O Vaticano retirou, nesta segunda-feira (27), a referência à "psiquiatria" na declaração dada na véspera pelo papa Francisco, ao ser questionado sobre a homossexualidade, destacando que o sumo pontífice não quis abordar o tema como "uma doença psiquiátrica".
No domingo (26), em entrevista coletiva no avião que levava Francisco da Irlanda de volta para Roma, o papa argentino recomendou o recurso à psiquiatria, quando os pais observarem tendências homossexuais em seus filhos, a partir da infância.
É necessário levar em conta a idade das pessoas, explicou o papa, interrogado sobre o que diria aos pais que constatam orientações gays em seus filhos.
"Quando isso se manifesta desde a infância, há muitas coisas a fazer, pela psiquiatria, para ver como são as coisas. É uma outra coisa quando isso se manifesta depois dos 20 anos", afirmou Jorge Bergoglio.
A palavra "psiquiatria" foi retirada do "verbatim" publicado hoje pelo serviço de imprensa do Vaticano, "para não alterar o pensamento do papa", explicou à reportagem uma porta-voz do Vaticano.
"Quando o papa se refere à 'psiquiatria', é claro que ele faz isso como um exemplo que entra nas coisas diferentes que podem ser feitas", explicou a mesma fonte.
"Mas, com essa palavra, ele não tinha a intenção de dizer que se tratava de uma doença psiquiátrica, mas que talvez fosse necessário ver como são as coisas no nível psicológico", acrescentou o porta-voz.
Não é a primeira vez que o Vaticano "retoca" declarações dadas pelo papa, na tradicional coletiva que ele dá ao voltar de suas viagens ao exterior.
Segundo a agência I.Media, especializada no Vaticano, a assessoria de comunicação da Santa Sé retirou, em 2007, uma frase inteira pronunciada por Bento XVI, sobre o monsenhor Oscar Romero, arcebispo de São Salvador, assassinado em 1980: "Não duvido que ele mereça ser beatificado, mas temos de considerar o contexto"