, ou seja, tinham valor até R$ 215 mil. Apenas as regiões Centro-Sul (39 unidades) e Oeste (28 unidades) registraram lançamentos em abril/19. 

A tendência de vendas superiores aos lançamentos ganha mais força na análise dos resultados acumulados em 12 meses (maio-18/abril-19). Nesse período, o Censo do Mercado Imobiliário demonstra que foram vendidas 3.591 unidades, enquanto os lançamentos totalizaram apenas 2.096, o que fez o estoque disponível para comercialização retrair, passando de 4.714 unidades em abril/18 para 3.225 em abril/19. 

ALARMISMO 

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte esclareceu, por meio da Secretaria Municipal de Política Urbana, que “a tese de que os imóveis novos na cidade terão 'aumento médio de 30% a 40% nos preços' é um alarmismo infundado. O novo Plano Diretor aumenta a possibilidade de construir em cerca de 40% do município. Na lei vigente, o maior potencial construtivo é de 2,7 vezes a área do terreno e somente na área interna da Avenida do Contorno, e no novo Plano aumenta para até cinco vezes a área do terreno em todos os corredores principais, inclusive na Região Central”. 

Ainda segundo a nota, “a previsão do aumento da possibilidade de construção e do custo da outorga inferior ao preço do terreno, resulta, ao contrário, na possibilidade de aumento de oferta e de redução dos custos de produção e, por consequência, dos valores dos imóveis. Nas regiões com maior propensão para adensamento, por exemplo, se com o novo Plano em um lote são produzidos 20 apartamentos, em vez de 10, e o custo da outorga é inferior ao custo do terreno original, o custo do terreno para cada unidade é reduzido, e não aumentado. Ou seja: a tendência é que o preço dos imóveis seja reduzido, com aumento de sua oferta em Belo Horizonte. Somente áreas que em função do excessivo adensamento nos últimos anos, a população vem sofrendo com seus impactos terão redução da possibilidade de construir e, por consequência, pode haver valorização dos imóveis existentes nessas regiões”. 

Além disso, continua a nota, “o novo Plano traz mudanças que melhoram os procedimentos e permitirão agilizar muito a aprovação de empreendimentos imobiliários, a implantação de atividades econômicas e de imóveis particulares. Em especial, destacam-se a redução drástica das exigências e das análises exigidas pelos diversos órgãos da prefeitura e, principalmente, a ampliação das possibilidades de implantação de negócios no município. Com uma legislação mais simples, as aprovações ocorrerão de forma mais ágil”.

Saiba mais 

Expectativas do setor 

O Iceicon-MG é resultado da ponderação dos índices de condições atuais e de expectativas, que variam de zero a 100 pontos. Valores acima de 50 pontos apontam percepção de melhora na situação atual e expectativa positiva para os próximos seis meses, respectivamente. O indicador de expectativas dos empresários da construção para os próximos seis meses cresceu 2,9 pontos frente a abril (53,9 pontos), registrando 56,8 pontos em maio. As expectativas seguem positivas pelo oitavo mês seguido. Para os próximos seis meses, as perspectivas dos construtores mineiros quanto à atividade, às compras de matérias-primas e às contratações permanecem positivas, apesar de revistas para um patamar inferior. No que se refere aos novos empreendimentos e serviços, inclusive, os empresários passaram a antecipar queda, após expectativas positivas por seis meses consecutivos. As intenções de investimento também recuaram no mês. 
 
Fonte:estadodeminas.lugarcerto.com.br