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Candidatos recorrem ao santinho digital, aplicativos próprios e WhatsApp

10/09/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h37 por Admin


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Lucas Simões
lsimoes@hojeemdia.com.br

A proibição de cavaletes, outdoors e pinturas em muros como forma de chamar a atenção do eleitorado deixa as ruas com menos poluição visual. Ao mesmo tempo, traz para a campanha deste ano inovações como o “santinho digital”, impulsionadas pelo tempo curto para brigar pela preferência do eleitorado e a anunciada escassez de recursos para incrementar as ações de campanha.

Em Minas, os postulantes ao governo do Estado usam o WhatsApp para “falar” a grupos no interior e aplicativos próprios de engajamento eleitoral.

Dos principais consultores de marketing eleitoral digital no país, o analista político Anderson Alves oferece consultoria a cerca de 200 políticos, especificamente para as eleições, sendo 50 somente no Estado.

Por aqui já deu palestras para PSDB, PT e o Partido Novo. Segundo Alves, o santinho digital é a opção mais procurada pelos candidatos neste pleito.
Pelo WhatsApp são enviadas informações sobre plano de governo, perfil do candidato, fotos. Plataforma de interação social também serve para a realização de enquetes.

A criação e produção dos santinhos custa de R$ 15 a R$ 20 mil, incluindo o design e a programação computacional.

Na campanha mineira, o senador Antonio Anastasia (PSDB) e o governador Fernando Pimentel (PT) confirmaram que vão usar a novidade. “Não vamos substituir o santinho físico, mas o digital terá presença porque provou ter poder e temos que nos adaptar. Tem eleitores que só conseguimos atingir na internet e o santinho digital agrega muita informação, é como se fosse um guia do candidato no celular”, diz Helvécio Magalhães, coordenador da campanha de Pimentel.

Ao Vivo
Outra prova de que o foco de investimentos está nas mídias digitais é a Live Simultânea Compartilhada, que permite a transmissão ao mesmo tempo de um mesmo vídeo em milhares de páginas no Facebook —cada página compartilhada tem custo de R$ 5, então, se um candidato escolher 5 mil páginas para transmitir um conteúdo, desembolsará R$ 25 mil por uma transmissão.

Essa tecnologia foi usada pelo ex-presidente Lula durante o julgamento em Curitiba, diante do juiz Sérgio Moro, com 200 contas compartilhando o vídeo, gerando 150 mil interações e a audiência de 190 milhões de usuários.

“O poder dessa Live chegou a ser comparado à televisão, que consegue 96% da população de 207 milhões de brasileiros”, diz Alves.
O consultor de marketing eleitoral preferiu não revelar quais candidatos mineiros vão usar a tecnologia neste pleito. “Tive várias procuras, mas como é um investimento alto, os candidatos têm direito a sigilo”, completou Alves.

Rede
Em outras frentes digitais, os políticos mineiros têm recorrido à criatividade. Para chegar ao interior do Estado com mais agilidade, o tucano Anastasia conta com uma dezena de grupos no WhatsApp organizados com eleitores, principalmente no Sul e Norte de Minas, além de uma lista de transmissão com 4 mil eleitores, segundo a assessoria do tucano.

“O Anastasia entendeu que a internet é prioridade. Por dia, esses grupos circulam mais de 10 mil mensagens. Daqui a pouco será a televisão do futuro”, avalia o deputado estadual João Vítor Xavier (PSDB), figura próxima ao senador.

Staff
Também com a ideia de comparar as redes sociais à televisão, Pimentel conta com uma equipe própria para gravar vídeos.

“A aposta do governador é para ‘viralizar’ com as críticas que tem que ser feitas a adversários e com as propostas dele. Como ele tem pouco tempo pela agenda de governador, tem gravado do carro, nos intervalos do expediente, como dá”, disse Helvécio Magalhães.

Apps personalizados diversificam engajamento do eleitorado

Para além dos recursos digitais explorados pela maioria dos candidatos, outro nicho que vem ganhando força nas eleições são os aplicativos personalizados. O Partido Novo foi o primeiro a lançar um app próprio neste ano, o Novo Mob, com a intenção de aumentar o engajamento do eleitorado.

Focado na internet, diante aos tímidos seis segundos que terá na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, o empresário Romeu Zema (Novo) avalia o aplicativo do partido como uma forte alternativa à campanha tradicional. “No aplicativo, o eleitor pode ver as propostas de todos os candidatos, receber as notícias do Novo e ainda interagir, compartilhar, ser um eleitor ativo”, diz Zema. A primeira versão do app chegou a ser alvo de denúncias na Justiça Eleitoral por criar um ranking de engajamento e oferecer prêmios aos usuários mais bem colocados.

Por ferir a legislação eleitoral, o Novo alterou o aplicativo, mantendo o ranking, mas sem oferecer recompensas. Apesar disso, até a última sexta-feira, apenas 1.590 pessoas usavam a ferramenta em todo o país.

Com uma proposta mais abrangente e sem estar atrelada a um partido específico, o AppCívico aposta em duas frentes para as eleições: captação de recursos para campanhas e participação popular nos mandatos.

Dois aplicativos, Voto Legal e Apoiadores, podem ser contratados pelos políticos para pedir doações à campanha, além de oferecer serviços aos eleitores como a divulgação de recibos de gastos eleitorais e infraestrutura em computação na nuvem e mecanismo de prevenção de lavagem de dinheiro, ao publicizar ganhos e gastos em tempo real. Já com o app Mandato Aberto, os políticos podem compartilhar o mandato com os cidadãos, promovendo enquetes e pautando decisões diárias a partir das opiniões de eleitores.

“Com o AppCívico, o eleitor pode financiar a campanha, conferir gastos públicos do candidato, até opinar se um político que ele elegeu deve votar de tal forma em relação a uma questão x, por exemplo”, diz Luciano Santos, diretor do AppCívico.