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"Esse trabalho começou ainda em dezembro, antes de as informações da primeira campanha serem processadas, e esse foi o erro. É como se a pessoa fosse fazer um exame de imagem e não entregasse o resultado ao médico para análise", diz o delegado responsável pelas investigações, Luiz Augusto Pessoa Nogueira.
A empresa começou a perfurar uma área crítica da barragem cinco dias antes da ruptura. Em 25 de janeiro, quando o rompimento ocorreu, o trabalho atingiu o ponto mais frágil, a 68 metros de profundidade, o que gerou uma onda de liquefação.
"A perfuração induziu uma pressão de água de forma pontual em um ponto da barragem que era muito sensível, o que dobrou a pressão naquele ponto. Esse ponto sensível se rompeu por liquefação, que se propagou por toda a barragem. A liquefação funciona dessa forma: basta que um ponto se rompa para que o processo seja desencadeado", explica o perito criminal federal Leonardo Mesquita de Souza, responsável pelo laudo.
Segundo ele, os piezômetros, instrumentos de monitoramento instalados na barragem, não identificaram o processo de liquefação, que ocorreu de forma muito rápida. Foram 30 segundos até o rompimento da estrutura.
"Os piezômetros estavam sendo lidos de cinco em cinco minutos, e a última leitura, feita três minutos antes da ruptura, não mostrou nenhuma anomalia. Ou seja, a liquefação se processa de maneira tão rápida, que se formou 30 segundos antes da ruptura. Os instrumentos não conseguiram captar", explica o perito criminal federal Leonardo Mesquita de Souza, responsável pelo laudo.
De acordo com o perito, em uma barragem com condição de estabilidade aceitável, uma perfuração não seria suficiente para provocar o rompimento.
"Só que a condição de estabilidade dessa estrutura era marginal, abaixo da aceitável pelas normas, era um fator de segurança muito próximo da ruptura. A estrutura em si, de maneira geral, era frágil", afirma.
Em setembro de 2019, a PF indiciou sete funcionários da Vale e seis da consultora TÜV SÜD por falsidade ideológica e uso de documentos falsos. As duas empresas também foram indiciadas.
Conforme a corporação, funcionários das duas empresas celebraram contratos utilizando informações falsas contidas nos documentos de Declaração de Condição de Estabilidade (DCE), que permitiram que a barragem seguisse funcionando mesmo com critérios de segurança abaixo dos recomendados.
De acordo com a PF, a partir do laudo pericial apresentado nesta sexta-feira, novas diligências serão realizadas. As investigações continuam, e ainda não há definição sobre possíveis indiciamentos.
Hipóteses descartadas
A PF refutou outras hipóteses que buscavam explicar o gatilho da liquefação, inclusive a levantada pela Vale.
Um painel de especialistas da área de geotecnia contratado pela mineradora concluiu que o próprio peso do reservatório, em condição não drenada, gerou pequenas deformações que, em combinação com fortes chuvas, provocou o fenômeno.
"Vimos no exame da piezometria que não havia condição não drenada, a condição da barragem era drenada. Identificamos também que, anos antes, as chuvas foram bem mais severas, não houve essa condição extraordinária de chuvas em 2018", diz o perito Leonardo Mesquita de Souza.
A PF também descartou a hipótese de que uma detonação em mina próxima teria desencadeado a liquefação.
"A mina mais próxima, que era a do Feijão, estava a uma distância aproximada de 1,5 km da barragem e recebia detonações duas vezes por semana. Foi identificado que as detonações não produziam vibrações suficientes para causar uma perturbação dos rejeitos", afirma o perito.
As investigações também afastaram a possibilidade de elevação da pressão d'água interna ao maciço da barragem – a pressão, na realidade, estava diminuindo ao longo do tempo.
O que diz a Vale
Procurada para comentar a conclusão da PF, a Vale disse que "tomou conhecimento nesta sexta-feira (26) da expedição do laudo da perícia técnica da Polícia Federal sobre as possíveis causas do rompimento da Barragem I, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG)".
A empresa informou que "avaliará o inteiro teor do laudo e oportunamente se manifestará nos autos por intermédio de seu advogado David Rechulski."
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A empresa começou a perfurar uma área crítica da barragem cinco dias antes da ruptura. Em 25 de janeiro, quando o rompimento ocorreu, o trabalho atingiu o ponto mais frágil, a 68 metros de profundidade, o que gerou uma onda de liquefação.
"A perfuração induziu uma pressão de água de forma pontual em um ponto da barragem que era muito sensível, o que dobrou a pressão naquele ponto. Esse ponto sensível se rompeu por liquefação, que se propagou por toda a barragem. A liquefação funciona dessa forma: basta que um ponto se rompa para que o processo seja desencadeado", explica o perito criminal federal Leonardo Mesquita de Souza, responsável pelo laudo.
Segundo ele, os piezômetros, instrumentos de monitoramento instalados na barragem, não identificaram o processo de liquefação, que ocorreu de forma muito rápida. Foram 30 segundos até o rompimento da estrutura.
"Os piezômetros estavam sendo lidos de cinco em cinco minutos, e a última leitura, feita três minutos antes da ruptura, não mostrou nenhuma anomalia. Ou seja, a liquefação se processa de maneira tão rápida, que se formou 30 segundos antes da ruptura. Os instrumentos não conseguiram captar", explica o perito criminal federal Leonardo Mesquita de Souza, responsável pelo laudo.
De acordo com o perito, em uma barragem com condição de estabilidade aceitável, uma perfuração não seria suficiente para provocar o rompimento.
"Só que a condição de estabilidade dessa estrutura era marginal, abaixo da aceitável pelas normas, era um fator de segurança muito próximo da ruptura. A estrutura em si, de maneira geral, era frágil", afirma.
Em setembro de 2019, a PF indiciou sete funcionários da Vale e seis da consultora TÜV SÜD por falsidade ideológica e uso de documentos falsos. As duas empresas também foram indiciadas.
Conforme a corporação, funcionários das duas empresas celebraram contratos utilizando informações falsas contidas nos documentos de Declaração de Condição de Estabilidade (DCE), que permitiram que a barragem seguisse funcionando mesmo com critérios de segurança abaixo dos recomendados.
De acordo com a PF, a partir do laudo pericial apresentado nesta sexta-feira, novas diligências serão realizadas. As investigações continuam, e ainda não há definição sobre possíveis indiciamentos.
Hipóteses descartadas
A PF refutou outras hipóteses que buscavam explicar o gatilho da liquefação, inclusive a levantada pela Vale.
Um painel de especialistas da área de geotecnia contratado pela mineradora concluiu que o próprio peso do reservatório, em condição não drenada, gerou pequenas deformações que, em combinação com fortes chuvas, provocou o fenômeno.
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A PF também descartou a hipótese de que uma detonação em mina próxima teria desencadeado a liquefação.
"A mina mais próxima, que era a do Feijão, estava a uma distância aproximada de 1,5 km da barragem e recebia detonações duas vezes por semana. Foi identificado que as detonações não produziam vibrações suficientes para causar uma perturbação dos rejeitos", afirma o perito.
As investigações também afastaram a possibilidade de elevação da pressão d'água interna ao maciço da barragem – a pressão, na realidade, estava diminuindo ao longo do tempo.
O que diz a Vale
Procurada para comentar a conclusão da PF, a Vale disse que "tomou conhecimento nesta sexta-feira (26) da expedição do laudo da perícia técnica da Polícia Federal sobre as possíveis causas do rompimento da Barragem I, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG)".
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