Em entrevista exclusiva ao portal O TEMPO, Décio Geraldo dos Santos diz que população está adoecendo em meio à incerteza e cobra ajuda do Estado
 

O risco de rompimento de um talude da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região central de  Minas, entre os dias 19 e 25 de maio, deixa a população do município em estado de alerta total.

Conforme informado pela empresa Vale ao Ministério Público e a outros órgão de Estado, foi verificada uma deformação no talude norte da Cava de Gongo Soco, na Mina de Gongo Soco, passível de provocar a sua ruptura, gerando vibração capaz de ocasionar a liquefação da Barragem Sul Superior, levando ao rompimento da estrutura.

Em entrevista exclusiva ao portal O TEMPO e à rádio Super, o prefeito da cidade, Décio Geraldo dos Santos (PV), fez um desabafo e cobrou do Estado uma ação mais efetiva de ajuda ao município, além de uma visita do governador Romeu Zema (Novo).

O TEMPO - QUAL A SITUAÇÃO NESTE MOMENTO EM BARÃO DE COCAIS?

DÉCIO GERALDO DOS SANTOS -  A gente continua no nível 3, que é o nível máximo de alerta. Não sabemos o que esse rompimento do talude norte pode causar. Estamos todos apreensivos, esperando. A situação é de tensão de todas as pessoas do município.

O QUE TEM SIDO FEITO PARA PREPARAR A CIDADE PARA ESSA SIMULAÇÃO DE AMANHÃ?

A Defesa Civil do Estado está aqui nos ajudando. Estão agora de tarde pensando em toda a logística do simulado. Eu achava que o simulado deveria ser feito numa situação mais real. No sábado, às 15h, as lojas nem estarão abertas mais. Deveria ser feito com a cidade já funcionando. Falaram que podem fazer assim em outro momento.

DESDE O ALERTA DESSE POSSÍVEL ROMPIMENTO, QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA? COMO O SR. TEM ENFRENTADO?

Vou fazer um desabafo. Graças a Deus não tivemos um rompimento, não tivemos vítimas. Mas estamos em uma situação bem parecida com a de Brumadinho. A cidade está sofrendo muito. Pelo fato de a gente não ter tido rompimento, não ter tido vítimas, o poder público não olha muito pra gente. Não tivemos nem uma visita do governador aqui. Faço um apelo ao governador Zema que venha nos visitar. Precisamos de um olhar diferente para o nosso município. O que estamos vivendo aqui é muito difícil. Temos 32 mil pessoas vivendo em situações de incerteza. A cidade morreu. A gente não consegue negociar um imóvel na cidade. A própria Vale, tem que dar uma ajuda. Porque, realmente, o que a gente está vivendo é muito pesado. As pessoas estão adoecendo no município, é estresse, tive pessoas que tentaram suicídio no município já.

O ESTADO NÃO LIBEROU NENHUM RECURSO?

Nada, nada. Se o Estado pagasse ao município só o que está devendo, eu já estaria feliz. Nenhuma cidade do país está vivendo o que a gente está vivendo. A gente precisa desse olhar diferente. Temos hospital que é 100% municipal. Temos que ser tratados de uma forma diferente, pelo que a gente está vivendo.

EM CASO DE UMA SITUAÇÃO PIOR, DE ROMPIMENTO DA BARRAGEM, A POPULAÇÃO ATINGIDA DEVE SER DE 6 MIL PESSOAS DIRETAMENTE?

Diretamente, sim. Mas a cidade inteira é impactada. Quem não mora na mancha tem famílias que moram na mancha.