A UNESCO alertou hoje para um eventual retrocesso de seis anos na educação devido à redução de verbas investidas por causa da crise econômica e social causada pela pandemia de covid-19. Nos próximos dois anos o investimento mundial em educação deverá diminuir cerca de 1,7 mil milhões, segundo o Relatório de Monitorização da Educação Mundial, hoje divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que aponta a crise econômica provocada pela pandemia como a grande responsável pelo desinvestimento.

 
Com dados disponíveis até 2018, o relatório estima que apenas em 2024 conseguirá voltar a atingir os valores daquele ano, que foi o mais elevado em termos de investimento em educação. 

A pandemia deverá ter um impacto mais prejudicial do que a crise financeira de 2007/2008, uma vez que a recessão vai afetar os 10 maiores doadores na área da educação. Os relatores estimam que a atual crise seja mais do que duas vezes pior do que a de 2008.

Além disso, mantendo-se a atual percentagem de Produto Interno Bruto (PIB) investido na Educação, deverá haver ainda uma redução de cerca de 262 mil milhões de euros só este ano, segundo as previsões do relatório, que apontam para um agravamento da situação nos anos seguintes.

Em contrapartida, até ao momento os Governos dos diferentes países já investiram cerca de sete bilhões em resposta à pandemia, em especial apoiando os sistemas de saúde e financeiro, segundo Manos Antoninis, responsável pelo relatório hoje divulgado.

Antoninis disse ainda que noutras crises financeiras o impacto das ajudas prolongou-se por vários anos e por isso não deve ser subestimado o "efeito de ricochete" que a atual pandemia poderá ter nos serviços sociais nos próximos anos.

"A pandemia de covid-19 está ameaçando a educação a retroceder vários anos", alertou por sua vez Andrey Azoulay, diretor-geral da UNESCO, num comunicado hoje divulgado.

"Face aos estragos provocados pela pandemia, a ajuda à educação é indiscutivelmente mais importante do que nunca. Os países vão necessitar de fundos adicionais para responder à pandemia", defendeu o diretor da UNESCO, considerando que a educação deve ser uma prioridade no que toca a apoios internacionais, mas também nas politicas de cada país.