Um celular é tomado por bandidos a cada 15 minutos em Belo Horizonte. Somente nos dois primeiros meses deste ano, 6.396 telefones foram furtados ou roubados. Para especialistas em segurança, o aparelho é garantia de rápido retorno financeiro ao ladrão no mercado paralelo, além de abrir caminho para fraudes devido aos dados pessoais armazenados. Eles admitem a importância da população se prevenir, mas destacam que as polícias precisam atuar com mais rigor.

O número de celulares que foram parar nas mãos de criminosos em janeiro e fevereiro é ligeiramente menor do que o do mesmo período do ano passado, que teve 6,6 mil ocorrências. Os dados foram fornecidos pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). A maioria dos casos envolve o furto, com 4.479 queixas prestadas pelas vítimas – cerca de 70%.

Quem foi furtado ou roubado mas não compareceu a uma delegacia cometeu um erro. Fazer o boletim é fundamental no combate ao crime, afirma a pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da UFMG, Ludmila Ribeiro. Ela, no entanto, compreende a atitude.

“Muitas pessoas se sentem desmotivadas em denunciar por falta de resultados por parte das corporações. A população quase nunca recebe o bem de volta”.
Apesar da ligeira queda nos números, os crimes requerem atenção, conforme Ludmila Ribeiro. “Os celulares atuais contêm toda a vida do dono. Redes sociais, contatos e aplicativos de banco. É fácil de roubar e a pessoa que tem acesso pode ter um retorno imenso devido às diversas oportunidades no aparelho”.

Para a pesquisadora, são necessárias novas medidas de prevenção. “O ideal seria ter um sistema criptografado que somente o dono pudesse acessar. Os bancos têm investido cada vez mais nesse quesito. Tem que se pensar nesse bloqueio total”.

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que acompanha as ocorrências e trabalha no monitoramento, identificação e prisão dos autores de furto e roubo, além do combate a receptadores, patrulhamento e operações em toda a cidade. A corporação também deu dicas de segurança:

- Evite transportar o celular nos bolsos de trás da calça
- No momento em que receber ou for realizar uma ligação, procure o interior de um estabelecimento comercial para não ficar vulnerável
- Evite andar pelas ruas com fones nos ouvidos e o aparelho nas mãos, os infratores preferem pessoas distraídas ou que ofereçam menor resistência
- Carregue o celular na bolsa, nunca nos bolsos externos
- Evite deixar o celular em cima de mesa de bares, em cima de balcões de lojas, em carteiras de escolas, ou exposto de qualquer outra forma
- Cuidado com esbarrões. Uma das diversas táticas dos infratores é empurrar a pessoa para derrubar o celular ou encobrir a ação
- Evite a exposição desnecessária de celulares em locais de aglomeração
- Lembre-se que seu celular poderá ser alvo de assalto quando você estiver desatento

Para Ludmilla, é fundamental as pessoas se prevenirem, mas não é o mais importante. “Não é um problema da população. Vejo mais como ausência total do ponto de vista de investigação e resposta a esse tipo de delito por partes das corporações”.

Também por meio de nota, a Polícia Civil orientou as vítimas a comparecer a uma delegacia, com todas as informações possíveis, como modelo do aparelho e número do IMEI para que a investigação tenha início.

Desde 2018, a Sejusp disponibiliza uma plataforma (http://cbloc.seguranca.mg.gov.br) na qual o cidadão pode solicitar o bloqueio do celular roubado ou furtado. Segundo a secretaria, a medida impede que quem cometeu o crime possa ativar o aparelho para uso na rede de telefonia móvel.

“Além disso, este bloqueio contribui para a redução dos roubos e furtos de celulares em Minas Gerais. Com aparelhos inutilizados e sem possibilidade de ativação em nenhuma operadora, o dispositivo perde valor de mercado no mundo do crime”, informou a pasta.