A pandemia do novo coronavírus se agravou e medidas de afastamento social precisaram ser impostas para evitar piora no atendimento hospitalar que segue esgotado de pacientes. Neste domingo (28/03), Belo Horizonte teve uma manhã quase deserta em obediência ao Decreto Municipal 17.572, assinado pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), que impede o funcionamento de algumas atividades consideradas essenciais.

Supermercados, sacolões, açougues e padarias que ficam lotados de clientes num habitual domingo de manhã, fecharam as portas. A reportagem do Estado de Minas circulou por diversos pontos da capital e o que se viu foi pouca gente e pouco carro pelas ruas.

Comércio aberto, somente as farmácias, com movimento bem tímido. Com o delivery permitido na cidade, o fluxo mesmo é de entregadores que carregam mochilões nas costas em cima de bicicletas e motocicletas.

A Avenida Brasil, no Bairro Santa Efigênia, estava quase deserta. Na interditada Praça Floriano Peixoto, só se ouve o som dos pássaros.

Por outro lado

Contrariando as medidas de restrições que pedem à população para ficar em casa, a pista de caminhada da Avenida Bandeirantes registrou alguns "furões da quarentena”. O cenário foi o mesmo ao redor da Praça JK, onde nem o fechamento com grades foi capaz de impedir caminhada e atividades esportivas do lado de fora.

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Pista de caminhada da Avenida Bandeirantes neste domingo(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A. Press)

Já na Avenida dos Andradas, com a pista de cooper e atividades esportivas fechadas, praticantes usufruíram da via ao lado.

A reportagem também flagrou uma padaria comercializando produtos na Rua Euclasio, Bairro Paraíso, Região Leste de BH.

Na Avenida Contagem, no Bairro Santa Inês, Região Leste de BH, moradores da capital só precisam atravessar a rua para achar padaria e supermercado abertos, já que do outro lado é o município de Sabará, que permanece com os serviços essenciais funcionando.

Por lá o movimento é grande: muitos carros e muitas pessoas fazendo compras normalmente.

Por que fechar a cidade?
A medida é mais uma tentativa de amenizar a difícil situação no controle à doença, que tomou proporções gigantescas em março. A capital mineira contabilizou 3.145 mortes e soma mais de 138 mil casos da doença desde março do ano passado. A ocupação das UTIs está atualmente em 107,5%, enquanto 88,5% das enfermarias estão com pacientes.

Entrevista: Estevão Urbano fala sobre 1 ano de combate à COVID-19 em BH

Na visão do médico infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Estevão Urbano, a nova regra é muito importante para evitar aglomerações aos domingos. Ele afirma que, diante de uma situação de emergência, vale tentar fazer qualquer coisa para diminuir o caos da COVID-19.

“Chegamos a um cenário em que já há justificativa para tudo. Quando o colapso chega, qualquer medida é justificável. Quando se coloca tudo na balança, vemos o que é possível ser feito. Boa parte do movimento é de pessoas que trabalham nos serviços essenciais, um volume grande de pessoas que vão para hospitais, clínicas, padarias e supermercados. É difícil mexer esse volume. Muita coisa já está fechada. O objetivo é diminuir o movimento, já que as pessoas tendem a sair mais de casa no domingo”, afirma.

Atividades não essenciais já não poderiam abrir as portas desde 6 de março. Aparecem na lista lojas de roupas, bares e restaurantes (consumo no local), setor de eventos, cinemas, feiras, shoppings, clubes de lazer, clínicas de estéticas e salões de beleza, parques de diversão, feiras, escolas e academias.

O que pode funcionar

» Artigos farmacêuticos
» Combustíveis para veículos automotores
» Artigos farmacêuticos, com manipulação de fórmula
» Artigos de ótica
» Artigos médicos e ortopédicos
» Comércio de medicamentos veterinários

O que não pode funcionar

» Padarias
» Supermercados
» Casas de carnes
» Mercearias
» Lojas de material elétrico e hidráulico
» Agências bancárias
» Casas lotéricas
» Bancas de jornais
» Agências de correios e telégrafos
» Comércio de laticínios e frios
» Peixarias
» Indústrias em geral