Aproximação das férias escolares faz subir nível de alerta com uso de cerol e linha chilena para papagaios. Apenas este ano, dois motociclistas morreram e 200 mil imóveis ficaram sem luz
A proximidade das férias escolares eleva o nível de alerta com uma brincadeira que se torna a cada dia mais perigosa: a de empinar pipas e papagaios com linhas cortantes. Nos últimos nove anos, o uso do cerol ou da linha chilena, que é quatro vezes mais potente que a mistura de cola e vidro, fez com que a Grande BH registrasse pelo menos nove mortes, média de uma por ano. A última delas aconteceu em 24 de junho, em Contagem, na região metropolitana da capital. O motociclista Igor César Leal, de 38 anos, fazia a entrega de gás quando foi atingido no pescoço por uma linha chilena e morreu na hora.
Os atendimentos de vítimas também vêm aumentando durante o ano. Somente no mês passado, sete pessoas tiveram de ser socorridas no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) com cortes pelo corpo provocados por linhas de papagaio. Mas não é esse o único prejuízo provocado pelo material: neste ano, aproximadamente 200 mil pessoas já tiveram que lidar com interrupções de energia provocadas por fios cortantes. E até mesmo o helicóptero do Corpo de Bombeiros foi atingido e está fora de combate por tempo indeterminado. O prejuízo é de pelo menos R$ 15 mil aos cofres públicos.
Os ventos fortes desta época do ano são convidativos para a brincadeira, mas o risco está na prática de tornar o corte de linha de outras pipas uma espécie de competição. Com materiais cada vez mais cortantes, sejam de produção caseira, sejam industrializados, pedestres e principalmente ciclistas e motociclistas ficam expostos à ameaça e correm risco de se ferir ou até de morrer, como ocorreu com o entregador Igor Leal.
Mesmo com a prática de soltar papagaios e pipas com cerol ou linha chilena sendo crime, a estatística fatal não para de crescer. Levantamento do Estado de Minas mostra que, desde 2009, ao menos nove pessoas perderam a vida na capital mineira ou em cidades da Grande BH por causa do material cortante. Somente neste ano foram dois casos de mortes registradas. Além de Igor, outro homem morreu depois de ser atingido no pescoço em janeiro por uma linha com a mistura de cola e vidro. O motociclista José Moreira de Souza, de 44, passava pelo Anel Rodoviário, próximo à Avenida Cristiano Machado, quando foi ferido fatalmente.
Com a chegada das férias, a preocupação aumenta. Dados da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) mostram que os atendimentos a vítimas vêm aumentando desde o início deste ano. Dezesseis pessoas receberam cuidados médicos no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, de janeiro a junho. “A gente nunca pode deixar de dar o alerta. Em 2016 e 2017, tivemos uma queda gigantesca de atendimento, acredito que devido a campanhas mais ostensivas, mas agora diminuiu a ação, e por isso o número de acidentes está aumentando novamente. De janeiro a maio deste ano, tivemos atendimento de 10 pacientes vítimas de cerol ou linha chilena. Em junho já foram sete”, alerta Marcelo Lopes Ribeiro, diretor técnico e gerente assistencial do maior pronto-socorro do estado.
Segundo Ribeiro, os ferimentos provocados pelos materiais cortantes são graves. “É a lei da física. O motociclista está em uma velocidade muito rápida e, quando é atingido pela linha, sofre um corte bem profundo. Quando não mata, chega para gente em estado muito grave. É uma brincadeira que pode provocar lesões irreversíveis”, reforça. De acordo com a PM, foram registradas 120 ocorrências por uso de cerol ou linha chilena de janeiro de 2017 a maio de 2018. Neste mesmo período, há 10 registros de apreensão dos materiais.
Os atendimentos de vítimas também vêm aumentando durante o ano. Somente no mês passado, sete pessoas tiveram de ser socorridas no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS) com cortes pelo corpo provocados por linhas de papagaio. Mas não é esse o único prejuízo provocado pelo material: neste ano, aproximadamente 200 mil pessoas já tiveram que lidar com interrupções de energia provocadas por fios cortantes. E até mesmo o helicóptero do Corpo de Bombeiros foi atingido e está fora de combate por tempo indeterminado. O prejuízo é de pelo menos R$ 15 mil aos cofres públicos.
Os ventos fortes desta época do ano são convidativos para a brincadeira, mas o risco está na prática de tornar o corte de linha de outras pipas uma espécie de competição. Com materiais cada vez mais cortantes, sejam de produção caseira, sejam industrializados, pedestres e principalmente ciclistas e motociclistas ficam expostos à ameaça e correm risco de se ferir ou até de morrer, como ocorreu com o entregador Igor Leal.
Somente neste ano, duas pessoas morreram em acidentes com linhas cortantes(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Ele estava em mais um dia de trabalho entregando botijões de gás quando passou pela Rua Altino José Costa, no Bairro Retiro, em Contagem, e foi atingido no pescoço por uma linha chilena. De acordo com a Polícia Militar, o corte foi tão profundo que quase degolou o homem. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas quando a equipe médica chegou ao local a vítima já não apresentava sinais vitais. Nenhum responsável pelo material cortante foi identificado.Mesmo com a prática de soltar papagaios e pipas com cerol ou linha chilena sendo crime, a estatística fatal não para de crescer. Levantamento do Estado de Minas mostra que, desde 2009, ao menos nove pessoas perderam a vida na capital mineira ou em cidades da Grande BH por causa do material cortante. Somente neste ano foram dois casos de mortes registradas. Além de Igor, outro homem morreu depois de ser atingido no pescoço em janeiro por uma linha com a mistura de cola e vidro. O motociclista José Moreira de Souza, de 44, passava pelo Anel Rodoviário, próximo à Avenida Cristiano Machado, quando foi ferido fatalmente.
Com a chegada das férias, a preocupação aumenta. Dados da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) mostram que os atendimentos a vítimas vêm aumentando desde o início deste ano. Dezesseis pessoas receberam cuidados médicos no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, de janeiro a junho. “A gente nunca pode deixar de dar o alerta. Em 2016 e 2017, tivemos uma queda gigantesca de atendimento, acredito que devido a campanhas mais ostensivas, mas agora diminuiu a ação, e por isso o número de acidentes está aumentando novamente. De janeiro a maio deste ano, tivemos atendimento de 10 pacientes vítimas de cerol ou linha chilena. Em junho já foram sete”, alerta Marcelo Lopes Ribeiro, diretor técnico e gerente assistencial do maior pronto-socorro do estado.
Segundo Ribeiro, os ferimentos provocados pelos materiais cortantes são graves. “É a lei da física. O motociclista está em uma velocidade muito rápida e, quando é atingido pela linha, sofre um corte bem profundo. Quando não mata, chega para gente em estado muito grave. É uma brincadeira que pode provocar lesões irreversíveis”, reforça. De acordo com a PM, foram registradas 120 ocorrências por uso de cerol ou linha chilena de janeiro de 2017 a maio de 2018. Neste mesmo período, há 10 registros de apreensão dos materiais.