Podem participar empresas, startups e institutos de pesquisa; estar em Minas conta pontos
Internet das coisas, assistentes que usam Inteligência Artificial (IA), robótica e demais tecnologias emergentes são o foco da Cemig, que está com edital aberto de pesquisa e desenvolvimento de R$ 40 milhões para financiar projetos ligados à indústria 4.0. A verba faz parte do investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da empresa para os próximos três anos, que soma R$ 250 milhões. A Cemig é obrigada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a investir 0,4% de sua receita em P&D.
Podem enviar projetos empresas, startups, universidades e institutos de pesquisas. Segundo o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da empresa, Thiago de Azevedo Camargo, não existe obrigação de que a instituição seja mineira, mas estar sediada em Minas conta pontos. “Estabelecemos critérios para avaliação. Dentre deles tem um importante, que é a articulação e o fomento ao ecossistema de startups e inovação do Estado. Então, isso vai ser avaliado e será contado como ponto”, diz.
Os projetos apresentados devem considerar três linhas de atuação: digitalização, descentralização e descarbonização. As propostas podem ser enviadas pelo site da Cemig até 1º de outubro, e os projetos aprovados serão divulgados no dia 19 do mesmo mês. “É um edital de pesquisa e desenvolvimento que criará protótipos e projetos-pilotos, e depois, a Cemig vai decidir o que vai implantar como parte da estrutura”, diz o professor de computação na Universidade de Harvard Virgílio Fernandes de Almeida, que prestou consultoria à Cemig para elaboração do edital.
Linhas de atuação dos projetos
Digitalização. Soluções focadas na experiência do usuário e no uso de inteligência de dados, como inteligência artificial e aprendizado de máquina.
Descarbonização. Projetos em energias renováveis e sobre a infraestrutura para atender veículos elétricos.
Descentralização. Foca em gerenciamento da geração distribuída e armazenamento de energia.
Minientrevista
Por que o investimento em indústria 4.0?
A Cemig tem um programa nacional de investimento em pesquisa e desenvolvimento que existe há anos. Avaliamos que ele tinha um grau de dispersão muito grande e deveria ter um papel mais estratégico dentro da companhia e no desenvolvimento do Estado. Fizemos um diagnóstico do setor elétrico, não só no Brasil, como no mundo, e fizemos um plano estratégico de inovação. O sistema elétrico no mundo está vivendo uma revolução enorme. Empresas de tecnologia energética investindo em painéis solares é o exemplo mais conhecido. Com esse diagnóstico, definimos três grandes eixos de atuação, que são digitalização, descentralização e descarbonização. Com base neles, identificamos o que é mais importante desenvolver para a Cemig e para a sociedade mineira. Estamos tentando ajudar o Estado e o seu sistema de inovação e tecnologia e resolver problemas que nós temos na companhia.
Empresas e instituições mineiras serão priorizadas?
Estabelecemos critérios para avaliação. Entre eles tem um importante, que é a articulação e o fomento ao ecossistema de startups e inovação do Estado. Então, isso vai ser avaliado e será contado como ponto, o que vai acontecer dentro dos critérios.
Reduzir custos é um dos objetivos do edital?
Nossa preocupação é em relação à eficiência e ao custo, o que já é feito na Cemig há muitos anos. Um dos critérios é redução de custos e os impactos sociais, econômicos e ambientais. Mas ainda não dá para estimar esse impacto.
O gerenciamento da geração distribuída também é uma prioridade?
Sim, porque a tecnologia vai ajudar a manter a integridade do sistema, que precisa ser seguro. Vai ajudar a gerenciar esse mundo mais plural de uma forma mais eficiente, colocar mais pessoas no sistema sem risco de ele cair. Uma usina de cana-de-açúcar produz uma quantidade enorme de energia, é preciso se preparar para receber.
Minientrevista
Virgílio de Almeida
Professor da Universidade de Harvard
Como as linhas de pesquisa foram definidas?
É um edital de pesquisa e desenvolvimento. Ele busca financiar solução de problemas apontando para o futuro. Tem a digitalização, que envolve a empresa como um todo, pois a sociedade já é digitalizada. Tem a descentralização, que é essa geração distribuída, mas tudo isso está interligado porque, para ter esses vários geradores distribuídos, é preciso ter um sistema elétrico interligado e controlado. E a parte da descarbonização seriam as ações de suporte a veículos elétricos.
Quem pode participar?
É financiamento para projetos de pesquisa e desenvolvimento. Podem participar empresas, universidades, institutos de pesquisa, startups e empresas de base tecnológica avançada. Uma orientação é favorecer arranjos que envolvam empresas e universidades. Pode ser uma empresa em conjunto com uma universidade, uma universidade junto com um instituto de pesquisa ou com uma startup.
Quais tecnologias da indústria 4.0 serão priorizadas?
Tem os três eixos, e em cada um temos macroações. Vamos pegar a digitalização. Dentro da experiência do usuário, novos serviços poderão ser pensados. A Cemig tem uma quantidade de dados muito grande e pode oferecer novos serviços. A ideia é usar novas tecnologias que são típicas da indústria 4.0: inteligência artificial, big data, analitics. Agora, as propostas é que vão falar como elas serão usadas. O que nós informamos são as necessidades da Cemig. Um exemplo é criar um assistente digital inteligente, que interaja com os diretores via voz. Por que isso é importante? Porque está trazendo para a Cemig aprendizado de máquina, inteligência artificial, interação via voz, isso vai ser incorporado pela Cemig.
Depois de aprovados, qual o prazo para os projetos se transformarem em realidade?
São dois anos para desenvolver os projetos. Eles também terão que entregar resultados parciais a cada parte do processo.