O governo federal propôs ontem ao governador Fernando Pimentel (PT) repassar à administração estadual a gestão do metrô de Belo Horizonte e do Aeroporto do Carlos Prates. “Foi feita a proposta pelo ministro Dyogo de Oliveira (Planejamento)”, afirmou ao Hoje em Dia o vice-presidente da Câmara dos Deputados e líder da bancada mineira, Fábio Ramalho (MDB-MG).
Segundo ele, a cessão dos dois equipamentos já havia sido aventada anteriormente, mas o plano só retornou à pauta ontem, após a repercussão do corte de 42% no orçamento da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), confirmado na parte da tarde pela empresa, responsável pelas operações dos metrôs de BH, Recife, Maceió, Natal e João Pessoa.
Pela manhã, em um vídeo publicado nas redes sociais, Pimentel reagiu ao corte. Reclamou do “descaso” da União e disse que estava indo a Brasília impedir que o metrô de BH pare nos próximos meses. “Minas vai reagir. Já pedi audiência com o presidente Temer, vou falar com o prefeito Kalil, vamos juntos lá. É impraticável esse tipo de atitude com Minas Gerais”, criticou na gravação.
A assessoria do governador confirmou a ida de Pimentel à capital federal, ontem. A agenda foi uma reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), junto de outros governadores, para tratar de assuntos diversos. Não há posicionamento oficial sobre a proposta apresentada, mas assessores próximos de Pimentel avaliam como "no mínimo imprudente" a intenção da União de transferir o metrô para administração estadual depois dos cortes de orçamento e sem aporte financeiro.
Negociação
Ramalho disse que a bancada mineira se reunirá na tarde hoje para discutir a medida. O deputado mineiro afirmou à reportagem já ter conversado com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), e com o prefeito de Contagem, Alex de Freitas (PSDB), sobre a situação.
“Ainda estou aguardando uma resposta do governador”, disse.
Uma conversa com os ministros Alexandre Baldy (Cidades) e Maurício Quintella (Transportes, Portos e Aviação Civil) para tratar do assunto também deve ocorrer hoje.
Paralisação
De acordo com o Sindicato dos Metroviários, o orçamento para os trens urbanos da capital passou de R$ 103 milhões, em 2017, para R$ 57 milhões, em 2018. “Se esse orçamento não for revisto a partir do mês que vem, provavelmente os usuários vão sentir os cortes”, disse o presidente da entidade, Romeu José Machado Neto, que afirma que o contingenciamento poderá afetar limpeza, manutenção e operação.