Brasília - As organizações Globo, da família Marinho, rapidamente alçaram Fernando Haddad à condição de inimigo do grupo, depois que ele assumiu a candidatura pelo PT em lugar de Lula. Não está havendo apenas transferência de intenções de voto de Lula para Haddad; está havendo transferência do ódio e da perseguição dos Marinho e seus executivos-jornalistas.
O primeiro sinal foi a pseudo-entrevista de Haddad no Jornal Nacional na última sexta (14): o candidato do PT foi interrompido nada menos que 62 vezes, mais que o triplo de interrupções sofridas por Alckmin, que foi cortado 17 vezes; Bolsonaro foi o segundo mais interrompido: 36 vezes. Haddad era o entrevistado, mas os executivos-jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos falaram por 16 minutos, cabendo a Haddad, o entrevistado, meros 11 minutos.
Nesta segunda, outro ataque aberto a Haddad. Em reportagem que ocupou uma das páginas mais nobres de O Globo, a 4, procurou-se "demonstrar" como Haddad seria algo como um fantoche de Lula. "Da cadeia, Lula dá as cartas na campanha de Haddad", estampou o título. A matéria tentou criar uma ficção segundo a qual Lula, mesmo preso, teria controle sobre cada detalhe da campanha e da vida de Haddad. "Decisões feitas pelo ex-presidente vão dos locais a serem visitados até a postura em debates do candidato petista", asseverou o texto logo abaixo do título, num português mal cosido.
A reportagem tentar criar um clima de verdadeira conspiração mafiosa na relação entre Lula e Haddad, reafirmando todo o tempo que o candidato recebe ordens de seu "padrinho" diretamente da cadeira. O texto tenta criar um clima como se fosse a descrição de uma cena do clássico "The Godfather" (palavra inglesa que significa padrinho, traduzido no Brasil para "O Poderoso Chefão"), filme de 1972 dirigido por Francis Ford Coppola, baseado no livro homônimo escrito por Mario Puzo.
Não que Lula tenha deixado de ser um alvo para os Marinho. Mas agora a artilharia da organização será dividida entre ele e Haddad.