CERVEJARIA

Após a Backer relançar o rótulo Capitão Senra nesse sábado (17), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou nota nesta segunda (19) na qual garante que a empresa pode contratar outras pessoas jurídicas para produzir cervejas.


“A medida cautelar de fechamento adotada pelo Mapa não impede a contratação de uma empresa terceira, registrada no Ministério, para a produção de suas receitas e marcas” esclareceu a pasta. 

Segundo o Mapa, no entanto, a fábrica da Backer, no Bairro Olhos D’Água, Região Oeste de Belo Horizonte, continua interditada.

“Até o momento, a empresa não atendeu as exigências feitas pelo Mapa para garantir a segurança dos produtos”, informou o órgão do governo federal.

De acordo com o ministério, o funcionamento do Templo Cervejeiro, restaurante anexo à fábrica do Olhos D’Água deve ser regulado pela Vigilância Sanitária. Contudo, o estabelecimento só pode comercializar bebidas registradas junto ao Mapa.
 
O relançamento da Capitão Senra aconteceu na sede da Backer no Oeste de BH. Houve uma festa só para convidados, com a presença de um renomado chef de cozinha.

Ainda nesta segunda, o Ministério Público esclareceu que avalia possíveis medidas contra a Backer pelo relançamento da Capitão Senra.  

"A reabertura do Templo Cervejeiro advém do respeito da Backer a todos os requisitos e condições legais de funcionamento. A empresa é a principal interessada no esclarecimento de toda e qualquer irregularidade relacionada com suas atividades e, nesse sentido, tem colaborado com o trabalho de autoridades e dos órgãos de fiscalização e controle, ao mesmo tempo que reafirmou a certificação da excelência de seus processos produtivos", informou a cervejaria por meio de nota, sem responder outras perguntas do Estado de Minas.

Indignação 

Familiares e vítimas da intoxicação por dietilenoglicol estão revoltadas. "Após a denúncia da Justiça, de que foi um crime cometido por eles, como pode acontecer um evento no próprio local onde aconteceram tais violações?", questiona Luciano Guilherme de Barros, de 57 anos, que ficou 180 dias no Hospital Mater Dei, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, sendo 65 dias no Centro de Terapia Intensiva (CTI).

"É uma afronta com as vítimas da cervejaria", acrescentou. Ele ainda sustenta que a empresa não arcou com as despesas das vítimas, alegando não ter recursos para tanto.

"Mas como pode isso, não ter dinheiro para as despesas das vítimas e, ao mesmo tempo, gastar dinheiro com a reabertura do pólo cervejeiro? Eu imagino que isso não deve ser nada barato", disse.

Luciano contou que está fazendo fisioterapia cinco vezes por semana e fonoaudiologia por três vezes.

"Sendo que a fonoaudiologia é toda custeada por mim. Aliás, além de eu ainda ter dificuldades de caminhar e os nervos da face não terem voltado totalmente, após consulta com oftalmologista, precisei usar óculos por causa das lesões que tive nos olhos e, mesmo assim, não enxergo bem e o pior, perdi parte da audição nos dois ouvidos e estou tendo que usar aparelhos contra surdez, o que foi muito caro e nada disso foi pago pela Backer", afirmou. 

Advogado

Um dos advogados das vítimas, Guilherme Leroy disse que todos enxergam a novidade com preocupação.
 
"Não pela possibilidade de reabrir e voltar a vender a cerveja,  porque isso é de responsabilidade das autoridades.  As vítimas confiam que as autoridades saberão se há qualidade ou não para que o produto seja consumido e a população vai consumir se desejar ou não", disse. 

Entretanto, a preocupação é com o comportamento da empresa, que parece estar priorizando retomar as suas atividades.
 
"As ajudas obtidas pelas vítimas, até o momento, são muito pequenas, tornando a situação delas cada vez mais preocupante. Isso porque a empresa parece se manter inerte, sem  tomar as devidas providências para tentar compensar ou responder a tudo que aconteceu e que já está comprovado", afirmou Guilherme Leroy.
 
Com informações de Larissa Ricci e Larissa Kümpel